Em meio à polarização da comissão especial do impeachment,
duas senadoras ganharam destaque nos embates entre a minoria que defende a
presidente afastada Dilma Rousseff e os que trabalham pela sua saída definitiva
do comando do país.
Com trajetórias políticas diferentes, Vanessa Grazziotin (PC
do B-AM) e Simone Tebet (PMDB-MS) têm algo em comum: a combatividade
demonstrada na forma como atuam.
Chama a atenção também a assiduidade delas às reuniões do
grupo, que costumam durar longas horas.
Para Vanessa, o protagonismo feminino pode ser uma oportunidade
em um "sistema político que exclui parcelas importantes da sociedade,
inclusive as mulheres".
"Parte importante da política ainda é dominada pela
cultura machista. Espero que [o exemplo da comissão] sirva", afirma
Vanessa, 54.
"Talvez essa tenha sido a surpresa. Acho que o
reconhecimento está vindo muito mais dos órgãos de imprensa e da sociedade do
que da Casa", diz Simone, 46.
Ainda no início de seu primeiro mandato no Senado, Simone
lidera a articulação dos parlamentares que querem concretizar o impeachment de
Dilma Rousseff.
Reuniões semanais são realizadas em seu gabinete. Com o
destaque, a peemedebista chegou a ser cotada para ser líder do governo na Casa
e no Congresso.
Filha do ex-presidente do Senado Ramez Tebet (PMDB-MS),
morto em 2006, Simone é advogada e mestre em Direito do Estado. Para ela, seus
conhecimentos técnicos podem explicar parte da atenção que recebe na comissão.
"Eu levei para a comissão um pouco do conhecimento
jurídico que eu tenho. Procurei não entrar em embate político, não descer o
nível dos discursos, mas, de forma contundente, mostrar claramente que houve
mais de um crime de responsabilidade."
Militante do PC do B há 32 anos, Vanessa, mesmo apoiando
Dilma, faz críticas à petista em relação à condução da economia e diz que sua
atuação na comissão vai além da defesa do mandato.
"Não só eu, mas todo o coletivo do partido que eu
represento, temos uma posição firme na defesa da própria democracia e do Estado
de Direito. Temos claro para nós que isso é um golpe", diz.
Embora adversárias no campo político, as duas reconhecem na
outra qualidades semelhantes.
"Vanessa tem uma atuação brilhante que faz por
ideologia, por convicção, como eu faço por convicção. Não é preciso estar do
lado certo ou errado, você só precisa acreditar no que está fazendo",
opina Simone.
"Ela teve um pai que foi senador, mas ela se impôs. A
gente percebe pelas atitudes, pelo comportamento, pela atuação dela aqui, que
ela está [na comissão] porque ela mesma tem essa convicção, ela se
coloca", diz Vanessa.
TRABALHOS
A comissão especial encerrará a fase de depoimentos nesta
quarta (29), quando terá ouvido 40 pessoas indicadas pela defesa de Dilma,
quatro apresentadas por senadores e duas testemunhas de acusação.
Já foram mais de 200 horas de trabalho e 23 reuniões, desde
26 de abril. O processo de impeachment, antes do julgamento, deve acabar em
agosto.
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