Da ISTOÉ
Bom de lábia, mas ruim de serviço, o prefeito Fernando
Haddad (PT) pode entrar para a história como o pior administrador da capital
paulista em décadas. Faltando seis meses para o término do mandato, o petista
bate recordes. Todos negativos. A gestão dele é desaprovada por sete em cada
dez paulistanos, 55% a consideram péssima e apenas 12% a avaliam como boa,
segundo pesquisa Ibope divulgada semana passada. Pudera. Haddad se mostrou, na
prática, o inverso do administrador eficiente propagado na eleição de 2012. Até
agora, 63 das suas 123 propostas de campanha não foram concluídas. Algumas
delas, como a construção de duas mil unidades habitacionais para sem-tetos,
poderiam ter evitado as cinco mortes de moradores de rua causadas pelo intenso
frio das últimas semanas. Para piorar, muitas das promessas tiradas do papel
geram controvérsias pela falta de planejamento. São os casos dos corredores de
ônibus e das mudanças de velocidade em vias públicas. Outras, como as
ciclovias, tornaram-se alvos de investigações criminais. Diante deste quadro,
não é de se estranhar que o petista apareça em quarto lugar na corrida à
reeleição, com 7% dos votos. Está atrás de Celso Russomanno (PRB) Marta Suplicy
(PMDB) e Luiza Erundina (PSOL).
Aliados tentam usar a crise que abate o PT em todo o País
para justificar a desaprovação. Mas o ponto fraco de Haddad é mesmo a gestão.
Dados da prefeitura mostram que ele não entregou metade das promessas. Na área
da saúde, concluiu apenas um dos três hospitais prometidos e duas das cinco
novas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Na educação, completou até agora
só um dos vintes Centros Educacionais Unificados (CEUs) anunciados. E o megalomaníaco
Arco do Futuro, idealizado para revolucionar a mobilidade urbana e levar
emprego para regiões populosas, só está pronto na maquete da campanha. O
petista tampouco iniciou a construção das duas mil unidades habitacionais
destinadas a sem-tetos. A queda brusca de temperatura, nas últimas semanas,
deixou claro o despreparo da gestão municipal. Não há vagas suficientes em
abrigos e o prefeito demorou a lançar um plano emergencial. Gastou tempo com
frases dignas de um discurso higienista ao defender a retirada de cobertores de
moradores de rua pela guarda civil.
Haddad erra até ao tentar implementar projetos que foram
bem-sucedidos em outros países. Foi assim com a expansão das faixas exclusivas
para o ônibus. A medida que reduz o tempo de deslocamento daqueles que utilizam
o transporte público até é aplaudida por alguns setores, mas foi feita de
maneira equivocada. Como os ônibus circulam em faixas coladas à calçada, o
acesso a estabelecimentos comerciais é inviabilizado. Um problema que poderia
ser resolvido se fossem feitas em canteiros à esquerda. Resultado: o comércio
de rua foi arruinado. Pelo visto, o prefeito do PT parte do equivocado
princípio de que o comércio da cidade se desenvolve apenas nos shoppings. Não
por acaso recebeu a alcunha de “prefeito google maps”. Afinal, basta andar pela
periferia para se constatar que o forte comércio local é o de rua.
Quando ele reduziu drasticamente a velocidade máxima de
veículos com o argumento de que reduziria o número de acidentes mais uma vez
faltou planejamento. A tese é correta, mas a gestão tinha de ir além, como
construir mais passarelas para os pedestres e investir na manutenção dos
semáforos, que param de funcionar ao menor sinal de chuva. Os investimentos se
concentram nos radares, que fizeram a indústria da multa crescer 20% nos
últimos três anos. Durante a atual gestão, o número de equipamentos que
fiscalizam o trânsito passou de 587 para mais de 900, quinze deles móveis e dez
do tipo pistola, medidas que só servem de pagadinha aos mais afoitos e em nada
educam os motoristas.
As ciclovias, outra aposta controversa, tornaram-se um
problema de Justiça. Os preços muito acima dos pagos por outras capitais
fizeram promotores desconfiarem da existência de superfaturamento. O custo
médio de cada quilômetro sai por R$ 650 mil, cinco vezes o pago por Paris. Os
valores de alguns destes projetos chamam a atenção também se comparados com os
desembolsados por administrações passadas. É o caso da ciclovia
Ceagesp-Ibirapuera, uma obra simples e plana, com apenas faixas vermelhas de
sinalização. Cada um de seus 12,4 quilômetros custou R$ 4,4 milhões aos cofres
públicos. Na gestão anterior, a mesma empresa cobrou R$ 617 mil por quilômetro.
Se depender dos promotores, o petista e sua equipe terão de devolver aos cofres
públicos a diferença.
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