Morreu nesta quarta-feira (26) o jornalista, professor e
advogado Carlos Chagas, pai da ex-ministra-chefe da Secretaria de Comunicação
Helena Chagas. Nascido em Três Pontas, em Minas Gerais, e morador de Brasília,
ele iria completar 80 anos no próximo dia 20 de maio.
Em uma rede social, a ex-ministra na gestão da ex-presidente
Dilma Rousseff informou a morte do pai. "Amigos, meu pai, jornalista
Carlos Chagas, acaba de falecer. Era a melhor pessoa que conheci nesse
mundo."
Ao G1, Helena Chagas disse que o pai sofreu um mal súbito
por volta das 6h desta quarta. "Ele já andava tendo de um ano para cá
alguns problemas circulatórios, teve esquemia sem sequelas. Hoje foi um mal
súbito. Entrou na UTI e estourou um aneurisma de aorta. Com isso, sei que ele
não sofreu."
Segundo ela, sem saber, o pai "convocou" a família
para uma última reunião ainda no hospital.
Ao descrever o pai como "muito lúcido e muito
ativo", Helena diz que a vida dele foi "muito bonita".
"Ele foi um grande jornalista. Um exemplo de seriedade,
de amor à notícia. De amor à notícia, de honestidade. Não só para mim, mas para
muitos outros alunos dele da Universidade de Brasília. Sempre com amor à
notícia, amor à verdade."
"Agora, falando como filha, posso dizer que meu coração
está despedação. Ele foi um grande pai, um pai maravilhoso e protetor. Falando
como filha, não tenho mais palavras."
Trajetória
Chagas começou a carreira de jornalista no final do anos
1950, quando ainda cursava direito na Pontifícia Universidade Católica do Rio
de Janeiro (PUC). A primeira contratação foi no jornal O Globo, em 1959.
Na década de 1960 trabalhou no palácio Guanabara, no Rio de
Janeiro, como secretário de imprensa do então governador Negrão de Lima, quem
conheceu durante coberturas jornalísticas do Partido Social Democrático (PSD).
Chagas também trabalhou no Estado de S.Paulo entre 1972 e
1988, sempre ligado a assuntos políticos. Na televisão, o jornalista foi chefe
da TV Manchete em Brasília e passou por outros três canais. A última
participação como comentarista político foi em dezembro do ano passado.
Durante a ditadura, em 1969, foi nomeado secretário de
imprensa de Costa e Silva e escreveu 20 reportagens sobre os acontecimentos
políticos da época, todas publicadas no Globo e no Estado de S.Paulo.
O jornalista Carlos Chagas, em aparição na televisão (Foto:
TV Globo/Reprodução)
A série ganhou um Prêmio Esso de Jornalismo e deu origem ao
livro “113 dias de angústia” – ambos foram censuradas pelo regime militar. Em
1995, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras.
Chagas também publicou “Resistir é preciso”, uma coletânea
de artigos escritos entre 1972 e 1974; “A guerra das estrelas”, de 1985, que
aborda as sucessões presidenciais militares; e “Revolução no Planalto”, de
1988, sobre a redemocratização.
Na carreira acadêmica, Chagas foi professor do Departamento
de Comunicação da Universidade de Brasília (UnB) durante 25 anos. Ele ingressou
em 1978 e foi titular das disciplinas “Ética e legislação nos meios de
comunicação” e “Problemas sociais e econômicos contemporâneos” na graduação e
de “Tópicos especiais” na pós-graduação.
Chagas casou-se com Enila Leite de Freire Chagas, com quem
teve duas filhas.
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