A defesa de Léo Pinheiro, sócio da OAS, protocolou novos
documentos que tentam comprovar que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
ganhou, como vantagem indevida, um tríplex em Guarujá (SP) da empreiteira.
Em anexos juntados ao processo nesta segunda (15), os
advogados acrescentaram agendas de Pinheiro em que constam marcações de
encontros com Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula, João Vaccari Neto,
ex-tesoureiro do PT, e o ex-presidente Lula.
As datas registradas no celular vão de 2009 a 2014. Na
maioria das vezes, preveem encontros com Okamotto na sede do instituto, em São
Paulo.
Os apontamentos reforçam outros documentos que já haviam
sido juntados ao processo pela defesa de Pinheiro, como registros de ligações
telefônicas para pessoas ligadas a Lula e agendas do petista em que aparecem a
previsão de encontro com o empresário.
Ainda foram entregues registros de mensagens que estavam no
celular de Pinheiro, apreendido em operação deflagrada pela força-tarefa da
Lava Jato. Em uma delas, de 22 de fevereiro de 2014, ele diz a um interlocutor
que está "voltando de SBC [São Bernardo do Campo, onde Lula mora].
Trânsito horrível no Ibirapuera".
Nesse mês, Lula esteve no tríplex com Pinheiro. O empresário
afirmou ao juiz Sergio Moro que o apartamento estava reservado para o
ex-presidente. Já Lula disse que o empresário queria vender o imóvel a ele, mas
o petista não gostou da unidade e "botou defeito".
No processo, Lula é réu sob acusação de ter recebido o
tríplex e outros benefícios da empreiteira e, em troca, a OAS conseguia
contratos com a Petrobras.
Pinheiro, que também é réu no processo, tem tentado celebrar
acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal e afirma que o
imóvel é de Lula.
O advogado do ex-presidente, Cristiano Zanin Martins, sempre
negou que ele tivesse cometido irregularidades e já disse que agendas de encontros
não provam se eles realmente ocorreram "e, sobretudo, o que poderia ter
sido discutido no suposto encontro".
Em nota sobre os novos documentos, disse que eles "nada
provam contra o ex-presidente Lula" e são "unilaterais e sem
origem". "Os papéis –mesmo sem qualquer relevância para a ação– fazem
parte da tentativa de Léo Pinheiro de agradar os procuradores em troca do
destravamento de sua delação, para que ele possa obter benefícios",
afirmou.
No mesmo dia em que Pinheiro protocolou as agendas, os advogados
de Lula juntaram ao processo documentos que mostram que a OAS usou o
apartamento como garantia para receber empréstimo. Segundo os advogados, isso
prova que o tríplex não é de Lula.
Lula e Léo Pinheiro já foram ouvidos pelo juiz Sergio Moro,
na Justiça Federal de Curitiba, e aguardam sentença. A decisão sairá depois que
os réus apresentarem suas manifestações finais, que devem ser enviadas até 20
de junho.
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