Rafael Santos, REDE Sustentabilidade
A sustentabilidade envolve quatro conceitos básicos sobre o
mundo; ecologicamente coerente, economicamente viável, socialmente justo e
culturalmente diverso. A sustentabilidade, portanto é pluridimensional, não dá
pra pensar no ambiental, sem falar em outras dimensões que envolvem esse
conceito.
Racismo é um fenômeno de valoração, é uma construção social.
Atrelada ao escravismo, o racismo se constituiu junto com o
Brasil. Aceitando ou não, o racismo constitui as relações sociais no seu padrão
de normalidade. Assim em nossa sociedade, o racismo constitui não só as ações
conscientes, mas as ações inconscientes. O racismo estrutural não é algo
anormal, mas normal no funcionamento da nossa sociedade. Como estrutura e
funcionamento da vida social.
A sociedade brasileira naturaliza a violência contra pessoas
negras. Exemplo disso é que comprovadamente no Brasil 58,86% das mulheres
negras são vítimas de violência doméstica, 53,6% das vítimas de mortalidade
materna e, entre 2003 e 2013, houve uma queda de 9,8% no total de homicídios de
mulheres brancas enquanto os assassinatos de negras aumentaram 54,2%.
Em que medida as instituições públicas e privadas reproduzem
essa logica e quais são os fatores que fazem essas manifestações serem possíveis
dentro de uma construção social como a nossa? Mulheres negras têm duas vezes
mais chances de serem assassinadas que as brancas e 65,9% já foram vítimas de
violência obstétrica.
Outro dado alarmante é que 56 mil pessoas foram assassinadas
no Brasil em 2012. Desse total, 30 mil são jovens, dos quais 77% são negros. A
maioria dos homicídios é praticada por armas de fogo e menos de 8% dos casos
chegam a ser julgados.
No plano da cidade, existe um grupamento populacional que
sofre os riscos ambientais comprovando nossa condição de racismo ambiental.
Exemplo disso é a localização dos lixões em todo território nacional. Nós, de
alguma maneira, naturalizamos a violência contra pessoas negras, gerando
efeitos desproporcionais como esses.
O racismo estrutural é um fato, não que devemos aceitar, mas
sim admitir que essa logica permeia nossa sociedade e constitui nossa relação
em sociedade. O fato de pessoas negras frequentarem certos ambientes e isso nos
causar espanto demostra o quanto naturalizamos a ausência de pessoas negras em
certos espaços. Essa dimensão do racismo quer nos mostrar que o problema está
presente na economia, politica e subjetividade.
É importante discutir e propor contornos para resolver esse
problema, afinal, se o racismo cresceu com o Brasil, ele é problema nosso e não
só da população negra. Datas como 13 de maio são importantes pelo seu valor
simbólico e pelo seu caráter “descomemorativo”. Até porque, quando falamos em
uma sociedade que ainda mantém racismo, estamos falando de uma sociedade doente.
Somente analisando e discutindo a maneira como lidamos com o
outro e tentar resolver esse problema, estaremos caminhando para uma sociedade
justa, plural e, portanto, sustentável.
Rafael Santos é membro da REDE Negra
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