Bolsonaro ainda faz cara feia, mas governo negocia cargos e
emendas
Depois de servir cafezinho no gabinete presidencial para
Romero Jucá, Gilberto Kassab e outros caciques, no início do mês, Jair
Bolsonaro tentou se explicar para seus seguidores. “Nada foi tratado sobre
cargos, nem da parte deles, nem da nossa parte. Quem falou que haveria questões
envolvendo cargos caiu do cavalo”, afirmou.
O presidente dança uma valsa meio atrapalhada em seu esforço
para conseguir apoio no Congresso. Enquanto foge do assunto e trata com ironia
a distribuição de espaços na máquina federal, seus auxiliares se esforçam para
fazer essa partilha entre potenciais aliados.
Metade dos figurões do Palácio do Planalto trabalha hoje
para destravar nomeações políticas que podem ajudar o governo a construir uma
base de apoio consistente nas votações da Câmara e do Senado —em especial na
reforma da Previdência.
Na semana das reuniões de Bolsonaro com dirigentes
partidários, o vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que era “óbvio que eles
vão ter algum tipo de participação” no governo. O ministro Santos Cruz disse
que o preenchimento de cargos por indicação política “é normal em qualquer
lugar do mundo”.
Agora, o chefe de Casa Civil prometeu aos líderes das
principais siglas do Congresso que vai distribuir postos de chefia no Banco do
Nordeste e em áreas da Caixa nos estados, além de vagas em outros órgãos, como
mostrou a coluna Painel.
Além disso, Onyx Lorenzoni avisou que cada deputado que
votar a favor das propostas do governo vai receber R$ 10 milhões por ano em
emendas parlamentares extras, além das que são obrigatórias. O presidente
continua fazendo cara feia para a velha política, mas seus auxiliares são
obrigados a fazer o trabalho sujo.
Os parlamentares até se encantam com as ofertas, já que
precisam levar obras e serviços para suas bases eleitorais, mas reagem com
desconfiança. Eles acham que, assim que for confrontado novamente, Bolsonaro
voltará a acusar os partidos de pressioná-lo por verbas e cargos.
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