BRASÍLIA — O presidente Jair Bolsonaro demitiu
nesta quinta-feira o ministro Carlos Alberto dosSantos Cruz da
Secretaria de Governo da Presidência da República. O ministro foi comunicado de
sua saída em uma reunião com o presidente, da qual também participaram os
ministros da Defesa, Fernando Azevedo e Silva , e
do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno .
Assume o cargo o general Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira, comandante
militar do Sudeste. O ministro é o
terceiro a deixar o governo em menos de seis meses de gestão.
A decisão foi atribuída a uma "falta de
alinhamento político-ideológico" e embates com outros integrantes do
próprio governo.
Santos Cruz vinha sofrendo um processo de fritura há pelo
menos dois meses. Segundo o auxiliar do presidente, Bolsonaro já tinha decidido
exonerar o general no início de maio, quando mencionou que haveria "um
tsunami". Entretanto, o presidente esperou para criar um consenso
entre a equipe que a permanência do ministro era insustentável.
Militares que integram o governo, entretanto, teriam atuado
para manter Santos Cruz no cargo. Internamente, no entanto, Bolsonaro estaria
emitindo sinais de “irritação” com a reação em grupo dos militares às críticas
de Olavo de Carvalho, que comandou os disparos contra Santos Cruz e o vice-presidente
Hamilton Mourão.
De acordo com auxiliares do presidente, Bolsonaro teria
aumentado seu descontentamento ao ver a imagem de uma conversa por Whatsapp,
supostamente escrita por Santos Cruz, na qual o ministro o chamaria de
“imbecil” e sinalizaria aprovar a “solução Mourão”.
Na época, o ministro Heleno, em uma tentativa de apaziguar,
incentivou que Santos Cruz acompanhasse o presidente em uma viagem a Dallas,
nos Estados Unidos, em meados de maio.
Há um mês, após passar o dia sob ataques nas redes sociais —
a hashtag #ForaSantosCruz se tornou um dos assuntos mais comentados do Twitter
—, Santos Cruz se reuniu com Bolsonaro. Na conversa no Palácio da Alvorada,
o ministro
teria argumentado que não se tratava de um ato espontâneo , mas que
era alvo de uma ação coordenada, com a participação dos filhos do presidente, o
chefe da Secretaria de Comunicação, Fábio Wajngarten, e assessores ligados a
Olavo de Carvalho.
Mais cedo, ao participar de audiência na Comissão de
Transparência, Governança, Fiscalização e Controle do Senado nesta
quinta-feira, Santos Cruz saiu em defesa
do ministro da Justiça, Sergio Moro, ao comentar a troca de mensagens
entre o colega e o procurador Deltan Dallagnol. Ele foi conviidado a dar
explicações sobre a veiculação de um vídeo comemorativo do golpe de 1964, por
meio de canal de mensagens do governo, a jornalistas, em 31 de março deste ano.
Oficialmente, o Planalto ainda não se manifestou.
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