Após prisão, Sara tem
canal desmonetizado e alega perda de US$ 1.800
A extremista Sara Giromini admitiu
que seu canal no Youtube foi desmonetizado após ela ser presa
pela Polícia Federal, no último dia 14. Em coletiva com jornalistas na
sexta, 26, ela afirmou que estava ‘aprendendo a ganhar dinheiro’ com a
plataforma e receberia cerca de US 1.800 (cerca de R$ 9,8 mil) pelo conteúdo
produzido em maio.
“Eu descobri nesses últimos meses que fazendo live você
ganha dinheiro dinheiro. Enquanto eu estava aprendendo a ganhar dinheiro,
tiraram a monetização. Que merda. Nesse último mês eu fechei o mês com mais ou
menos 1.800 dólares, não sei se esse dinheiro vai cair na minha conta”, afirmou
a jornalistas. Segundo Sara, sua fonte de renda principal vinha de consultoria
para políticos e palestras que fazia pelo País.
Sara foi solta na quarta, 24, mas está sendo monitorada com
tornozeleira eletrônica. Ela também está proibida de deixar a própria casa,
exceto para trabalhar ou estudar, e deverá
ficar ao menos um quilômetro distante das sedes do Supremo Tribunal Federal e
do Congresso Nacional, em Brasília.
Com mais de 242 mil inscritos, o perfil da extremista no
Youtube reproduz conteúdos pró-governo e contra lideranças de esquerda. O
canal foi alvo de requisição de informações determinada pelo ministro Alexandre
de Moraes, que ordenou ao Youtube o envio de relatórios financeiros e
pagamentos efetuados às plataformas.
Foi na plataforma que a extremista ameaçou o ministro após
ser alvo de buscas e apreensões no inquérito das ‘fake news’. Em transmissão ao
vivo, ela
afirmou que, se pudesse, iria ‘trocar socos’ com Moraes. O vídeo
atingiu 111 mil visualizações até o dia 28 de junho.
O ministro é relator de inquérito sigiloso no Supremo
Tribunal Federal que apura o financiamento de atos antidemocráticos em
Brasília. A investigação foi aberta a pedido da Procuradoria-Geral da República
(PGR), que identificou indícios de associação
criminosa que busca obter ganhos financeiros e políticos com a
‘desestabilização do regime democrático’.
A PGR identificou vários núcleos ligados à associação
criminosa, sendo eles ‘organizadores e movimentos’, ‘influenciadores digitais e
hashtags’, ‘monetização’ e ‘conexão com parlamentares’. Na avaliação da
Procuradoria, os parlamentares ajudariam na expressão e formulação de
mensagens, além de contribuir com sua propagação, visibilidade e financiamento.
“Os frequentes entrelaçamentos dos membros de cada um dos
núcleos descritos acima indiciam a potencial existência de uma rede integralmente
estruturada de comunicação virtual voltada tanto à sectarização da política
quanto à desestabilização do regime democrático para auferir ganhos econômicos
diretos e políticos indiretos”, apontou trecho da manifestação da PGR
reproduzida por Moraes, em decisão tornada pública na segunda, 22. A
Procuradoria destacou a existência de ‘abusos e crimes que precisam ser
apurados’ no caso.
O financiamento, de acordo com o vice-procurador-geral
Humberto Jacques, teria beneficiado ao menos dois canais pró-governo no
Youtube: Folha Política e Foco do Brasil. Ambos
podem ter embolsado até R$ 157 mil com transmissões dos discursos de Bolsonaro
nos protestos recentes. A arrecadação também viria de parcerias,
assinaturas, eventuais compras de produtos vendidos nos canais e anúncios pagos
por empresas e órgãos públicos.
“Com o objetivo de lucrar, estes canais, que alcançam um universo de milhões de pessoas, potencializam ao máximo a retórica da distinção amigo-inimigo, dando impulso, assim, a insurgências que acabam efetivamente se materializando na vida real, e alimentando novamente toda a cadeia de mensagens e obtenção de recursos financeiros”, diz Jacques em uma das peças do inquérito.
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