sexta-feira, 28 de agosto de 2020

AFASTADO DO CARGO

Jornal Nacional, G1
STJ afasta do cargo o governador do Rio, Wilson Witzel, por suspeita de corrupção na Saúde
O ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça, determinou o afastamento do cargo do governador do Rio, Wilson Witzel, do PSC. A Procuradoria-Geral da República investiga Witzel por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro.
Madrugada com aviões da Polícia Federal no aeroporto do Galeão e, pela segunda vez em três meses, o governador do Rio, Wilson Witzel, do PSC, acordou com agentes federais na porta de casa. Os policiais foram até o Palácio Laranjeiras para notificar o governador do afastamento de 180 dias e para cumprir um mandado de busca contra a primeira-dama, Helena Witzel.
Witzel também está proibido de entrar em prédios do estado, de se comunicar com funcionários e de utilizar os serviços do governo. As investigações do Ministério Público Federal descobriram irregularidades nas contratações emergenciais da saúde. ro por meio de pagamentos ao escritório de advocacia da primeira-dama devem cessar com o afastamento do exercício da função de governador e que assim, Witzel deixa de ter poder para liberação de recursos e contratações, em tese,s fraudulentas”.
Witzel também está proibido de entrar em prédio do Estado, de se comunicar com funcionários e de utilizar os serviços do governo. As investigações do Ministério Público Federal descobriram irregularidades nas contratações emergenciais da Saúde.
O próprio ex-secretário estadual de Saúde de Witzel delatou o esquema. Edmar Santos afirmou que o governo do Rio se dividia em três núcleos de poder. Um deles, chefiado por Everaldo Dias Pereira, o pastor Everaldo, presidente nacional do PSC, preso nesta sexta (28), e que teria influência em nomeações e contratações da Saúde.
Segundo as investigações, o segundo núcleo era ligado ao empresário Mário Peixoto, preso em maio suspeito de pagar propina em troca de contratos com o estado. Peixoto tinha influência nas secretarias de Educação e de Ciência e Tecnologia.
Já o terceiro núcleo pertenceria a José Carlos de Melo, que também foi preso nesta sexta. José Carlos atua intermediando negócios entre empresas e o Estado, com forte influência, segundo as investigações, nas contratações da Secretaria de Ciência e Tecnologia.
Os investigadores também descobriram que contratos com o escritório de advocacia da primeira-dama serviriam para ocultar o pagamento de propina ao governador. Segundo o Ministério Público Federal, em dez meses, Helena Witzel recebeu mais de R$ 500 mil por serviços nunca prestados.
O dinheiro veio de quatro empresas ligadas a fornecedores do estado que teriam sido beneficiados pelo governador. Segundo os procuradores, foi possível detectar que Wilson Witzel recebeu R$ 74 mil diretamente do escritório da esposa.
O MPF encontrou dois e-mails em que o governador ajudou a primeira-dama a preparar um dos contratos supostamente fictícios. Para os procuradores, é a prova de que Wilson Witzel participou ativamente de sua tratativa, forjando o próprio contrato, mesmo estando no cargo de governador do estado. Segundo as investigações, o único ato da primeira-dama nesse trabalho foi juntar uma procuração em seu nome.
Nesta sexta, o Ministério Público Federal fez um pronunciamento sem direito a perguntas dos jornalistas. O coordenador da Lava Jato no Rio, o procurador Eduardo El Hage, disse que o esquema criminoso chefiado pelo governador afastado se assemelha ao do ex-governador Sérgio Cabral, do PMDB.
“Os fatos são bem contemporâneos, os pagamentos se deram até 2020. E o que nos surpreendeu foi a utilização de várias tipologias que eram muito semelhantes com às do governo Cabral: utilização do escritório de advocacia para lavagem de recurso, quer dizer, inexistência da prestação de serviços, e pagamentos de vantagens indevidas. Hoje nós nos vimos como em um túnel do tempo, revendo velhos fatos que nós já havíamos investigado, mas agora com outros personagens”, afirmou Eduardo El Hage.
Cinco ex-governadores eleitos do Rio tiveram problemas com a Justiça e chegaram a ser presos. Moreira Franco foi preso em 2019, suspeito de recebimento de propina. Anthony Garotinho chegou a ser preso e já foi condenado por fraude eleitoral. A mulher dele, Rosinha Matheus, também esteve na cadeia e tem condenação por improbidade administrativa. Sérgio Cabral está preso desde novembro de 2016 e acumula uma pena de 294 anos. Luiz Fernando Pezão não terminou o mandato. Ele foi preso acusado de corrupção.
Nesta sexta, Wilson Witzel se defendeu das acusações: “Todas as medidas que eu venho tomando são absolutamente contrárias a qualquer decisão de afastamento, porque não há nenhum ato praticado por mim, ao longo desses últimos meses, que possa caracterizar que eu, em algum momento, atrapalhei investigação. Muito pelo contrário”.
A defesa da primeira-dama disse que não há nada nos autos que leve a crer que Helena Witzel tenha concorrido para atos ilícitos, que os contratos não têm nada de irregular, que os valores recebidos foram por serviços prestados, e que todas as contratações exigiam que o cliente declarasse não ter relações com o estado do Rio de Janeiro.
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