quarta-feira, 13 de outubro de 2021

O ABORRECIDO FERIADÃO DE BOLSONARO, OBRIGADO A VOLTAR AO TRABALHO

Do Blog do Noblat, Metrópoles

O presidente Jair Bolsonaro não foi curtir o feriadão no Guarujá para se aborrecer, como disse a uma jornalista que lhe pediu para que comentasse a ultrapassagem da marca dos 600 mil mortos pela Covid-19 no Brasil. Respondeu no modo falso valentão que ameaça brigar desde que protegido por sua gangue:

“Qual país não morreu gente? Qual país não morreu gente? Qual país não morreu gente? Responda! Deixa de… Olha, não vim me aborrecer aqui, por favor”.

“Isso aí”, ovacionaram bolsonaristas que ouviam a conversa. Outro bolsonarista agrediu com uma cabeçada o cinegrafista Leandro Matozo, da Globo News, na entrada do Santuário de Nossa Senhora Aparecida. E disse que o mataria se pudesse. A Polícia Militar não o prendeu, preferindo levá-lo em segurança para casa.

Bolsonaro poupou-se de outro aborrecimento, o de ouvir dom Orlando Brandes, arcebispo de Aparecida, dizer que “pátria amada” não é “pátria armada” e condenar a disseminação de notícias falsas. O arcebispo pregou na missa da manhã. Bolsonaro foi à missa da tarde. Lá, o pregador moderou suas críticas.

Salvo os capelães militares que costumam exaltá-lo, Bolsonaro tornou-se malvisto entre padres, bispos e arcebispos da Igreja Católica. Nas eleições de 2018, eles não se opuseram à sua ascensão. Igreja progressista no Brasil é coisa da época da ditadura militar de 64. O papa João Paulo II deu um jeito de extingui-la.

Mas mesmo uma igreja conservadora, como a atual, tem limites para tudo. Sob a orientação do papa Francisco, que decididamente quer distância de Bolsonaro, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil tem aumentado o tom de suas censuras a Bolsonaro e ao seu governo. A pandemia serviu para consolidar essa tendência.

João Paulo II visitou o Chile em plena ditadura do general Augusto Pinochet e deixou-se fotografar ao lado dele no Palácio de La Moneda, onde tombou o cadáver do presidente Salvador Allende deposto pelo golpe militar de 11 de setembro de 1973. Francisco não pisará no Brasil enquanto Bolsonaro for presidente.

Bolsonaro se diz católico. Casado com uma evangélica, de olho no voto evangélico, um dos seus primeiros atos de campanha foi dar um pulo no rio Jordão, em Israel, para ser batizado pelo pastor Everaldo Pereira, preso no Rio em agosto do ano passado sob a acusação de corrupção e lavagem de dinheiro durante a pandemia.

Bolsonaro foi batizado pela terceira vez por Edir Macedo, o dono da Igreja Universal e da Rede Record de Televisão. Se perdesse o apoio de parte dos evangélicos, ele simplesmente estaria fora do segundo turno da eleição do ano que vem. Mas nem por isso pode se dar ao luxo de desprezar o voto católico.

A mais recente pesquisa Datafolha mostrou que a maioria dos católicos diz pretender votar em Lula para presidente. Bolsonaro está perdendo votos entre os evangélicos que o apoiavam maciçamente. Falta menos de um ano para que se saiba se Deus é mesmo brasileiro, e se em 2018 apenas deu uma cochilada.

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