Bolsonaristas de raiz ou ingênuos, não aceitando a derrota, aguardam um possível golpe de Estado. Isso não vai acontecer, para a frustração dessas almas desesperadas. Não há clima nem força para golpes.
Lula mal começara seu discurso após confirmada a vitória, e chegavam dezenas de apoios de líderes mundiais, Biden, Macron, entre outros. Golpe é coisa séria, não é quartelaço nem voluntarismo miliciano, tampouco uma biruta de caminhoneiros . Pressupõe força e apoio externos e ambos inexistem. Aliás, internamente setores das FFAA encontram-se aliviados com o basta às patetices de Jair Bolsonaro. A imagem dos militares em geral estava sendo comprometida negativamente com tantas histrionices. E desinformação como forma de fazer política esvaziou os canais de legitimação da própria política, desintermediando tudo e todos. Nesse movimento, a ultradireita não logra formar uma organicidade duradoura. A desinformação a aliena ainda mais do mundo.
Se Bolsonaro tentar diretamente incendiar o País irá preso e não sairá mais da cadeia por longos anos. É louco de jogar pedra, mas não é burro. Os vídeos e áudios do General Heleno são cômicos, coisas de um velho caquético. Não fede nem cheira no xadrez político.
Quem não consegue dormir é o Carluxo. Até o fim do ano muda de país. Deve ir para os EUA. Está com muito medo do seu futuro. Aliás, pai e filhos. Os bolsonaros poderão, um a um, enfrentar a dona Justa. Crimes não faltam.
Mas Lula é grande e está consciente de que deve praticar o bom senso, a boa política. É um articulador, melhor, um apaziguador, por natureza. Vai esvaziar a ultradireita trazendo-a para a direita. Como? Cooptando bolsonaristas. Simples assim. Cargos, comissões, grupos de trabalho. A autoestima ampliada ajuda a redirecionar o espectro ideológico. Eichmann e tantos outros homens médios, comuns, poderiam servir em outros postos do Estado, de qualquer Estado, com a mesma dedicação e subordinação para finalidades boas com a mesma eficiência com a qual ajudaram a mandar para o forno milhões de judeus. Sistemas que odeiam as instituições liberais tendem a ser autocracias, tiranias, sujeitas a um grande pai a ser referenciado acriticamente, embora a banalidade do mal obedeça à uma duplicação, a do indivíduo que se representa autonomizado e com certa liberdade de produzir barbaridades, em nome de uma causa heroica.
Os filhos de Eichmann são normais, como diria Arendt. Médicos competentes, funcionários públicos, magistrados prudentes, engenheiros cuidadosos, empresários convictos, pais e mães exemplares. Passada a ressaca com a derrota do dia 30 de outubro de 2022, eles vão se acomodando e se adaptando à tradição da cultura democrática e ao jogo político das negociações. Nestas há um jogo de interesses, de grupos, de corporações. Um jogo no qual o estado de Direito é mais apropriado para intermediar pessoas, grupos, instituições e coisas.
A democracia é um sistema cheio de defeitos, mas o menos pior dos já experimentados pelo homem. Totalitarismos não passarão.
– Edmundo Lima de Arruda Jr
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