Lula conquistou seu terceiro mandato de presidente com a maior votação de um candidato eleito desde a redemocratização. Além da vitória folgada no Nordeste, a conquista de votos no Sudeste foi crucial para o resultado: Lula obteve, na região, quase 8 milhões de eleitores a mais que Haddad em 2018. Também houve menos abstenção nas urnas: o segundo turno teve meio milhão de eleitores a mais que o primeiro, fato inédito na história das eleições brasileiras. E os votos brancos e nulos caíram pela metade na comparação com 2018. Com dados coletados pela consultoria ASK e pelo site de jornalismo de dados Pindograma, o =igualdades desta semana detalha os resultados da eleição deste ano para presidente e governador.
Lula recebeu, no último domingo (30), a maior votação que um presidente eleito já recebeu no Brasil: 60,3 milhões de votos. O recorde se deve, em parte, ao aumento do eleitorado em relação a eleições passadas. A maior votação até então havia sido a de 2006, quando Lula obteve 58,3 milhões de votos e derrotou com folga seu adversário na época, Geraldo Alckmin. Em 2018, o presidente Jair Bolsonaro conseguiu 57,8 milhões de votos.
Embora o Nordeste seja o principal reduto do petismo, Lula não teria conseguido se eleger caso o PT não tivesse retomado terreno no Sudeste. Na comparação com o segundo turno de 2018, Lula teve na região 8 milhões de votos a mais que Fernando Haddad, então candidato a presidente. O presidente Jair Bolsonaro, por sua vez, perdeu 1,3 milhão de votos no Sudeste entre 2018 e 2022.
Entre o primeiro e segundo turno, Bolsonaro estreitou a diferença que o separava de Lula. O presidente conseguiu virar o jogo em 255 municípios, a maioria deles no Sudeste, considerado crucial pela campanha bolsonarista. No Nordeste, região que novamente deu maioria folgada para o PT, Bolsonaro conseguiu virar o jogo em apenas 5 cidades.
Pela primeira vez desde a redemocratização, o segundo turno da eleição presidencial no Brasil teve abstenção menor que o primeiro turno. O número de eleitores aumentou em 570 mil de uma votação para a outra. É o equivalente à população de Juiz Fora.
A polarização entre Lula e Bolsonaro fez com que a eleição registrasse o menor índice de votos brancos e nulos desde 1994. Apenas 4,6% dos eleitores — em números absolutos, 5,7 milhões de pessoas — não quiseram escolher nenhum candidato no segundo turno. É metade do índice registrado em 2018, quando 9,6% dos eleitores — 11,1 milhões de pessoas — preferiram o voto nulo ou branco do que escolher entre Bolsonaro e Haddad.
Diferentemente de 2018, a eleição deste ano foi de continuidade. Dos 20 governadores que se candidataram à reeleição este ano, 18 foram vitoriosos. O número leva em conta a reeleição de Eduardo Leite (PSDB-RS), que renunciou ao cargo em abril, mas depois tentou um novo mandato. Em 2018, apenas 10 dos 20 governadores que tentaram se reeleger conseguiram.
Nas eleições de 2022, o PSDB continuou a encolher. O partido, que no auge chegou a ter a maioria dos governadores eleitos no Brasil, terá a partir do ano que vem apenas três governadores, em estados que somam 24 milhões de habitantes. É um quarto do que o PSDB governava em 2003, quando 89,8 milhões de brasileiros viviam em estados administrados por tucanos.
Fontes: Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com tabulação da consultoria ASK e do site de jornalismo de dados Pindograma.
Eduardo Chaves Estagiário de jornalismo na piauí
Luigi Mazza (siga @LuigiMazzza no Twitter) Repórter da piauí
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