Partido foi atropelado pelo bolsonarismo e, desde então, nunca mais conseguiu se recuperar
Os resultados das eleições de 2024 foram a última pá de cal no enterro do PSDB. O partido já havia sofrido perdas significativas nas eleições de 2022. Em uma federação com o Cidadania desde o último pleito nacional, as siglas que, em 2018, elegeram 37 deputados federais, perderam 19 parlamentares. Considerando apenas o resultado dos tucanos, a redução foi de 29 deputados para 13.
No Senado, o partido nunca havia tido menos de 10 integrantes desde 1990. Porém, em 2018 o número caiu para 8, e, em 2022, foi reduzido pela metade. Nos anos seguintes, a migração dos senadores Alessandro Vieira (SE), Mara Gabrilli (SP) e Izalci Lucas (DF) para outras legendas, fez com que o partido passasse a ter apenas um senador, Plínio Valério (AM), constantemente assediado por outras siglas.
Além disso, também houve uma redução histórica no número de governadores. Entre 1994 e 2010 os tucanos contaram com ao menos seis governadores, hoje são apenas três. Agora, com a redução do número de prefeituras, o fim da sigla é inevitável.
Em 2008 o partido contava com 786 prefeituras, em 2012 o número oscilou para 707, e, em 2016, ano do impeachment de Dilma Rousseff, subiu para 806. Desde então, a queda foi acentuada. Em 2020 foram 535 prefeituras, e neste ano, o número caiu para 273.
No estado de São Paulo, o partido lançou 65 candidaturas para a prefeitura, na eleição passada, sob a gestão de João Doria, haviam sido 400. Nas capitais, o resultado dos tucanos não poderia ser pior.
Apesar de ter lançado sete candidatos para disputar capitais, nenhum deles chegou sequer ao segundo turno, o que não ocorria desde a fundação do partido em 1988. Na cidade de São Paulo, berço político do partido, José Luiz Datena obteve um resultado pífio, com apenas 1,84% dos votos. Além disso, o PSDB não foi capaz de eleger um único vereador na cidade.
Após abraçar o antipetismo como principal bandeira, e engrossar as fileiras daqueles que demandaram o impeachment de Dilma Rousseff, o partido foi atropelado pelo bolsonarismo. E, desde então, nunca mais conseguiu se recuperar.
Não deixa de ser uma infeliz simbologia que, após a morte de Bruno Covas, neto de um dos principais fundadores do partido, seu vice, Ricardo Nunes, tenha recebido o bolsonarismo de braços abertos.
Com a vitória de Nunes, não só o vice-prefeito da cidade será um coronel bolsonarista, como a Secretaria da Educação, hoje ocupada por um tucano, também deve cair na mão da extrema-direita. Com orçamento estimado em 22 bilhões de reais, a Secretaria da Educação não apenas possui mais recursos do que outras áreas, mas ocupa lugar de destaque na cruzada reacionária promovida pelo bolsonarismo.
Se historicamente a esquerda brasileira entrou em inúmeros conflitos com o PSDB por conta da adesão da sigla ao credo neoliberal, no campo da defesa da democracia e dos direitos humanos houve muitas convergências. Agora, o partido que foi fundado em meio à Assembleia Constituinte de 1988 como representante da modernidade contra o atraso, chega ao fim sepultado por velhos e novos atrasos.
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