Bolsonaro critica 'falsa direita' e diz que atrapalharia
democracia se vetasse fundo eleitoral
Sob ataques por ter sancionado
um fundo eleitoral de R$ 2 bilhões, o presidente Jair Bolsonaro chamou
de "falsa direita" quem o critica pela iniciativa e afirmou neste
sábado (18) que atrapalharia a democracia se
vetasse a medida.
Em evento de mobilização do Aliança
pelo Brasil, partido que pretende viabilizar, ele disse que é escravo da
legislação e que os deputados e senadores do PSL que
se posicionam contra a decisão dele falam "abobrinha".
“A esquerda bater tudo bem. A falsa direita e os isentões já
caem de pau. ‘Ele deveria vetar esse fundão’. Eu tenho de cumprir a lei”,
disse. “Nós somos escravos da lei. Eu estaria atrapalhando a democracia e o
cumprimento da lei eleitoral com o veto”, acrescentou.
Em discurso a entusiastas da nova sigla, o presidente disse
que teria argumentos para vetar um fundo eleitoral de R$ 3,8 bilhões, mas que o
valor de R$ 2 bilhões é uma proposta da Justiça Eleitoral e que ele poderia
correr o risco de ser condenado por crime
de responsabilidade caso não sancionasse.
“Se fosse R$ 3,8 bilhões, eu ia vetar. Interesse
público e tinha argumento para isso. Mas aprovou R$ 2 bilhões. A proposta veio
do TSE [Tribunal Superior Eleitoral], não foi minha. Aí vem alguns coleguinhas
eleitos do PSL falar abobrinha”, afirmou.
Ele disse ainda que o Brasil não se resume a ele e que é
necessário respeitar o Legislativo e o Judiciário. O presidente afirmou que, à
frente do Poder Executivo, é obrigado às vezes a sancionar iniciativas contra a
sua vontade.
“Nós temos de agir com inteligência. De vez em quando,
recuar. Algumas coisas eu sanciono contra a minha vontade. Outras eu veto
contra a minha vontade também”, disse.
O presidente reclamou ainda que tem sofrido muitas críticas
nas redes sociais e disse que não pode fazer nada caso alguns eleitores
bolsonaristas deixem de votar nele por causa da sanção do montante.
Na noite de sexta-feira (17), o ministro-chefe da
Secretaria-Geral, Jorge Oliveira, informou que foi sancionada integralmente a
LOA (Lei Orçamentária Anual) deste ano, incluindo os recursos para o fundão
eleitoral.
“Quem perde são os 100 milhões de brasileiros sem esgoto e
crianças sem acesso a educação. E não venham com mimimi. Votei nele no 2º
turno. Votei nele esperando algo diferente. Não votei nele pra aprovar esse absurdo”,
disse o deputado Vinicius Poit (Novo-SP) em suas redes sociais.
Para o deputado Alexandre
Frota (PSDB-SP), ex-aliado e atual desafeto do presidente, Bolsonaro
teria se aproveitado do intenso noticiário sobre o governo para autorizar o
fundão. A informação da sanção do Orçamento foi divulgada na sexta-feira (17),
perto das 23h.
“Ele aproveitou a confusão
da Secom que
é verdade, aproveitou a confusão do covarde
do [Roberto] Alvim [demitido da Cultura após vídeo com referências
nazistas] e sancionou o fundão eleitoral. Não tem coragem para agir no cara a
cara faz na calada da noite”, disse.
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