As bolsas mundiais amanheceram em colapso com os preços
do petróleo e o coronavírus. Por aqui, ações e dólar vão acompanhar o
clima, somando-se aos fatores que sustentam nossa própria crise. Pela
primeira vez, analistas reduziram a estimativa de crescimento do PIB para menos
de 2% em 2020. Já atravessamos outras crises internacionais. No passado
recente, porém, nunca tão fragilizados do ponto de vista político e
institucional.
O que acontece nessas horas? Diante da ameaça maior do
colapso que vem de fora, governos e forças políticas costumam unir esforços
contra o pior. Crises econômicas dessa dimensão obrigam os agentes políticos a
colocar de lado desavenças momentâneas em favor de uma agenda única de salvação
nacional, num pacto normalmente firmado no Congresso. Quando a situação
melhora, voltam todos a brigar.
O maior drama neste momento não é a crise dos mercados que
vem de fora e nem a crise econômica aqui dentro. É a instabilidade política que
tem como origem o próprio presidente da República, justamente o personagem que,
nessas horas, deveria ter papel agregador das forças políticas em torno do
combate à crise.
Só que aqui e agora não. Jair Bolsonaro reage aos problemas
jogando-os no colo dos outros — do Congresso, do Judiciário, da oposição.
Convoca manifestações contra as instituições, em vez de agregá-las. É incapaz
de reagir à altura do momento. O avião está caindo e temos a confirmação de que
não há piloto mesmo a bordo.
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