Quem observa o cotidiano da população já constata a redução
do movimento de pessoas e de carros nas ruas; filas nas farmácias e
supermercados. Não se trata de pânico, mas de prudência, as pessoas estão se
dando conta de que o distanciamento social é realmente necessário e começam a
se preparar para o confinamento doméstico. O medo do coronavírus é justificado,
basta olhar o que está acontecendo no mundo e prestar atenção nas entrevistas e
decisões dos governadores e prefeitos.
Ontem, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, voltou a
falar como um sanitarista experiente, em entrevista na qual dispensou a máscara
cirúrgica. Não escondia a tensão em que se encontra, diante do avanço da
epidemia. No começo da noite, já havia 635 casos confirmados no país, em 21
estados e no Distrito Federal, com transmissão comunitária em São Paulo, Rio de
Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Sergipe. Sete mortes
foram contabilizadas até ontem, cinco em São Paulo e duas no Rio, ou seja, 1,1%
dos casos confirmados.
As notícias que chegam do mundo justificam a apreensão da
população. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), eram 207.855 casos
confirmados e mais de nove mil mortes por Covid-19 em 166 países e territórios.
Em Hubei, província chinesa onde se originou o surto, ocorreram 34% das mortes,
com 3.130 óbitos, antes de a epidemia ser controlada. Entretanto, a Itália
ultrapassou a China, com 3.405 mortes pelo novo coronavírus, apesar da
população algumas vezes menor. Tecnicamente, o Brasil se encontra numa situação
em que a curva da doença ainda não se definiu, ou seja, um momento no qual há três
cenários, o pior deles é o italiano. O melhor é o cenário da Coreia do Sul, que
conseguiu controlar a letalidade da doença.
O ministro Mandetta trabalha com o modelo inglês. Como não
somos uma ilha, talvez por isso, a principal medida efetiva de distanciamento
social adotada pelo governo federal tenha sido o fechamento das fronteiras,
anunciado ontem, no caso dos países vizinhos, alguns dos quais já tinham tomado
essa decisão. Outra preocupação foi orientar os planos de saúde privados a não
descarregar nos hospitais públicos os seus segurados. Um novo protocolo de
atendimento foi anunciado: pessoas com febre, tosse ou dor de garganta e/ou
dificuldade respiratória receberão máscaras e serão encaminhadas para
isolamento respiratório.
Solidariedade
Pessoas acima de 60 anos, pacientes com doenças crônicas, imunossuprimidos, gestantes e mulheres até 45 dias após o parto terão prioridade. Todas as pessoas com mais de 60 anos deverão evitar comparecimento ao trabalho ou demais ambientes fechados; empregadores devem buscar adaptar-se a essa solicitação. A recomendação é sair de casa apenas para atividades essenciais (mercado, farmácia, serviços de saúde), que não possam ser realizadas por outra pessoa. Comunidades, vizinhos, grupos de amigos devem ajudar as pessoas com mais 60 anos a obter seus bens de primeira necessidade sem sair de casa.
Pessoas acima de 60 anos, pacientes com doenças crônicas, imunossuprimidos, gestantes e mulheres até 45 dias após o parto terão prioridade. Todas as pessoas com mais de 60 anos deverão evitar comparecimento ao trabalho ou demais ambientes fechados; empregadores devem buscar adaptar-se a essa solicitação. A recomendação é sair de casa apenas para atividades essenciais (mercado, farmácia, serviços de saúde), que não possam ser realizadas por outra pessoa. Comunidades, vizinhos, grupos de amigos devem ajudar as pessoas com mais 60 anos a obter seus bens de primeira necessidade sem sair de casa.
O coronavírus está provocando a reorganização do trabalho,
em razão das medidas de distanciamento social; governadores e prefeitos estão
se antecipando ao governo federal. Em Brasília, o governador Ibaneis Rocha
(MDB) decretou, ontem, a suspensão das atividades de atendimento ao público em
comércios na capital. A medida inclui restaurantes, bares, lojas, salões de
beleza, entre outros. O decreto também determina a suspensão de missas e
cultos. Poderão funcionar: clínicas médicas, laboratórios, farmácias, postos de
gasolina, mercados, lojas de materiais de construção, padarias, atacadistas,
peixarias e delivery. No Rio de Janeiro, o governador Wilson Witzel (PSC), que
já vinha adotando medidas duras, quer fechar as divisas do estado e interromper
a ponte aérea Rio-São Paulo.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciou um auxílio
para os trabalhadores que recebem até dois salários mínimos e forem afetados
pela redução de jornada e salários proposta nesta semana pelo governo federal,
que pretende pagar os primeiros 15 dias de afastamento se o trabalhador tiver
contraído o coronavírus. O auxílio, destinado aos mais vulneráveis que tiverem
renda e jornada reduzidas, busca contemplar 11 milhões de trabalhadores, a um
custo de R$ 10 bilhões, com recursos provenientes do Fundo de Amparo ao
Trabalhador (FAT).
Nenhum comentário:
Postar um comentário