Aperta o cerco ao senador Flávio Bolsonaro, o Zero Um
O primogênito do presidente Jair Bolsonaro tem mais o que
fazer em setembro do que atender à convocação do Ministério Público Federal do
Rio para ser acareado com o empresário Paulo Marinho. Foi o que disseram seus
advogados, e, como senador, ele tem de fato o direito de escolher dia e hora
para depor.
Marinho disse que às vésperas da eleição presidencial de
2018, Flávio foi avisado por um delegado da Polícia Federal que seu assessor
Fabrício Queiroz seria em breve um dos alvos de uma operação de combate à
corrupção, e que o fato poderia prejudicar a candidatura do seu pai, líder das
pesquisas.
Foi o próprio Flávio quem teria revelado isso à Marinho, na
casa do empresário. Queiroz foi demitido no dia seguinte, bem como uma de suas
filhas, funcionária do gabinete de Bolsonaro, o pai, em Brasília. Flávio admite
a reunião com Marinho, mas nega o teor da conversa. Um dos dois, portanto,
mente. Daí a acareação.
Não seria difícil descobrir quem fala a verdade. Segundo
Marinho, ao saber que o delegado tinha um comunicado importante a lhe fazer,
Flávio mandou três emissários ao seu encontro. A quebra do sigilo telefônico
dos três indicaria se eles trocaram informações a respeito, mas um juiz proibiu
que isso fosse feito.
Mesmo assim avançam as investigações do Ministério Público
Federal e aperta o cerco em torno do senador. Extratos bancários da loja de
chocolates de Flávio no Rio mostram depósitos em dinheiro vivo sucessivos, com
o mesmo valor, entre março de 2015 e dezembro de 2018. O Jornal Nacional cruzou
os dados.
Chama atenção a quantidade de depósitos em dinheiro vivo na
conta da franquia feitos de maneira fracionada e muitos com valores redondos.
Foram 63 depósitos de R$ 1,5 mil em espécie, 63 de R$ 2 mil e 74 de R$ 3 mil.
Dos depósitos no valor de R$ 3 mil, 12 foram na boca do caixa e 62 no terminal
de autoatendimento.
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