Bolsonaro fracassa no primeiro grande teste após acordo com
centrão
Antes de oferecer banquetes aos líderes do centrão,
Bolsonaro gostava de culpar o Congresso pela incompetência de seu governo. Em
março, quando a pandemia do coronavírus já estava nas ruas, ele reclamava da
demora dos parlamentares em aprovar a ampliação do prazo das carteiras de
habilitação, um objeto de obsessão presidencial.
“Até um simples projeto, mais simples impossível, como
passar a validade da carteira de cinco para dez anos, está há seis meses lá
dentro e não vai para frente!”, queixou-se.
Desde então, Bolsonaro e seus auxiliares pararam de chamar
os políticos de patifes e chantagistas. Abriram a máquina pública a novas
indicações partidárias e serviram chá para seus novos amigos no Planalto. A
carteira de motorista, no entanto, continua com a mesma validade.
O governo pagou pelo apoio dos partidos, mas continua
levando um baile atrás do outro no Congresso. Na terça-feira (18), o Senado
decidiu retirar de pauta o projeto de estimação de Bolsonaro para mudar o
Código de Trânsito. Votaram contra o governo até parlamentares do PSD, que já
ganhou um ministério, e do MDB, que namora o Planalto.
No dia seguinte, a derrota foi ainda mais feia. Por 42 votos
a 30, os senadores derrubaram o veto do presidente ao aumento de salários de
servidores envolvidos no combate ao coronavírus. Se a Câmara seguir o mesmo
caminho, Bolsonaro terá que desembolsar até R$ 98 bilhões.
O presidente fracassou no primeiro teste de articulação
política desde que topou dar o braço ao centrão. No mesmo pacote, o governo
tentou evitar uma humilhação e aceitou que os parlamentares rejeitassem o veto
de Bolsonaro ao uso obrigatório de máscaras durante a pandemia.
O balanço mostra que o presidente continua sem força para
aprovar até medidas simbólicas. Na terça, o presidente da Câmara fez uma
provocação sobre as propostas econômicas do Planalto. “O governo tem base para
fazer isso? Isso é que precisa avaliar primeiro”, disse Rodrigo Maia. O resultado
parcial está aí.
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