O ministro Edson Fachin considera que as eleições de 2022
estão em risco. Em palestra na segunda-feira, o vice-presidente do TSE alertou
para o avanço do autoritarismo no Brasil. Ele disse que é preciso proteger a
democracia antes que seja tarde demais.
Sem citar nomes, Fachin afirmou que as ameaças começaram na
última disputa presidencial. “A escalada do autoritarismo no Brasil após as
eleições de 2018 agravou os males da saúde da democracia”, disse, no VII
Congresso Brasileiro de Direito Eleitoral.
Nas palavras do ministro, o país pegou a “contramão da
História” e passou a conviver com “surtos arrogantes e ameaças de intervenção”.
“O futuro está sendo contaminado por despotismo, e lamentavelmente nos
aproximamos do abismo”, avisou.
Fachin recorreu à Grécia Antiga para explicar a enrascada do
Brasil atual. Ele disse que “há um cavalo de Troia” dentro da fortaleza
democrática erguida pela Constituição de 1988. “Esse cavalo de Troia apresenta
laços com milícias e organizações envolvidas com atividades ilícitas”,
acrescentou.
O ministro citou o livro “Como as democracias morrem”, de
Steven Levitsky e Daniel Ziblatt. Os autores descrevem a nova tática dos
autocratas: em vez de promover rupturas violentas, minam a democracia por
dentro para se eternizar no poder.
Segundo os cientistas políticos, os inimigos da democracia
incentivam a violência, demonizam adversários e sabotam as regras do jogo,
ameaçando não aceitar derrotas nas urnas. Para Fachin, o Brasil já apresenta
todos esses sintomas de “recessão democrática”. “As eleições presidenciais de
2022 podem ser comprometidas se não se proteger o consenso em torno das
instituições”, alertou.
Em março, Jair Bolsonaro declarou que a disputa de 2018
teria sido fraudada para impedir sua vitória no primeiro turno. Passaram-se
cinco meses e ele nunca apresentou provas da acusação. Em desvantagem nas
pesquisas, Donald Trump passou a dizer que só será derrotado se a eleição
americana for manipulada. É questão de tempo para o capitão imitar mais essa.
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