tag:blogger.com,1999:blog-132891732024-03-29T08:03:06.230-03:00SOU CHOCOLATE E NÃO DESISTOO BLOG DO VALERIO SOBRAL
Unknownnoreply@blogger.comBlogger24618125tag:blogger.com,1999:blog-13289173.post-59082359504709191822024-03-27T22:53:00.000-03:002024-03-27T22:53:24.206-03:00A TRAIÇÃO DE BOLSONARO E O 31 DE MARÇO<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglp_MMYumUQbin0Gpe_GUoD0rEMYbqBcjfEZL3D696mBjKcR9w8x2fx840sVzD4pMcEFcximNUNMxORTeI5zJVEq9QwhdgiZVdkiSWQ4yaZ1UP4JL-JEagOrJ55Sn_Sj8EILIu45DVuMvdzSrNHM6hgZe_YO7EVjYwtX6B5IeFwskw-fV-_rIu/s753/BOZOTRAIDOR.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="437" data-original-width="753" height="233" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglp_MMYumUQbin0Gpe_GUoD0rEMYbqBcjfEZL3D696mBjKcR9w8x2fx840sVzD4pMcEFcximNUNMxORTeI5zJVEq9QwhdgiZVdkiSWQ4yaZ1UP4JL-JEagOrJ55Sn_Sj8EILIu45DVuMvdzSrNHM6hgZe_YO7EVjYwtX6B5IeFwskw-fV-_rIu/w400-h233/BOZOTRAIDOR.png" width="400" /></a></div>Marcelo Godoy, <a href="https://www.estadao.com.br/politica/marcelo-godoy/a-traicao-de-bolsonaro-e-o-31-de-marco/" target="_blank">O Estado de S. Paulo</a><p></p><p><b>Cabe ao ministro Moraes decidir onde o ex-presidente vai comemorar a data que se aproxima</b></p><p>O general Antonio Carlos de Andrada Serpa produziu em 1996 uma carta aos colegas militares que hoje está esquecida em Brasília. Jair Bolsonaro, que não é homem de letras, deveria ao menos ler o documento do general. Assim como o ex-presidente, Serpa era oficial da Arma de Artilharia. Mas, diferentemente do ex-mandatário, ele esteve na guerra – comandou uma companhia de obuses de 105 mm, na campanha da Itália, participando da campanha vitoriosa, conforme contava seu amigo, o general Ruy Leal Campello.</p><p>Na carta, Serpa reclamava que a versão dos “vencidos em 1964” se estabelecera como verdade; ninguém dava ouvido aos vencedores. Mas, ao mesmo tempo, defendia a pacificação e a concórdia nacional. E concluía seu documento lembrando o exemplo de Caxias.</p><p>“Quando solicitado a comemorar a vitória sobre os farrapos, em 1845, (Caxias) respondeu: ‘Não, antes rezemos um Te Deum pelas almas dos imperiais e farroupilhas, pois eram brasileiros’.” Para Serpa, reconhecer “o idealismo equivocado dos terroristas e os excessos da repressão será um convite à verdadeira Anistia e Justiça”. O general dizia que, para “seus colegas de hoje, é o espírito de Caxias que deve prevalecer, pois essa é a tradição do Exército”. Foi para essa tradição que Bolsonaro virou as costas ao determinar que o Ministério da Defesa, em 2019, voltasse a comemorar o 31 de março, data que marca uma “vitória de seu Exército” contra nacionais, contra brasileiros.</p><p>Não se comemora uma vitória contra brasileiros. Serpa apoiara a abertura de Ernesto Geisel, inclusive a decisão de afastar do comando do 2.º Exército, em 1976, o general Ednardo D’Ávila Mello, após as mortes de um militar, um jornalista e um operário nas dependências do DOI-Codi. Todos investigados por ligações com o PCB.</p><p>Serpa dizia que Geisel puniu os abusos ao demitir o comandante – segundo ele, “traído por maus auxiliares” – em razão do “princípio militar de que o chefe é responsável por tudo o que fizer ou deixar de fazer (C 101-5, Estado-Maior e Ordens)”. O mesmo vale para Bolsonaro.</p><p>Não adianta culpar Mauro Cid pelas falsificações de cartões de vacinação ou pela venda de joias. Não adianta dizer que assessores lhe propuseram um golpe, travestido da falsa legalidade de um estado de sítio ou de defesa. Um chefe militar jamais delega sua missão. Nem se isenta de suas responsabilidades.</p><p>É por se furtar a elas que Geisel concluiu sobre Bolsonaro: “É um mau militar”. Quem procura à sorrelfa a Embaixada da Hungria parece saber que tem contas a acertar com a Justiça. Cabe agora ao ministro Alexandre de Moraes decidir onde e como Bolsonaro vai comemorar o próximo 31 de março.</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13289173.post-86381429963552369522024-03-27T22:51:00.000-03:002024-03-28T00:32:42.435-03:00CENSURADA MOSTRA DE CINEMA LGBTQIA+ <p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBOd4oXDHbyhqfkWale1bggD4pknoGr6NxdIIWt0Ye4A4qSpO64_Kds8is0pKCqt2g0KKvtEq5qFM0CkBOU4mCVqTuLKXYk0HjkZ_WrD8fap5ZmQU0diDpZ3laRSYWhUCaoIl8UGCEeX-HykBPVll02uFg8IiQljxs2jgFqmf2ZCcFiiVGsVR0/s768/OPREFEITOCENSOR.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="479" data-original-width="768" height="250" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBOd4oXDHbyhqfkWale1bggD4pknoGr6NxdIIWt0Ye4A4qSpO64_Kds8is0pKCqt2g0KKvtEq5qFM0CkBOU4mCVqTuLKXYk0HjkZ_WrD8fap5ZmQU0diDpZ3laRSYWhUCaoIl8UGCEeX-HykBPVll02uFg8IiQljxs2jgFqmf2ZCcFiiVGsVR0/w400-h250/OPREFEITOCENSOR.png" width="400" /></a></div>Diogo Bachega, <a href="https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2024/03/prefeito-de-rio-do-sul-em-santa-catarina-censura-mostra-de-cinema-lgbtqia.shtml" target="_blank">Folha de S.Paulo</a><p></p><p><b>Prefeito de Rio do Sul, em Santa Catarina, censura mostra de cinema LGBTQIA+</b></p><p><i>OUTRO LADO: José Thomé fala de princípios cristãos e familiares e nega preconceito; evento considera decisão do político ilegal</i></p><p>SÃO PAULO O prefeito José Thomé (PSD), da cidade de Rio do Sul, em Santa Cantarina, censurou uma mostra de cinema LGBTQIA+ que aconteceria nesta quarta e quinta-feira na fundação cultural municial.</p><p>O evento é organizado pelo festival Transforma de cinema LGBTQIA+, criado pela produtora Bapho Cultural em parceria com a Associação em Defesa dos Direitos Humanos com Enfoque na Sexualidade, a ADEH.</p><p>Em seu Instagram, Thomé justificou a proibição a partir do que entende como os valores familiares defendidos pelo cristianismo.</p><p>"Não é uma questão de preconceito nem de ponto de vista político ou partidário. É uma questão de respeito aos princípios cristãos, àquilo que está escrito na Bíblia e aos princípios da família, como o pai de dois filhos menores de idade, que poderiam inclusive participar dessa apresentação, porque a classificação é livre", afirmou.</p><p>O prefeito comentou sua decisão em entrevista à rádio loccal Mirador. "Não vou aceitar utilizar espaço público municipal para esse tipo de evento. Enquanto eu for prefeito desta cidade, isso jamais vai acontecer. E quero deixar muito claro que não sou bolsonarista, direita radical, nada disso. Isso nem me interessa. Mas eu sou cristão. Sou pai de família."</p><p>
</p><blockquote class="instagram-media" data-instgrm-captioned="" data-instgrm-permalink="https://www.instagram.com/reel/C5BfXYEO9kC/?utm_source=ig_embed&utm_campaign=loading" data-instgrm-version="14" style="background: rgb(255, 255, 255); border-radius: 3px; border: 0px; box-shadow: rgba(0, 0, 0, 0.5) 0px 0px 1px 0px, rgba(0, 0, 0, 0.15) 0px 1px 10px 0px; margin: 1px; max-width: 540px; min-width: 326px; padding: 0px; width: calc(100% - 2px);"><div style="padding: 16px;"> <a href="https://www.instagram.com/reel/C5BfXYEO9kC/?utm_source=ig_embed&utm_campaign=loading" style="background: rgb(255, 255, 255); line-height: 0; padding: 0px; text-align: center; text-decoration: none; width: 100%;" target="_blank"> <div style="align-items: center; display: flex; flex-direction: row;"> <div style="background-color: #f4f4f4; border-radius: 50%; flex-grow: 0; height: 40px; margin-right: 14px; width: 40px;"></div> <div style="display: flex; flex-direction: column; flex-grow: 1; justify-content: center;"> <div style="background-color: #f4f4f4; border-radius: 4px; flex-grow: 0; height: 14px; margin-bottom: 6px; width: 100px;"></div> <div style="background-color: #f4f4f4; border-radius: 4px; flex-grow: 0; height: 14px; width: 60px;"></div></div></div><div style="padding: 19% 0px;"></div> <div style="display: block; height: 50px; margin: 0px auto 12px; width: 50px;"><svg height="50px" version="1.1" viewbox="0 0 60 60" width="50px" xmlns:xlink="https://www.w3.org/1999/xlink" xmlns="https://www.w3.org/2000/svg"><g fill-rule="evenodd" fill="none" stroke-width="1" stroke="none"><g fill="#000000" transform="translate(-511.000000, -20.000000)"><g><path d="M556.869,30.41 C554.814,30.41 553.148,32.076 553.148,34.131 C553.148,36.186 554.814,37.852 556.869,37.852 C558.924,37.852 560.59,36.186 560.59,34.131 C560.59,32.076 558.924,30.41 556.869,30.41 M541,60.657 C535.114,60.657 530.342,55.887 530.342,50 C530.342,44.114 535.114,39.342 541,39.342 C546.887,39.342 551.658,44.114 551.658,50 C551.658,55.887 546.887,60.657 541,60.657 M541,33.886 C532.1,33.886 524.886,41.1 524.886,50 C524.886,58.899 532.1,66.113 541,66.113 C549.9,66.113 557.115,58.899 557.115,50 C557.115,41.1 549.9,33.886 541,33.886 M565.378,62.101 C565.244,65.022 564.756,66.606 564.346,67.663 C563.803,69.06 563.154,70.057 562.106,71.106 C561.058,72.155 560.06,72.803 558.662,73.347 C557.607,73.757 556.021,74.244 553.102,74.378 C549.944,74.521 548.997,74.552 541,74.552 C533.003,74.552 532.056,74.521 528.898,74.378 C525.979,74.244 524.393,73.757 523.338,73.347 C521.94,72.803 520.942,72.155 519.894,71.106 C518.846,70.057 518.197,69.06 517.654,67.663 C517.244,66.606 516.755,65.022 516.623,62.101 C516.479,58.943 516.448,57.996 516.448,50 C516.448,42.003 516.479,41.056 516.623,37.899 C516.755,34.978 517.244,33.391 517.654,32.338 C518.197,30.938 518.846,29.942 519.894,28.894 C520.942,27.846 521.94,27.196 523.338,26.654 C524.393,26.244 525.979,25.756 528.898,25.623 C532.057,25.479 533.004,25.448 541,25.448 C548.997,25.448 549.943,25.479 553.102,25.623 C556.021,25.756 557.607,26.244 558.662,26.654 C560.06,27.196 561.058,27.846 562.106,28.894 C563.154,29.942 563.803,30.938 564.346,32.338 C564.756,33.391 565.244,34.978 565.378,37.899 C565.522,41.056 565.552,42.003 565.552,50 C565.552,57.996 565.522,58.943 565.378,62.101 M570.82,37.631 C570.674,34.438 570.167,32.258 569.425,30.349 C568.659,28.377 567.633,26.702 565.965,25.035 C564.297,23.368 562.623,22.342 560.652,21.575 C558.743,20.834 556.562,20.326 553.369,20.18 C550.169,20.033 549.148,20 541,20 C532.853,20 531.831,20.033 528.631,20.18 C525.438,20.326 523.257,20.834 521.349,21.575 C519.376,22.342 517.703,23.368 516.035,25.035 C514.368,26.702 513.342,28.377 512.574,30.349 C511.834,32.258 511.326,34.438 511.181,37.631 C511.035,40.831 511,41.851 511,50 C511,58.147 511.035,59.17 511.181,62.369 C511.326,65.562 511.834,67.743 512.574,69.651 C513.342,71.625 514.368,73.296 516.035,74.965 C517.703,76.634 519.376,77.658 521.349,78.425 C523.257,79.167 525.438,79.673 528.631,79.82 C531.831,79.965 532.853,80.001 541,80.001 C549.148,80.001 550.169,79.965 553.369,79.82 C556.562,79.673 558.743,79.167 560.652,78.425 C562.623,77.658 564.297,76.634 565.965,74.965 C567.633,73.296 568.659,71.625 569.425,69.651 C570.167,67.743 570.674,65.562 570.82,62.369 C570.966,59.17 571,58.147 571,50 C571,41.851 570.966,40.831 570.82,37.631"></path></g></g></g></svg></div><div style="padding-top: 8px;"> <div style="color: #3897f0; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14px; font-style: normal; font-weight: 550; line-height: 18px;">Ver esta publicação no Instagram</div></div><div style="padding: 12.5% 0px;"></div> <div style="align-items: center; display: flex; flex-direction: row; margin-bottom: 14px;"><div> <div style="background-color: #f4f4f4; border-radius: 50%; height: 12.5px; transform: translateX(0px) translateY(7px); width: 12.5px;"></div> <div style="background-color: #f4f4f4; flex-grow: 0; height: 12.5px; margin-left: 2px; margin-right: 14px; transform: rotate(-45deg) translateX(3px) translateY(1px); width: 12.5px;"></div> <div style="background-color: #f4f4f4; border-radius: 50%; height: 12.5px; transform: translateX(9px) translateY(-18px); width: 12.5px;"></div></div><div style="margin-left: 8px;"> <div style="background-color: #f4f4f4; border-radius: 50%; flex-grow: 0; height: 20px; width: 20px;"></div> <div style="border-bottom: 2px solid transparent; border-left: 6px solid rgb(244, 244, 244); 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font-size: 14px; line-height: 17px; margin-bottom: 0px; margin-top: 8px; overflow: hidden; padding: 8px 0px 7px; text-align: center; text-overflow: ellipsis; white-space: nowrap;"><a href="https://www.instagram.com/reel/C5BfXYEO9kC/?utm_source=ig_embed&utm_campaign=loading" style="color: #c9c8cd; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14px; font-style: normal; font-weight: normal; line-height: 17px; text-decoration: none;" target="_blank">Uma publicação partilhada por José Thomé (@thomeprefeito)</a></p></div></blockquote> <script async="" src="//www.instagram.com/embed.js"></script>
Rodrigo Daniel Pedrozo, superintendente da fundação cultural de Rio do Sul, confirmou que a casa não receberá mais a mostra, mas não comentou a decisão do Executivo.<p></p><p>A organização do festival Transforma disse em nota que considera a decisão de Thomé ilegal. "Reiteramos que em nenhuma dessas produções as premissas de moralidade e integridade são desrespeitadas. Muito pelo contrário, elas retratam com grande respeito a pluralidade e as vivências da comunidade LGBTQIAPN+."</p><p>Thomas Dadam, produtor executivo e um dos idealizadores do festival, disse que, ao menos por enquanto, o festival planeja suspender as atividades na cidade.</p><p>"Vamos estudar junto à Fundação Catarinense de Cultura de que forma a gente pode proceder diante deste episódio de censura, até porque a passagem da mostra por Rio do Sul e a oficina de produção cultural LGBTQIAPN+, que seria a nossa contrapartida social do projeto, precisam acontecer."</p><p>Em nota, a Fundação Catarinense de Cultura afirmou que o apoio à mostra é resultado da vitória em um edital. "O projeto mencionado no vídeo foi contemplado por meio do Prêmio Catarinense de Cinema 2022, que é um edital previsto em lei. O resultado é publicado a partir das notas dadas por uma comissão avaliadora, formada por pareceristas residentes fora de Santa Catarina, contratados também por edital. Portanto, a FCC não influencia no resultado final da premiação."</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13289173.post-57541534016487532872024-03-27T22:50:00.003-03:002024-03-28T00:32:26.939-03:00JAIR RENAN VIRA RÉU<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBht34i9LOe96_oXMpXF3DNjwkp9mKv3rzBnbhlU2qfcWvoZKe7BRd_BfOxsr3bs9HA-791tpeMXbfxI97s1awVMLBp0n42g48J3mFkN0_z44e8WFn0mxy7EqsPKgUukkove8UeJP7SSv8neSaF39qdpL39JRtgBk4-nqE5hgUuNVecHC5S3u0/s444/JAIRRENAN.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="283" data-original-width="444" height="255" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBht34i9LOe96_oXMpXF3DNjwkp9mKv3rzBnbhlU2qfcWvoZKe7BRd_BfOxsr3bs9HA-791tpeMXbfxI97s1awVMLBp0n42g48J3mFkN0_z44e8WFn0mxy7EqsPKgUukkove8UeJP7SSv8neSaF39qdpL39JRtgBk4-nqE5hgUuNVecHC5S3u0/w400-h255/JAIRRENAN.png" width="400" /></a></div>Reynaldo Turollo Jr, <a href="https://g1.globo.com/politica/noticia/2024/03/27/justica-do-df-torna-jair-renan-bolsonaro-reu-por-lavagem-de-dinheiro-falsidade-ideologica-e-uso-de-documento-falso.ghtml" target="_blank">g1</a>— Brasília<p></p><p><b>Justiça do DF torna Jair Renan Bolsonaro réu por lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e uso de documento falso</b></p><p><i>Segundo Ministério Público, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro e outras cinco pessoas fraudaram empréstimos bancários e criaram esquema para ocultar os recursos obtidos ilegalmente. A defesa de Jair Renan disse que ele foi 'vítima de um golpe'.</i></p><p>A Justiça do Distrito Federal recebeu uma denúncia apresentada pelo Ministério Público e tornou réus Jair Renan Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, e outras cinco pessoas acusadas de praticar os crimes de falsidade ideológica, uso de documento falso e lavagem de dinheiro.</p><p>A decisão da 5ª Vara Criminal é de segunda-feira (25).</p><p>A partir da intimação dos réus, eles terão 10 dias para apresentar sua defesa por escrito. A Justiça considerou que estão presentes na denúncia "os requisitos necessários para dar início à persecução penal em juízo".</p><p>A defesa de Jair Renan disse que ele foi "vítima de um golpe" (leia mais abaixo).</p><p>A ação penal decorre de uma investigação da Polícia Civil do DF, que indiciou Jair Renan em fevereiro deste ano, como revelou o g1 à época.</p><p>No âmbito dessa investigação, ele chegou a ser alvo de uma operação de busca e apreensão, em agosto do ano passado.</p><p>A denúncia do Ministério Público acusa o filho do ex-presidente e outros réus, incluindo o seu ex-instrutor de tiros Maciel Alves de Carvalho, de forjar uma declaração de faturamento de uma empresa de Jair Renan, a RB Eventos e Mídia, com o objetivo de dar lastro a empréstimos bancários que chegaram a R$ 291 mil, entre 2022 e 2023.</p><p>O valor não foi pago e o banco cobrou Jair Renan judicialmente. Em fevereiro deste ano, a Justiça determinou que ele pagasse ao banco a dívida, que estava em R$ 360 mil.</p><p>O grupo de Jair Renan teria falsificado um documento que atestava falsamente que a empresa dele havia faturado R$ 4,6 milhões no período de um ano, o que configurou, segundo o Ministério Público, o crime de falsidade ideológica.</p><p>Ainda de acordo com o MP, esse documento com dados falsos foi apresentado ao banco para a abertura de uma conta, usada posteriormente para a obtenção de três empréstimos, configurando o crime de uso de documento falso.</p><p><b>'Laranja'</b></p><p>O MP afirmou também que, "no período compreendido entre novembro de 2020 e julho de 2023", Jair Renan, Maciel Alves e outros acusados "ocultaram ou dissimularam a natureza, origem, movimentação ou propriedade de bens, direitos e valores de origem criminosa, proveniente, direta ou indiretamente, da prática de crimes de falsidade ideológica, estelionato e falsificação de documentos públicos e particulares".</p><p>Os réus teriam criado um "laranja", uma pessoa que não existe chamada Antônio Amâncio Alves Mandarrari, para ocultar valores obtidos de forma ilegal, incluindo os recursos provenientes dos supostos empréstimos fraudulentos. Essa pessoa fictícia "abriu" empresas para movimentar o dinheiro.</p><p>"No segundo empréstimo fraudulento, realizado no dia 8 de março de 2023, no valor de R$ 250.669,65, ainda sob responsabilidade legal do denunciado Jair Renan, quase R$ 60 mil foram usados para pagamento de própria fatura de cartão de crédito da pessoa jurídica RB Eventos e Mídia [empresa de Jair Renan]. E, no dia 13 de abril de 2023, é realizado um crédito de R$ 18.700 para a empresa 'fantasma' Mandarrari Clínica de Estética", afirmou o MP.</p><p>Maciel já tinha processos criminais anteriormente.</p><p><b>O que diz a defesa</b></p><p>O advogado de Maciel Alves, Pedrinho Villard, afirmou em nota que "acredita na inocência de Maciel e provará no curso processual".</p><p>Já o advogado de Jair Renan, Admar Gonzaga, disse que o cliente "foi vítima de um golpe montado por pessoa, que apenas depois se soube ser conhecida pela polícia e pela Justiça." A defesa, no entanto, não citou nomes.</p><p>Acrescentou que "tudo ficará esclarecido no curso do processo, no qual a defesa poderá apresentar provas e fundamentos para o total esclarecimento do golpe contra ele aplicado."</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13289173.post-52252690578506847302024-03-27T22:50:00.001-03:002024-03-27T23:23:55.263-03:00O FASCISMO MUDOU, MAS NÃO ESTÁ MORTO<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGpQUt7EerG4lnZnCVuzuNuYNDDJvOT68dqL8JOWKvfawWw8C63VuXDEPSh95zJB9lU71gOsiAYTTHz_iayojCpebwTuhMxHp4JMN8yqbB2wcRH9UFZn_ncRInyd-JIH8cbTxluMte2Q-D9YYVRivNbTCz28-YR8HvlJrLTDmJgZEZw1jZigd5/s866/FASCISMO.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="831" data-original-width="866" height="384" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGpQUt7EerG4lnZnCVuzuNuYNDDJvOT68dqL8JOWKvfawWw8C63VuXDEPSh95zJB9lU71gOsiAYTTHz_iayojCpebwTuhMxHp4JMN8yqbB2wcRH9UFZn_ncRInyd-JIH8cbTxluMte2Q-D9YYVRivNbTCz28-YR8HvlJrLTDmJgZEZw1jZigd5/w400-h384/FASCISMO.png" width="400" /></a></div>Martin Wolf*, <a href="https://valor.globo.com/opiniao/coluna/o-fascismo-mudou-mas-nao-esta-morto.ghtml" target="_blank">Valor Econômico</a><p></p><p><b>O que se vê hoje é um autoritarismo com características fascistas</b></p><p>Estamos assistindo à volta do fascismo? Será que Donald Trump, para usar o exemplo contemporâneo mais importante, é um fascista? E a francesa Marine Le Pen? Ou Viktor Orbán, da Hungria? A resposta depende do que se entende por “fascismo”. Porque o que presenciamos hoje não é apenas autoritarismo. É um autoritarismo com características fascistas.</p><p>Precisamos começar com duas distinções. A primeira é entre o nazismo e o fascismo. Como o falecido Umberto Eco, humanista e escritor, observou em um ensaio sobre “O Fascismo Eterno”, publicado na “New York Review of Books” em 1995, o “Mein Kampf de Hitler é um manifesto de um programa político completo”. No poder, o nazismo foi, tal como o stalinismo, “totalitário”: ele controlava tudo. O fascismo de Mussolini era diferente. Nas palavras de Eco, “Mussolini não tinha uma filosofia: tinha apenas retórica... O fascismo era um totalitarismo confuso, uma colagem de ideias filosóficas e políticas diferentes, um emaranhado de contradições”. Trump é igualmente “confuso”.</p><p>A segunda distinção é entre o passado e hoje. Os fascismos dos anos 1920 e 1930 surgiram da Primeira Guerra Mundial. Eram naturalmente militaristas tanto nos meios como nos objetivos. Além disso, naquela época a organização centralizada era necessária para que as ordens fossem difundidas. Hoje em dia, as redes sociais farão grande parte desse trabalho.</p><p>Portanto, o fascismo de hoje é diferente daquele do passado. Mas isso não significa que a noção seja desprovida de sentido. No seu ensaio, Eco descreve uma série de características do “Ur-Fascismo - ou Fascismo Eterno”.</p><p>Uma característica é o culto à tradição. Os fascistas veneram o passado. O corolário é que eles rejeitam o moderno. “O Iluminismo, a Era da Razão, é visto como o início da depravação moderna. Neste sentido, o Fascismo Eterno pode ser definido como irracionalismo”, escreve Eco.</p><p>Outra característica é o culto da ação pela ação, da qual decorre outra: a hostilidade à crítica analítica. E segue-se daí que o “Ur-Fascismo... busca o consenso com a exploração e a exacerbação do medo natural da diferença... Assim, o Fascismo Eterno é racista por definição”.</p><p>Outro aspecto é que “o Fascismo Eterno tem sua origem na frustração individual ou social. É por isso que uma das características mais típicas do fascismo histórico era seu atrativo para uma classe média frustrada”.</p><p>O Fascismo Eterno une os seguidores que recruta nas fileiras da classe média insatisfeita por meio do nacionalismo. Esses seguidores, diz Eco, “precisam sentir-se humilhados pela riqueza ostentosa e pela força dos seus inimigos”. Além do mais, para o Fascismo Eterno “não há luta pela vida, pelo contrário, a vida é vivida para a luta”.</p><p>Em seguida, para Eco, está o fato de que o Fascismo Eterno defende um elitismo popular. “Cada cidadão está entre as melhores pessoas do mundo”, escreve ele em seu ensaio. E mais: “Todos são educados para se tornarem heróis”.</p><p>Para o Fascismo Eterno, “o Povo é concebido como uma... entidade monolítica que expressa a Vontade Comum”, acrescenta Eco. “Já que não há como um grande número de seres humanos terem uma vontade comum, o Líder se coloca como seu intérprete”.</p><p>No populismo de direita de hoje nota-se o culto ao passado e às tradições, a hostilidade à crítica, o medo das diferenças e o racismo, as origens na frustração social, o nacionalismo, a crença fervorosa em conspirações e a visão de que o “povo” é uma elite</p><p>A origem do machismo característico do Fascismo Eterno é que “o Ur-Fascista transfere sua vontade de poder para questões sexuais”. Aqui está implícito tanto o desdém pelas mulheres como a intolerância e a condenação de hábitos sexuais fora do padrão.</p><p>Por fim, o “Fascismo Eterno fala a Novilíngua” - ele mente de maneira sistemática. Como Hannah Arendt observou em uma entrevista à “New York Review of Books” em 1978: “Se todo mundo sempre mente para você, a consequência não é que você acredita nas mentiras, mas sim que ninguém acredita mais em nada”. Os seguidores acreditam no líder simplesmente porque ele veste o manto sagrado da liderança.</p><p>Esta é uma lista fascinante. Se olhamos para o populismo de direita de hoje, notamos precisamente os cultos ao passado e à tradição, a hostilidade a qualquer forma de crítica, o medo das diferenças e o racismo, as origens na frustração social, o nacionalismo e a crença fervorosa em conspirações, a visão de que o “povo” é uma elite, o papel do líder em dizer a seus seguidores o que é verdade, a vontade de poder e o machismo.</p><p>Ainda este mês, Trump descreveu os imigrantes como “animais”, ameaçou um “banho de sangue” se não ganhar as eleições e enalteceu os insurrecionistas de 6 de janeiro de 2021 como “patriotas incríveis”. Sabemos que ele e seus seguidores pretendem encher a burocracia e o Judiciário com pessoas leais a ele e criticam o sistema judicial por responsabilizá-lo por seu atos: afinal de contas, ele está acima da lei. Não menos importante, ele transformou o Partido Republicano em um partido de sua propriedade.</p><p>Sim, os movimentos de hoje também são diferentes dos movimentos dos anos 1920 e 1930. Trump não glorifica a guerra, a não ser as guerras econômicas e comerciais. Mas ele glorifica Putin, a quem chamou de “gênio” por conta de sua guerra contra a Ucrânia. Os políticos europeus com raízes no passado fascista também são diferentes entre si. No entanto, eles compartilham, sim, muitas características do Fascismo Eterno, em especial o tradicionalismo, o nacionalismo e o racismo, mas não têm outras, em particular a glorificação da violência.</p><p>O fascismo da Alemanha ou da Itália dos anos 1920 e 1930 não existe hoje, exceto, talvez, na Rússia. Mas o mesmo poderia ser dito de outras tradições. O conservadorismo não é o que era há um século, e o mesmo vale para o liberalismo e o socialismo. As ideias e propostas concretas das tradições políticas são alteradas com a sociedade, a economia e a tecnologia. Isso não é nenhuma surpresa. Mas essas tradições ainda têm um núcleo comum de atitudes em relação à história, à política e à sociedade. Isto também é verdade para o fascismo. A história não se repete. Mas ela rima. Está rimando agora. Não seja complacente. É perigoso dar uma volta com o fascismo. (Tradução de Lilian Carmona)</p><p><b>*Martin Wolf é editor e principal comentarista econômico do FT.</b></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13289173.post-63316856307787152612024-03-27T22:31:00.000-03:002024-03-27T22:31:00.691-03:00A BANALIZAÇÃO DA DESCONFIANÇA<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghp5ED_aF-ETi6qx2bQACIjWQcOUhofVhVm_sP5U3SISHB1pLodogpYqtKxXM3Eu3_gFqBamgMcbWhwnpBsVEMDoUK4YlJPy7_HtVGB-3Lt851TftwC3OinT5hh6uYkzp5lwLktU66-C7JMpc5nyWBcNqodjKpfZPkPOxGepdpXRzfxKtO9uf8/s960/BOZOLADRAO.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="522" data-original-width="960" height="217" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghp5ED_aF-ETi6qx2bQACIjWQcOUhofVhVm_sP5U3SISHB1pLodogpYqtKxXM3Eu3_gFqBamgMcbWhwnpBsVEMDoUK4YlJPy7_HtVGB-3Lt851TftwC3OinT5hh6uYkzp5lwLktU66-C7JMpc5nyWBcNqodjKpfZPkPOxGepdpXRzfxKtO9uf8/w400-h217/BOZOLADRAO.png" width="400" /></a></div>Roberto DaMatta, <a href="https://oglobo.globo.com/opiniao/roberto-damatta/coluna/2024/03/a-banalizacao-da-desconfianca.ghtml" target="_blank">O Globo</a><p></p><p><b>O sistema deseja e precisa de justiça, mas, ao mesmo tempo, relaciona a obediência ao ‘bom mocismo’</b></p><p>Temos uma extraordinária capacidade de banalizar a corrupção e a fraude, que admitimos como males, em paralelo com a esperteza como ato de sobrevivência e, talvez o mais venenoso: um ato de malandragem e realismo político! Disso resulta um relativismo moral insuportável, expresso no sábio conselho ou projeto segundo o qual o “levar vantagem em tudo” é programa permanente.</p><p>Vale fraudar um fraudador para impedir outro fraudador. O resultado desse realismo político particularista é o rebaixamento de ideais e programas, inibidos por dissidências pessoais. É uma mostra da velha oposição, até hoje mal resolvida, entre “Estado e governo”. Entre uma instituição identificada com valores nacionais e uma engrenagem administrativa marcada por interesses particulares e datados, passageiros. Essa tendência explica a perene tentação do golpe e o consequente protocolo legal destinado a anular punições.</p><p>Movido pela escolha “política” e malandra de não escolher, ou melhor, de relativizar escolhas, o sistema deseja e precisa de justiça, mas, ao mesmo tempo, relaciona a obediência ao “bom mocismo”, ao “bom menino que não faz xixi na cama”, ao “caxias” e, em muitas ocasiões, à mais pura e cega subordinação. E, quando ocorrem falcatruas na esfera da política vista como campo com pelo menos três lados, então a desconfiança está estabelecida.</p><p>A desconfiança é mortal numa democracia. Mortal porque a vida igualitária é árdua e depende de um compromisso sério com a impessoalidade para preservar a honradez dos elos pessoais. A passagem e a integração da casa com a rua são, no meu entender, críticas para a maturidade da igualdade democrática no Brasil. É preciso abrir a casa-grande para libertar a senzala.</p><p>As fraudes são praticadas pelo supremo magistrado da nação. Roubar tem consequências imediatas, enquanto “manipular” ou “maquiar” um orçamento estadual ou federal requer uma processualística reveladora de um sistema aristocrático embutido numa democracia republicana sofredora dessas ambiguidades e desconfianças.</p><p>Como os pecados, os delitos e as fraudes são, repito, graduados. Alguns são escandalosos; outros, gigantescos e sistematicamente lidos como meras espertezas. Como oportunidades que só um panaca deixaria passar sem aplicar sua “ética de malandragem”, sacralizada por Pedro Malasartes e elaborada por Macunaíma. Por exemplo: os presentes das Arábias dados ao chefe de Estado que, malandra e inocentemente, os embolsou com ajuda de seus secretários-asseclas. Não foi malícia ou crime, foi um trivial passo adiante exaltado por injustas perseguições.</p><p>O povo fica dividido quando o cidadão comum descobre que o supremo mandatário da nação esqueceu a pátria ao se recusar a dar o exemplo vacinando-se para conter uma pandemia e usou os seus recursos de poder para fraudar um certificado de vacinação para si próprio e a filha em palácio. Um pedaço entende que isso é “normal” para quem não deve entrar em fila; e um outro pede simplesmente a guilhotina. No fundo, o que está em jogo é uma reprimida igualdade em todo lugar e para todo mundo.</p><p>Uma coisa que desde criança me perturba e revolta é ver carros oficiais com batedores, espantando o povo-pedestre, que abre alas para não correr o risco de ser atropelado por sua própria culpa. Se havia batedores, e era uma autoridade, por que não saiu da frente? A sirene e os batedores são o “sabe com quem está falando?” dos que, eleitos por nós como servidores, apropriam-se dos cargos e invertem a cartilha democrática transformando o que é público em algo particular.</p><p>Bolsonaro banalizou a desconfiança. Fez quase tudo pelo avesso ou erraticamente. Como povo, estamos familiarizados com o populismo, com o messianismo, com o utopismo e com a malandragem que faz a esperta mediação entre as leis que devem valer para todos e suas dobras que as transformam em privilégios para quem manda ou tem um elo com o mandão. Mas ficamos atônitos com o gosto pela desconfiança que resulta quando legitimamos elos pessoais, esquecendo princípios que devem valer para todos.</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13289173.post-34855481595597438652024-03-27T21:44:00.000-03:002024-03-27T21:44:44.569-03:00FECHADOS COM BRAZÃO<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbnD5cH4c8c05KmbiZxQXaFpe53x7YWLDpvad2FxkZDY8ouhpLLAltuy6XPmvqW-TQm94iipcjYq0XfDYxKPY2w_Ee8U6_yWF9V64p7t8a9d8tucp7SuPCQtjD5RjgsRfJzepBJdAAQXuZJMahu-zIL0g4vkuhYfPaL01TrpxlWTBV2jPuts8X/s888/FECHADOSCOMBRAZAO.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="543" data-original-width="888" height="245" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbnD5cH4c8c05KmbiZxQXaFpe53x7YWLDpvad2FxkZDY8ouhpLLAltuy6XPmvqW-TQm94iipcjYq0XfDYxKPY2w_Ee8U6_yWF9V64p7t8a9d8tucp7SuPCQtjD5RjgsRfJzepBJdAAQXuZJMahu-zIL0g4vkuhYfPaL01TrpxlWTBV2jPuts8X/w400-h245/FECHADOSCOMBRAZAO.png" width="400" /></a></div>Bernardo Mello Franco, <a href="https://oglobo.globo.com/blogs/bernardo-mello-franco/coluna/2024/03/fechados-com-brazao-castro-e-paes-bajularam-e-deram-cargos-a-irmaos-presos-pela-pf.ghtml" target="_blank">O Globo</a><p></p><p><b>Fechados com Brazão: Castro e Paes bajularam e deram cargos a irmãos presos pela PF</b></p><p><i>Mesmo após escândalos e prisão por corrupção, família continuou em alta na política do Rio</i></p><p>Às vésperas do primeiro turno de 2022, o governador Cláudio Castro participou de um comício na Zona Oeste do Rio. Com as mangas arregaçadas, pediu votos para reeleger dois irmãos: o deputado federal Chiquinho Brazão e o deputado estadual Pedro Brazão. “Jacarepaguá e o Rio têm representantes legítimos, e esses são a minha querida família Brazão”, discursou.</p><p>Em agosto passado, o prefeito Eduardo Paes foi a outro ato na região. À vontade, fez piadas e mostrou intimidade com o clã. “Quem melhor representa Jacarepaguá, quem mais briga, é a família Brazão. Uma salva de palmas para essas feras aqui”, ordenou. A claque obedeceu, e ele lançou o herdeiro Kaio Brazão, de 22 anos, para vereador. “A tradição não pode parar”, gracejou.</p><p>No domingo, a Polícia Federal prendeu Chiquinho e Domingos Brazão, acusados de mandar matar a vereadora Marielle Franco. O patriarca, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, sempre teve o nome citado nas investigações. Nunca deixou de ser bajulado pela elite política do Rio, como mostram as mesuras do prefeito e do governador.</p><p>O clã frequenta as páginas policiais há mais de duas décadas. Já se envolveu em escândalos de corrupção, adulteração de combustíveis, roubo de veículos, sonegação fiscal e extorsão. Em 2008, Domingos e Chiquinho foram citados no relatório da CPI das Milícias. Passados 16 anos, ninguém pode alegar que os apoiou sem saber com quem estava se metendo.</p><p>Domingos exibiu sua força ao ser eleito pela Assembleia Legislativa para o cargo vitalício no TCE, em 2015. Em votação aberta, foi chamado de “aplicado”, “trabalhador”, “dedicado”, “amigo”, “grande chefe de família” e “homem de fé”. Dos 66 presentes, 61 o apoiaram, incluindo Flávio Bolsonaro e os deputados do PT. Só a bancada do PSOL, futuro partido de Marielle, opôs-se à nomeação.</p><p>O conselheiro foi em cana na Operação Quinto do Ouro, mas continuou fechado com os donos do poder fluminense. Num estado em que o crime anda de mãos dadas com a política, o relatório da PF lista exemplos de seu “grau elevado de ingerência” no governo Castro. Na gestão Paes, Chiquinho foi secretário de Ação Comunitária até o mês passado.</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13289173.post-67662225793050213472024-03-27T21:32:00.002-03:002024-03-27T21:32:29.501-03:00LIRA LAVA AS MÃOS NA PRISÃO DE CHIQUINHO BRAZÃO<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhC-kYERWEXG8Or1MpzC3vlh-eY0s2euk2T0fydO1GycH0DIgKcFcnVHWi6o15GcRmUfbsBAoBFiV3nbnZXGbGqMOMqWVHg8Nv9cobJW15qZ5FfscIz0pQ18eVsQjKfz6u-RG8S_QEqE-hb1rdw4qqQUx2p_z12D8BPV7woU6VQgFlC7AHsoujy/s592/BRAZAO.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="368" data-original-width="592" height="249" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhC-kYERWEXG8Or1MpzC3vlh-eY0s2euk2T0fydO1GycH0DIgKcFcnVHWi6o15GcRmUfbsBAoBFiV3nbnZXGbGqMOMqWVHg8Nv9cobJW15qZ5FfscIz0pQ18eVsQjKfz6u-RG8S_QEqE-hb1rdw4qqQUx2p_z12D8BPV7woU6VQgFlC7AHsoujy/w400-h249/BRAZAO.png" width="400" /></a></div>Luiz Carlos Azedo, <a href="https://www.correiobraziliense.com.br/politica/2024/03/6826167-analise-lira-lava-as-maos-na-prisao-de-chiquinho-brazao.html" target="_blank">Correio Braziliense</a><p></p><p><b>PSol, PCdoB e PT, os partidos que mais se empenharam na CCJ para acolher a decisão de Moraes, sozinhos, não têm força suficiente para influenciar a pauta da Câmara</b></p><p>A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) adiou a decisão sobre a manutenção da prisão do deputado Chiquinho Brazão, o que gerou indignação de parlamentares do PSol, partido de Marielle Franco, e de outras legendas de esquerda, como o PT, mas não teve nenhum questionamento por parte do Centrão, com exceção do deputado Artur Maia (União-BA). A expectativa de que haveria um acordo para acelerar o processo, de parte de alguns deputados, foi frustrada pela manobra feita pelo deputado Gilson Marques (Novo-SC), que pediu “vista coletiva” do parecer do deputado Darci de Matos (PSD-SC), relator do caso, que defendeu a manutenção da prisão. Apoiaram o pedido o PL e o PR.</p><p>No início da sessão, Arthur Maia e a presidente da CCJ, Carol de Toni (PL-SC), discutiram sobre o regimento. O deputado disse que o União Brasil não pediria vista e cobrou celeridade no processo de votação. A parlamentar esclareceu que não houve acordo entre os líderes de bancada e que o pedido de vista é regimental. “Há um clamor da imprensa de que aconteça uma deliberação ainda hoje”, ponderou Maia, sem sucesso.</p><p>O relator Darci de Matos havia encampado a tese do ministro Alexandre de Moraes, do STF, de que a prisão preventiva do deputado foi decretada por atos de obstrução à Justiça, os quais, segundo a Corte, continuavam a ser praticados “até os dias atuais”. Gilson Marques, ao pedir vista, alegou que o relatório da Polícia Federal, que tem 479 páginas, e a decisão de Moraes, com 41 páginas, não estavam no sistema para consulta da CCJ. Roberto Duarte (Republicanos-AC) também pediu vista do ofício, com argumento de que a decisão não poderia ser tomada de afogadilho.</p><p>Na sessão, por videoconferência, Chiquinho Brazão disse que os debates na Câmara Municipal do Rio de Janeiro não podem ser usados como motivo para ligá-lo ao assassinato de Marielle. “Eu estava ali lutando para aprovar o projeto de lei que regulamentava, em um período de um ano, os condomínios irregulares”, disse. Gelada, Carol de Toni permaneceu impassível durante a sessão, como se nada estivesse ocorrendo de anormal.</p><p>A ameaça que fez de suspender os trabalhos se houvesse tumulto funcionou, ainda que parlamentares do PSol e do PL se digladiassem no plenário. Segundo ela, tentou-se um acordo para evitar o pedido de vista, mas não houve consenso. “Se um deputado pedir vista, será atendido”, explicou. Era jogo combinado com a bancada da bala: “Fico pasmo com essa pressa, com esse afogadilho”, disse Marques, ao pedir vista. Inutilmente, Sâmia Bomfim (PSol-SP) reagiu: “Pressa? Pressa? Faz seis anos desse crime bárbaro”.</p><p><b>Decantação</b></p><p>O adiamento pelo prazo de duas sessões do plenário da Câmara representará 10 dias. Como não haverá sessões na próxima semana, o assunto ficará para depois da Páscoa. O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) ainda solicitou ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que submetesse o parecer de Darci de Matos ao plenário da Casa, sem esperar a CCJ decidir, como aconteceu com outros parlamentares. Foi o caso de Daniel Silveira (PL-RJ), que também foi preso por ordem do Supremo.</p><p>Lira argumentou que os casos anteriores, inclusive o de Silveira, ocorreram durante o recesso. Disse que tanto o pedido de vista coletivo quanto o adiamento da decisão sobre o assunto de sua parte para depois da Páscoa são regimentais e eram previsíveis. O calendário de sessões da Câmara havia sido estabelecido antes da prisão de Brazão, no domingo passado. Sua decisão provocou outro tumulto, deputados do PSol e do PL bateram boca em plenário.</p><p>Na prática, Lira pretende deixar o assunto decantar, e não tomará nenhuma decisão sem apoio da maioria dos líderes de bancada. O que vai determinar o prazo e a própria decisão de Lira é a reação da opinião pública, que tende a se desmobilizar durante a Semana Santa. Como a indefinição também não implica soltura imediata de Brazão, Lira lavou as mãos.</p><p>Chiquinho Brazão foi expulso do União Brasil e está preso desde o último domingo, assim como o irmão Domingos Brazão e o ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro Rivaldo Barbosa. A decisão de Moraes foi confirmada, na segunda-feira, pela Primeira Turma do STF. Chiquinho Brazão é acusado de ser um dos mandantes do assassinato de Marielle e do motorista dela, Anderson Gomes, em 14 de março de 2018, no centro do Rio. Na época, ele era vereador na capital fluminense.</p><p>Na comissão, o advogado de Brazão, Kleber Lopes, deu uma pista de qual será a sua linha de defesa. Segundo ele, a prisão contraria a previsão constitucional segundo a qual um deputado só pode ser preso em flagrante delito por crime inafiançável. Um de seus argumentos será de que Brazão não pode ser punido pela Câmara por fatos anteriores ao exercício do mandato de deputado federal.</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13289173.post-33372113432076672332024-03-27T21:22:00.002-03:002024-03-27T21:22:07.574-03:00O APODRECIMENTO DO ESTADO<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEqmVbMgm1ydlayneSZVaChtahCokFEORg6PqI_Nts8HciWn_RLZWZK8IaO_-_dFHNMrTddHpinulY5r4Im1GI05MaYksPUFLMiBbT0SnhK-YIS9JzodtIcacrf7DTTjUetjCvXqDcEBi4nbWPoap5P0Qw4S6uYxr85WLCVUB5lkK-Nxf9M5ZW/s888/0PF.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="561" data-original-width="888" height="253" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEqmVbMgm1ydlayneSZVaChtahCokFEORg6PqI_Nts8HciWn_RLZWZK8IaO_-_dFHNMrTddHpinulY5r4Im1GI05MaYksPUFLMiBbT0SnhK-YIS9JzodtIcacrf7DTTjUetjCvXqDcEBi4nbWPoap5P0Qw4S6uYxr85WLCVUB5lkK-Nxf9M5ZW/w400-h253/0PF.png" width="400" /></a></div>Elio Gaspari, <a href="https://oglobo.globo.com/opiniao/elio-gaspari/coluna/2024/03/o-apodrecimento-do-estado.ghtml" target="_blank">O Globo</a><p></p><p>Desvendada a trama do assassinato de Marielle Franco, resulta que nela não havia um só bandido desorganizado, daqueles que assaltam, roubam casas ou celulares. Um era chefe da Polícia Civil do Rio; outro, conselheiro do Tribunal de Contas; seu irmão, deputado federal; o pistoleiro e seu motorista, ex-PMs. Essa casta não rouba carros, alguns usam veículos oficiais.</p><p>Pior: Marielle foi assassinada porque atrapalhava os negócios de grilagem de terras e as milícias dos irmãos Brazão. Novamente, os bandidos que mataram Marielle relacionavam-se com o crime que age nas frestas da ausência do Estado, quer na barafunda fundiária, quer na exploração da falta de segurança pública.</p><p>Se existisse um sindicato do crime desorganizado, ele protestaria diante da concorrência desleal praticada pelos doutores e pelos policiais. Esse mesmo sindicato defenderia a classe contra a expansão de suas atividades criminosas.</p><p>Se tudo isso fosse pouco, Marielle foi executada três semanas depois da presepada da intervenção militar na segurança do Rio, e o crime foi planejado pelo chefe da Polícia Civil do Rio, nomeado pelos generais que poriam ordem na casa.</p><p>Inicialmente, pensou-se que o atentado era uma resposta dos criminosos convencionais demarcando o domínio do território. (O signatário caiu nessa.) Ilusão democrática. Não havia bandidos avulsos no lance. Só bandidos articulados no aparelho estatal. Gente que defende seu mercado estimulando a repressão aos PPPPs (pretos, pardos e pobres da periferia). Nela, as polícias matam pelo país afora, dizendo que são “suspeitos”.</p><p>Faz tempo, o assaltante Lúcio Flávio Vilar Lírio enunciou sua lei:</p><p>— Polícia é polícia, bandido é bandido.</p><p>Ela nunca foi respeitada, mas a morte de Marielle mostrou que o apodrecimento do Estado foi além. Ao longo de seis anos, a engrenagem da segurança pública foi sabotada para proteger os criminosos.</p><p>Foi a entrada da Polícia Federal no caso que interrompeu a putrefação. Vale lembrar que um policial federal alertou os generais sobre a periculosidade do delegado colocado à frente da polícia do Rio. Não foi ouvido. Naqueles dias, um general foi a um quartel da PM, e a tropa não lhe deu imediata continência. Não desconfiaram de nada. Achava-se que muita coisa se resolveria se fosse criado o instituto das autorizações para invasão de domicílios a partir da suspeita contra ruas. Pura demofobia.</p><p>De forma esparsa, a metástase do Estado fluminense repete-se em muitos outros. Até hoje, a reação do poder público tem oscilado entre a benevolência e as presepadas.</p><p>A crise da segurança pública não será resolvida por balas de prata, mas a Polícia Federal está aí, mostrando que, bem ou mal, resolve alguns casos que lhe chegam.</p><p>No início do século XX, os Estados Unidos tinham crime organizado, polícia corrupta e Justiça venal. Criado o Federal Bureau of Investigation, o jogo virou. Seu diretor era um sujeito detestável, mas criou o FBI.</p><p>É palpite, mas se a execução de Marielle tivesse capitulado um crime federal, a quadrilha que planejou e executou o crime não teria o atrevimento de embaçar a investigação por seis anos. O respeito à autonomia constitucional dos estados serviu apenas para proteger bandidos encastelados no aparelho do Estado.</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13289173.post-63851315175115327662024-03-26T19:58:00.001-03:002024-03-27T20:14:05.719-03:00O CRIME REDUZ A DEMOCRACIA<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirWNuSa3YzQLOFXqahwVv8sChqHpU5HGLl_RWqYvOOagQKkm2aoXYMRI5s2ctRkHsuS8Bs_KamcPhPgdi1PqC5-OyI80au4mySoNjrgFE5P5_4jgxhd01ZcQ9V2bTCoeMpdLjx9rNfXjlj5sW-SzrFlXMYfD5WH6TfyAetBsz72GynCfsFxjVv/s878/0MARIELLEFRANCO.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="483" data-original-width="878" height="220" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirWNuSa3YzQLOFXqahwVv8sChqHpU5HGLl_RWqYvOOagQKkm2aoXYMRI5s2ctRkHsuS8Bs_KamcPhPgdi1PqC5-OyI80au4mySoNjrgFE5P5_4jgxhd01ZcQ9V2bTCoeMpdLjx9rNfXjlj5sW-SzrFlXMYfD5WH6TfyAetBsz72GynCfsFxjVv/w400-h220/0MARIELLEFRANCO.png" width="400" /></a></div>Míriam Leitão, <a href="https://oglobo.globo.com/blogs/miriam-leitao/coluna/2024/03/o-crime-reduz-a-democracia.ghtml" target="_blank">O Globo</a><p></p><p><b>Revelações da PF sobre o caso Marielle mostram que houve no Rio uma simbiose entre o crime e a estrutura do próprio Estado</b></p><p>É de democracia que se trata no caso da morte de Marielle Franco. Desde o começo. Os que mataram a vereadora, crime no qual morreu também o motorista Anderson Gomes, estavam atingindo um mandato, uma representante que se dedicava a uma agenda ampla de defesa dos moradores do Rio. A operação contra os suspeitos de serem mandantes joga luz sobre o risco democrático que se vive no Rio, pela promiscuidade entre o crime, a política e a polícia. Marielle era uma vereadora em início de primeiro mandato, sem conexões com o poder local, nascida em área de periferia, e mesmo assim, foi vista como um obstáculo à expropriação de terra pública, que seria grilada para depois, em muitos casos, ser o caminho para explorar os pobres sem casa.</p><p>O crime é de uma torpeza sem limites, e além disso, essa etapa que está sendo revelada dos irmãos Brazão mostra um pouco do que tem sido o Rio. Sempre se disse que organizações criminosas, traficantes e milicianos, dominam parte do território. Mas a realidade é ainda pior. Houve uma simbiose entre o crime e a estrutura do próprio Estado. Nesta etapa da investigação, o que a Polícia Federal apurou é que um deputado federal, Chiquinho Brazão, um conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Domingos Brazão, exerciam suas funções públicas em defesa dos seus interesses criminosos. Não seriam apenas corrompidos pelo crime, seriam o próprio crime. Para fechar esse verdadeiro cerco à democracia, os indícios são de envolvimento do ex-chefe da Polícia Civil e ex-chefe da Delegacia de Homicídios, Rivaldo Barbosa. O investigador encobrindo o crime.</p><p>Por mais espantoso que pareça a atuação dos irmãos Brazão, já havia inúmeros indícios da vinculação deles com o crime, desde a CPI das Milícias. A procuradora- geral Raquel Dodge chegou a pedir a denúncia de Domingos Brazão. Os Brazão eram um caso de impunidade, mas não de surpresa. E por mais espantoso que pareça um deputado e um conselheiro contratando matadores de aluguel para executar uma vereadora, eles não são os únicos. Há mais deles exercendo mandatos ou cargos públicos.</p><p>A especulação imobiliária da milícia aproveita-se das falhas da política habitacional para os pobres. Muzema, só para citar um exemplo, favela recente na Zona Oeste, é uma área que foi toda “incorporada” pelos milicianos. Eles vendem, financiam, projetam, constroem os prédios. Os pobres do Rio, que pagam aluguéis caros em favelas como a Rocinha, juntam todas as suas economias para dar entradas nos “financiamentos” e vão morar em prédios que não têm qualquer segurança, podem cair por falha de engenharia, ou por algum deslizamento. E seu dinheiro pode simplesmente ser perdido caso os bandidos resolvam por alguma razão retomar o imóvel. É assim que funciona.</p><p>Portanto, quando o inquérito diz que os Brazão achavam que Marielle estava atrapalhando seus planos imobiliários, era isso: ela estava colocando o seu mandato contra as ambições espúrias de quem queria grilar terra pública e explorar os compradores. Marielle corretamente estava querendo as mesmas áreas para habitação popular. Era o exercício democrático do seu papel de vereadora. Pagou com a vida. Com o brutal assassinato eles quiseram demonstrar que qualquer um que atravesse seus interesses pode ter o mesmo fim.</p><p>O Mapa dos Grupos Armados do Rio — que foi lançado pelo Instituto Fogo Cruzado e Geni, da Universidade Federal Fluminense, em 2022 —mostrou que as milícias aumentaram 400% a área sob seu domínio nos últimos 16 anos. O do tráfico, no período, cresceu 131%. O crescimento da milícia foi mais acelerado a partir de 2018. E o Rio está há seis anos sem política de segurança.</p><p>Cecília Oliveira, do Instituto Fogo Cruzado, disse que muito poderia ter sido evitado se houvesse atenção ao relatório da CPI das Milícias.</p><p>—Foram listados lá vereadores, deputados, pessoas lotadas nas prefeituras, câmaras, secretarias do Estado e do município. O relatório é uma espécie de inventário do crime do estado, sobre o qual praticamente nada foi feito. Há dezenas de recomendações para o Ministério Público, governos do estado e federal. Todos sabem quem são, como e com a ajuda de quem eles trabalham — diz a especialista.</p><p>Que democracia é essa em que uma parlamentar é morta por exercer seu mandato e em que o crime ocupa o próprio Estado? Para além das mortes trágicas, esse crime ilumina também a perda de qualidade e de consistência da democracia brasileira.</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13289173.post-1924562140025413742024-03-25T21:48:00.003-03:002024-03-25T21:48:49.022-03:00BOLSONARO FUJÃO <p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi96wSwlv4q0AujZxNP3GFBzOjMrGLo7Jsxl-iYN5RE8jAsomC9qhyzDJr3cBrJbLf3Prgzl16mkNPOf-fT5teT0bhOD2oJBNq8xgrVZLctE3rXcuXzGvUcEJi0DJUyD5bPW2NssyLpgD1OUD439Klg55XC_XCQOFpl18_ypctRRgvgcAVbmMSG/s875/BOLSONARONASENTRANHASDOGOLPE.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="509" data-original-width="875" height="233" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi96wSwlv4q0AujZxNP3GFBzOjMrGLo7Jsxl-iYN5RE8jAsomC9qhyzDJr3cBrJbLf3Prgzl16mkNPOf-fT5teT0bhOD2oJBNq8xgrVZLctE3rXcuXzGvUcEJi0DJUyD5bPW2NssyLpgD1OUD439Klg55XC_XCQOFpl18_ypctRRgvgcAVbmMSG/w400-h233/BOLSONARONASENTRANHASDOGOLPE.png" width="400" /></a></div>Do <a href="https://www.nytimes.com/2024/03/25/world/americas/jair-bolsonaro-hungary-video.html" target="_blank">The New York Times</a>, <a href="https://www1.folha.uol.com.br/poder/2024/03/bolsonaro-passa-2-dias-em-embaixada-apos-ter-passaporte-retido-pela-pf-veja-video.shtml" target="_blank">Folha de S.Paulo</a><p></p><p><b>Bolsonaro passa 2 dias em embaixada após ter passaporte retido pela PF; veja vídeo</b></p><p><i>Imagens de câmera de segurança mostra chegada do ex-presidente ao local; episódio será investigado</i></p><p>RIO DE JANEIRO, BRASÍLIA e NOVA YORK | THE NEW YORK TIMES A Polícia Federal brasileira confiscou o passaporte do ex-presidente Jair Bolsonaro em 8 de fevereiro e prendeu dois de seus ex-assessores sob acusações de que teriam tramado um golpe após o mandatário perder a eleição presidencial de 2022.</p><p>Quatro dias depois, Bolsonaro estava na entrada da embaixada húngara no Brasil, em Brasília, aguardando para entrar, de acordo com imagens das câmeras de segurança da embaixada, obtidas pelo The New York Times.</p><p>O ex-presidente aparentemente permaneceu no local nos dois dias seguintes, conforme mostraram as imagens, acompanhado por dois seguranças e atendido pelo embaixador húngaro e membros da equipe. Bolsonaro, alvo de várias investigações criminais, não pode ser preso em uma embaixada estrangeira que o acolhe, pois elas são legalmente proibidas de acesso pelas autoridades nacionais.</p><p>A estadia na embaixada sugere que o ex-mandatário estava buscando aproveitar sua amizade com um líder de extrema-direita, o primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán, em uma tentativa de escapar do sistema judiciário brasileiro enquanto enfrenta investigações criminais em casa.</p><p>O Times analisou três dias de imagens de quatro câmeras na embaixada húngara, mostrando que Bolsonaro chegou no fim do dia em 12 de fevereiro e saiu na tarde de 14 de fevereiro. No intervalo, ele permaneceu principalmente fora de vista.</p><p>A reportagem verificou as gravações comparando-as com imagens da embaixada, incluindo imagens de satélite que mostravam o carro em que Bolsonaro chegou estacionado no local em 13 de fevereiro.</p><p>Um oficial da embaixada, que falou sob condição de anonimato para discutir assuntos internos, confirmou o plano de hospedar Bolsonaro.</p><p>Após a publicação deste artigo, Bolsonaro confirmou sua estadia na representação húngara. "Não vou negar que estive na embaixada", disse ele ao Metrópoles, um veículo de notícias brasileiro, na segunda-feira. "Tenho um círculo de amigos com alguns líderes mundiais. Eles estão preocupados."</p><p>A embaixada húngara não respondeu a um pedido de comentário.</p><p>Bolsonaro e Orbán têm boa relação há anos, encontrando terreno comum como dois dos principais líderes de extrema-direita em nações democráticas.</p><p>Bolsonaro chamou Orbán de "irmão" durante uma visita à Hungria em 2022. Mais tarde naquele ano, o ministro das Relações Exteriores húngaro perguntou a um oficial do governo Bolsonaro se a Hungria poderia fazer algo para ajudar na reeleição do então presidente, segundo relatório do governo brasileiro.</p><p>Em dezembro deste ano, ambos se encontraram em Buenos Aires na posse do novo presidente de direita da Argentina, Javier Milei. Lá, Orbán chamou Bolsonaro de "herói".</p><p>O ex-presidente brasileiro enfrenta investigações criminais cada vez mais profundas no Brasil. Nos 15 meses desde que deixou o cargo, sua casa foi revistada, seu celular e passaporte confiscados, e vários de seus aliados e ex-assessores foram presos.</p><p>Os casos em que Bolsonaro está envolvido contém uma variedade de acusações, incluindo que ele participou de planos para vender joias que recebeu como presentes do Estado enquanto era presidente e que falsificou seus registros de vacinação contra a Covid-19 para poder viajar aos Estados Unidos.</p><p>A Polícia Federal brasileira indiciou o ex-presidente no caso envolvendo os cartões falsos de vacinação, mas a Promotoria ainda não se manifestou.</p><p>Nas acusações mais graves, a corporação disse que Bolsonaro conspirou com vários de seus principais ministros e assessores para tentar se manter no poder após ser derrotado na eleição. A polícia prendeu alguns de seus principais aliados em 8 de fevereiro e fez buscas nas casas de outros.</p><p>Horas depois, Orbán postou uma mensagem de encorajamento para Bolsonaro, chamando-o de "um patriota honesto" e dizendo para ele "continuar lutando".</p><p>Em 12 de fevereiro, quatro dias depois, Bolsonaro postou um vídeo convocando seus apoiadores para um comício em São Paulo naquele mês. "Quero me defender de todas essas acusações", disse ele no vídeo. "Até lá, se Deus quiser."</p><p>Mais tarde naquele dia, ele foi para a embaixada húngara. Às 21h34, um carro preto apareceu na missão oficial. Um homem saiu, aparentemente batendo palmas para chamar a atenção de alguém. Três minutos depois, o embaixador húngaro no Brasil, Miklós Halmai, abriu o portão do local e indicou onde estacionar.</p><p>No dia seguinte, às 7h26, Halmai saiu da área residencial e digitou em seu telefone. Meia hora depois, o embaixador e outro homem levaram uma cafeteira para a área residencial.</p><p>Durante o resto do dia, a equipe húngara circulou pelos terrenos da embaixada, incluindo pais com uma criança. No início da noite, Bolsonaro passeou pelo estacionamento da embaixada com um de seus seguranças.</p><p>Duas vezes, os seguranças de Bolsonaro saíram. Por volta do almoço, um guarda retornou com o que parecia ser uma pizza. Às 20h38, um dos agentes voltou para o estacionamento da embaixada com outro homem no banco de trás. Carregando uma bolsa, ele entrou na área residencial, onde o ex-presidente parecia estar hospedado. O homem saiu 38 minutos depois.</p><p>Enquanto o carro partia, um homem parecido com Bolsonaro saiu da área residencial para observar.</p><p>Em 14 de fevereiro, os diplomatas húngaros entraram em contato com os membros de sua equipe, que estavam programados para voltar ao trabalho no dia seguinte, dizendo-lhes para ficarem em casa pelo resto da semana, de acordo com um oficial da embaixada. Eles não explicaram o motivo, disse o servidor.</p><p>Naquele dia, Bolsonaro foi visto pela primeira vez nas imagens das câmeras de segurança às 16h14, quando ele e seus dois seguranças saíram da área residencial carregando duas mochilas e foram diretamente para o carro. Halmai os seguiu. O embaixador assistiu ao carro sair e acenou.</p><p>Uma possível prisão de Bolsonaro tem provocado ampla especulação de que ele possa tentar fugir da Justiça. Dois de seus filhos solicitaram passaportes italianos, levando o ministro das Relações Exteriores do país a negar publicamente que Bolsonaro, com ascendência italiana, também tenha buscado cidadania.</p><p>Na noite anterior à sua saída do cargo, o ex-presidente voou para a Flórida e ficou por três meses. Um de seus apoiadores mais proeminentes, o comentarista de extrema-direita Allan dos Santos, conseguiu evitar a prisão no Brasil sob acusações de que ameaçou juízes federais por buscar asilo político nos Estados Unidos.</p><p>Duas semanas após a saída de Bolsonaro da embaixada —não está claro por que ele saiu— ele realizou o comício planejado em São Paulo. Observadores independentes estimaram que 185.000 apoiadores compareceram. No comício, o político repetiu a ideia de que era vítima de perseguição política.</p><p>Ele e seus advogados argumentaram que o Supremo Tribunal do Brasil abusou de seu poder, interferiu nas eleições de 2022 e agora está tentando prendê-lo e a seus aliados. Eles recentemente apontaram para gravações de um ex-assessor de Bolsonaro, cujas confissões se tornaram fundamentais para as investigações, alegando que os investigadores têm uma narrativa predefinida de culpa do ex-chefe do Executivo.</p><p>Nas semanas seguintes, os problemas legais de Bolsonaro pioraram. O Supremo Tribunal do país divulgou documentos mostrando que os líderes do Exército e da Força Aérea Brasileira disseram à polícia que, após perder as eleições de 2022, Bolsonaro apresentou a eles um plano para reverter os resultados.</p><p>Os líderes militares disseram à polícia que se recusaram e alertaram o ex-presidente de que poderiam prendê-lo se ele tentasse fazê-lo.</p><p>Bolsonaro disse neste mês que não está preocupado em ser preso. "Eu poderia muito bem estar em outro país, mas decidi voltar aqui a todo custo", disse ele em um evento político. "Não tenho medo."</p><p>Este artigo foi originalmente publicado no The New York Times.</p><p><b>Jack Nicas , Leonardo Coelho , Paulo Montoryn e Christoph Koettl</b></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13289173.post-38945017898571501922024-03-25T20:56:00.003-03:002024-03-25T20:56:15.575-03:00GANCHO PESADO<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgiU1zk7hLiBbDWXIHhc9CKsuMVrKuBGoykf9b-YpQ1yqErpOvoeDEgr5LMADel59bbyuCCkjJwNPyxGwrajEUCJXy4v6IqOLr_Vl4HAYA9rWOD-B3lyM3nmnBOBb8uhT7PuHLCzQr93Cdn6MlN4tWrfpJseh8p6JvLiWHsHMC9rDu5U_-NSOc0/s1028/GABIGOL.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="552" data-original-width="1028" height="215" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgiU1zk7hLiBbDWXIHhc9CKsuMVrKuBGoykf9b-YpQ1yqErpOvoeDEgr5LMADel59bbyuCCkjJwNPyxGwrajEUCJXy4v6IqOLr_Vl4HAYA9rWOD-B3lyM3nmnBOBb8uhT7PuHLCzQr93Cdn6MlN4tWrfpJseh8p6JvLiWHsHMC9rDu5U_-NSOc0/w400-h215/GABIGOL.png" width="400" /></a></div>Letícia Marques e Raphael Zarko, <a href="https://ge.globo.com/futebol/times/flamengo/noticia/2024/03/25/gabigol-do-flamengo-e-supenso-por-dois-anos-por-tentativa-de-fraude-em-exame-antidoping.ghtml" target="_blank">ge</a> — Rio de Janeiro<p></p><p><b>Gabigol, do Flamengo, pega dois anos de suspensão por tentativa de fraude em antidoping; pena vai até 2025</b></p><p><i>Pena começa a contar a partir da coleta, no ano passado, e termina em 8 de abril de 2025. Cabe recurso à Corte Arbitral do Esporte (CAS). Jogador participou do julgamento nesta segunda</i></p><p>Gabigol foi suspenso por dois anos por fraude do exame antidoping. O julgamento, que teve início na semana passada, foi concluído nesta segunda-feira pelo Tribunal de Justiça Desportiva Antidopagem (TJD-AD), em sessão que durou pouco mais de duas horas.</p><p>Por previsão do regulamento antidopagem (leia mais abaixo), a pena começou a valer a partir de 8 de abril de 2023, quando foi realizada a coleta de exames no CT do clube, ainda que o jogador estivesse em atividade no último ano. Portanto, ele está impedido de jogar até abril de 2025. Cabe recurso.</p><p>O julgamento foi apertado, com o placar de 5 a 4 a favor da punição do atacante.</p><p>Com dois anos de gancho - a punição poderia chegar a quatro anos -, Gabigol pode jogar em abril de 2025 - ou seja, não em abril de 2026. A vice-presidente do Tribunal de Justiça Antidopagem, Selma Melo, explicou que o código estabelece o seguinte no inciso II do artigo 163 - o artigo que trata do início do período de suspensão:</p><p>"na hipótese de atrasos substanciais no procedimento de gestão de resultados e, quando demonstrado pelo atleta ou outra pessoa que não deu causa a tais atrasos, a ABCD ou o TJD-AD, conforme o caso, poderá estabelecer o início do período de suspensão:</p><p>I – na data de coleta da amostra;"</p><p><i>(Trechos extraídos do Código Brasileiro Antidopagem)</i></p><p><a href="https://ge.globo.com/futebol/times/flamengo/noticia/2024/03/25/entenda-atitudes-de-gabigol-no-ct-do-flamengo-que-foram-consideradas-tentativa-de-fraude-no-antidoping.ghtml" target="_blank">+ Entenda atitudes de Gabigol que foram consideradas tentativa de fraude no antidoping</a></p><p>O que significa: houve "atraso substancial" entre a coleta em abril de 2023 e a denúncia no fim do ano passado. Gabigol foi acusado por infração ao artigo 122 do Código Brasileiro Antidopagem, que se refere a "fraude ou tentativa de fraude de qualquer parte do processo de controle". O código prevê suspensão de até quatro anos em caso de condenação. Mas o jogador pegou dois anos por previsão de redução de pena em casos de "comprovação de circunstâncias excepcionais".</p><p>A defesa contou com o testemunho bioquímico LC Cameron, que foi chamado para discutir métodos e técnicas de detecção de exame antidoping. Ele foi questionado pelos advogados que representam Gabigol, pela Procuradoria do tribunal e pelos auditores. No depoimento, Cameron informou que, principalmente do ponto de vista do resultado da coleta, não haveria transgressão.</p><p><b>Recurso no CAS</b></p><p>O jogador foi representado pela equipe do advogado Bichara Neto, que defendeu Paolo Guerrero na suspensão por doping nos tribunais da Fifa em 2017. O vice-presidente geral e jurídico do clube, Rodrigo Dunshee, também participou da sessão em defesa do atacante, que vai recorrer com auxílio do Flamengo (leia nota abaixo) à Corte Arbitral do Esporte, na Suíça, um tribunal da Fifa.</p><p>A denúncia foi feita no fim de dezembro. A defesa do jogador foi enviada no dia 26 de janeiro, dentro do prazo, e contou com imagens da câmera de segurança do Ninho do Urubu para tentar corroborar a versão do atleta.</p><p>No último dia 20, foi realizada durante cinco horas, de forma online, a primeira sessão do julgamento no Tribunal de Justiça Desportiva Antidopagem (TJD-AD). Gabigol prestou depoimento por videoconferência, assim como outras sete testemunhas.</p><p>Na ocasião, o tribunal resolveu encerrar a sessão e dar continuidade nesta segunda, também de forma remota. Gabigol novamente participou da sessão nesta tarde. Um dos pontos de defesa do jogador diz que o atacante fez o exame de sangue, considerado mais efetivo.</p><p><b>Veja a nota oficial do Flamengo</b></p><p><i>"O Clube de Regatas do Flamengo, tomando conhecimento do resultado do julgamento do seu atleta Gabriel Barbosa, no sentido de aplicação de pena de suspensão de 2 anos, até abril de 2025, por 5 votos pela condenação e 4 pela absolvição, vem a público dizer que recebeu com surpresa a referida decisão e que auxiliará o atleta na apresentação de recurso à Corte Arbitral do Esporte (CAS), uma vez que entende que não houve qualquer tipo de fraude, nem mesmo tentativa, a justificar a punição aplicada."</i></p><p><b>Entenda o caso</b></p><p>Gabigol foi acusado de dificultar a realização do antidoping. Mesmo que tenha feito o exame e testado negativo, segundo o artigo, a atitude relatada pelos oficiais de coleta se encaixa como "fraude ou tentativa de fraude de qualquer parte do processo de controle" e, por isso, o atacante respondeu pelo artigo 122 do Código Brasileiro Antidopagem.</p><p>Um dos relatos da denúncia diz respeito à demora do atacante para a realização do exame e o não cumprimento das instruções. À exceção de Gabigol, os jogadores do Flamengo fizeram o exame antes do treino das 10h. O caso aconteceu no dia 8 de abril de 2023 no Ninho do Urubu.</p><p>De acordo com os responsáveis pelo exame, o jogador não se dirigiu a eles antes do treino, depois da atividade os ignorou e foi almoçar, tratou a equipe com desrespeito, não seguiu os procedimentos indicados, pegou o vaso coletor sem avisar a ninguém, irritou-se ao ver que o oficial o acompanhou até o banheiro para a coleta e, ao fim, entregou o vaso aberto, contrariando orientação recebida.</p><p>O processo conhecido como doping surpresa é realizado pela Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD) e costuma ocorrer sem aviso prévio nos centros de treinamentos. Gabigol recebeu a primeira notificação sobre a tentativa de fraude no dia 30 de maio. Posteriormente, o vice geral e jurídico do Flamengo, Rodrigo Dunshee, fez a primeira defesa do jogador. Na sequência, o clube contratou o advogado Bichara Neto para defender o jogador.</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13289173.post-8867651289952809062024-03-25T20:16:00.002-03:002024-03-25T20:16:54.544-03:00CONDENADO POR ESTUPRO<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEje6tuAgBFjuCDAXZsH7eDPRg5kfJsnm1JD6oVqbBLfwX9K1SrvZhoGRGB2AV8qinJvkb4AM_DUlW-a4VrdEebBAkBjNTqph3c88-8Si0aEeK-jmZvRl3yvrVFFh61E4iFaXd3thig7R-OJMCVYDY9WfZLAjlMnQC9d5gKdIodbeSDPykpj5B5M/s838/DANIELALVESOESTUPRADOR.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="489" data-original-width="838" height="234" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEje6tuAgBFjuCDAXZsH7eDPRg5kfJsnm1JD6oVqbBLfwX9K1SrvZhoGRGB2AV8qinJvkb4AM_DUlW-a4VrdEebBAkBjNTqph3c88-8Si0aEeK-jmZvRl3yvrVFFh61E4iFaXd3thig7R-OJMCVYDY9WfZLAjlMnQC9d5gKdIodbeSDPykpj5B5M/w400-h234/DANIELALVESOESTUPRADOR.png" width="400" /></a></div>Do <a href="https://g1.globo.com/mundo/noticia/2024/03/25/daniel-alves-deixa-prisao-apos-pagamento-de-fianca.ghtml" target="_blank">g1</a><p></p><p><b>Daniel Alves deixa prisão após pagamento de fiança</b></p><p><i>Tribunal de Barcelona aceitou pedido da defesa para que ex-jogador aguarde em liberdade a decisão final. Alves recorreu da sentença que recebeu em fevereiro pelo crime de agressão sexual.</i></p><p>Depois de quase 15 meses preso e de pagar uma fiança de 1 milhão de euros, o ex-jogador Daniel Alves, condenado por ter estuprado uma mulher em uma boate na Espanha, deixou a prisão nesta segunda-feira (25) respaldado por uma autorização de liberdade provisória.</p><p>Acompanhado de sua mãe, de sua advogada e de um amigo, Alves saiu nesta manhã da prisão de Brians 2, parte de um complexo prisional a 40 quilômetros de Barcelona. O brasileiro estava no local desde janeiro de 2023, quando foi preso preventivamente enquanto o caso era investigado.</p><p>Nesse período, o ex-jogador teve negados quatro pedidos para aguardar em liberdade. Na semana passada, no entanto, a Justiça espanhola aceitou conceder liberdade provisória.</p><p>O ex-jogador pagou, também nesta segunda, a fiança de 1 milhão de euros (cerca de R$ 5,4 milhões) estipulada pela Justiça. Após verificar o pagamento e recolher os dois passaportes do ex-jogador (o brasileiro e o espanhol), a Audiência Provincial de Barcelona, responsável pelo caso, decretou a liberdade do brasileiro.</p><p>Na última quarta-feira (20), os juízes da Audiência de Barcelona -- a corte mais alta da cidade -- aceitaram, por maioria, deixar Alves em liberdade enquanto a defesa aguarda a sentença definitiva. Sua defesa recorreu da condenação.</p><p>No sábado (23), o Ministério Público de Barcelona recorreu dessa decisão e pediu para que Alves volte à prisão. A Audiência de Barcelona ainda vai analisar o pedido da promotoria.</p><p>Em fevereiro, Alves foi condenado a quatro anos e meio de prisão pelo crime de agressão sexual -- ele foi acusado de estuprar uma mulher em uma boate em Barcelona. A defesa, no entanto, recorreu da sentença e, na sequência, pediu para que o brasileiro aguardasse a deliberação final em liberdade.</p><p>Ao deixar a prisão, o brasileiro entrou no carro no qual sua mãe e sua advogada haviam ido à prisão. O jogador tem uma residência em um bairro nobre de Barcelona. Até a última atualização desta reportagem, a defesa de Alves não informou para onde ele iria.</p><p>O brasileiro poderia ter saído na quinta e na sexta, mas nas duas ocasiões não fez o pagamento da fiança.</p><p><b>Condições para a liberdade</b></p><p>A sentença que garantiu a liberdade provisória sob fiança também determinou que Daniel Alves:</p><p>É obrigado a manter uma distância de pelo menos 1 quilômetro da residência da vítima, de seu local de trabalho ou de qualquer outro lugar frequentado por ela -- a jovem é de Barcelona e também vive na capital catalã;</p><p>Também não pode tentar se comunicar com a denunciante através de nenhum meio;</p><p>Não pode deixar a Espanha;</p><p>Deve comparecer semanalmente ao Tribunal de Barcelona ou quantas vezes lhe for solicitado.</p><p>"O tribunal delibera, por maioria e com voto individual: 'Acordar a prisão provisória de Daniel Alves, que pode ser evitada mediante o pagamento de uma fiança de 1.000.000 euros e, se o pagamento for verificado, e acordada a sua libertação provisória, ou retirada de ambos os passaportes, espanhol e brasileiro, a proibição de sair do território nacional, e a obrigação de comparecer semanalmente a este Tribunal Provincial, bem como quantas vezes for convocada pela Autoridade Judiciária", disse a sentença.</p><p>O brasileiro comprou a residência na capital catalã quando jogava pelo Barcelona. Sua esposa, a modelo espanhola Joana Sanz, vive atualmente na residência, segundo a imprensa espanhola.</p><p>A mãe de Daniel Alves, Maria Lucia Alves, celebrou a sentença nas redes sociais e disse que "a vitória chegou".</p><p>Ela também é alvo de um processo que corre na Justiça espanhola por ter divulgado supostas imagens da vítima -- desde o início do caso, a juíza responsável proibiu que a identidade da denunciante fosse divulgada por qualquer meio.</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13289173.post-84224322027446774662024-03-25T10:35:00.004-03:002024-03-25T10:35:48.821-03:00BRASIL E RANKING DE FELICIDADE MUNDIAL<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitwNa9eivH9sH0DbTrz6ksizp9AFHq7RsMv2a2pMmU-CNHEfNvQWKgQpTc9Vmd7QDDmMC6mcxqx6x4oue-DaNbRRQ0qkuqNl-yv2sfgFPBBgXWYz7MZtt3r6XsnM2KISnMmYtlDiKLa0pPQSPnF7kT7Zu9Y7PgJv_Qhfg429gyPajy0qotqjsg/s960/GABEIRA.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="360" data-original-width="960" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitwNa9eivH9sH0DbTrz6ksizp9AFHq7RsMv2a2pMmU-CNHEfNvQWKgQpTc9Vmd7QDDmMC6mcxqx6x4oue-DaNbRRQ0qkuqNl-yv2sfgFPBBgXWYz7MZtt3r6XsnM2KISnMmYtlDiKLa0pPQSPnF7kT7Zu9Y7PgJv_Qhfg429gyPajy0qotqjsg/w400-h150/GABEIRA.png" width="400" /></a></div>Artigo de <a href="https://gabeira.com.br/brasil-e-ranking-de-felicidade-mundial/" target="_blank">Fernando Gabeira</a><p></p><p>Um ranking da felicidade mundial andou circulando na semana passada. O Brasil aparece no 44º lugar. Os escandinavos figuram, como sempre, na dianteira.</p><p>Sou cético diante do conceito de felicidade permanente. Concordo com o poeta Vinícius de Moraes e a vejo como uma gota de orvalho que oscila e cai como uma lágrima de amor.</p><p>Trabalho mais com o conceito de segurança, ou mesmo de aversão ao risco. A social-democracia o interpretou bem e ganhou mentes e corações.</p><p>Para que se declarem felizes, as pessoas precisam de um sistema público de saúde eficaz. A saúde, para mim, é o fundamento da sensação de felicidade, assim como o bom passe é um fundamento para uma boa partida de futebol.</p><p>O Brasil, com sua imensidão e complexidade, tem um sistema público de saúde respeitável. Durante a pandemia, mesmo quem não o usa levantava cartazes com os dizeres “Viva o SUS”.</p><p>Conheço casais de idosos que se mudaram para o interior por causa de hospitais públicos satisfatórios em algumas cidades médias brasileiras.</p><p>Uma família amiga tem um dos seus internado num hospital público no Ceará. Caso difícil, uma semana de UTI. Se não houvesse assistência gratuita, seu ente querido estaria morto.</p><p>Nem tudo é tranquilo. O Fantástico mostrou uma senhora rastejando pelas escadas, pois não pode se mover normalmente por falta de uma prótese. Espera há dez anos. Num hospital federal do Rio há um depósito de próteses novas abandonadas.</p><p>A combinação de crime organizado e manipulação política criou um estado agudo de crise nos hospitais federais do Rio. É algo antigo. Gustavo Bebianno, no governo Bolsonaro, denunciou a presença de milícias. Wilson Witzel chegou a anunciar que denunciaria os esquemas no Congresso. Segundo o Ministério da Saúde, houve casos de boa administração no Hospital da Lagoa. Logo, em tese, o problema é solucionável.</p><p>Torço para que o governo corra em busca da solução. A tarefa de garantir saúde no Brasil é muito cara. Surgem novas doenças, novas operações. Na semana passada, um brasileiro em Boston liderou o transplante de um rim de porco num homem. Uma pequena revolução.</p><p>É preciso muito dinheiro. E, sem uma administração primorosa, nem com muito dinheiro alcançaremos o objetivo.</p><p>Não vejo a saúde isoladamente. O caso dos ianomâmis, para os quais o país não acha uma saída, depende muito do contexto. É preciso retirar mineradores e despoluir os rios, as grandes fontes de proteína na Amazônia. Com a água contaminada e sem o que comer, não vejo possibilidade de melhorar o nível, sobretudo entre as crianças.</p><p>O ranking mundial de felicidade coloca o Afeganistão dos talibãs como último colocado. Mas, sem água, comida e com hospitais em chamas, bombardeados por Israel, creio que os palestinos encarnam, neste momento, a mais trágica condição humana.</p><p>Governos costumam pensar no aumento de consumo para satisfazer seus eleitores. Esquecem que a saúde é um caminho real. Escrevi sobre ela, como se fôssemos apenas um corpo físico. Mas, nos últimos anos, é evidente para todos que os problemas de saúde mental também são muito importantes.</p><p>Até determinado momento, eram considerados muito secundários. Ocupar-se deles parecia uma frivolidade diante da gravidade do câncer, das doenças cardíacas.</p><p>Lembro-me de que o Butão foi o primeiro país do mundo a considerar a felicidade como critério de avaliação mais importante do que o crescimento do PIB. Mas, de novo, contornarei essa discussão para me fixar apenas na saúde. É um pouco ilusório pensar que governos resolvem a felicidade individual. O que as pessoas dizem na rua é isto:</p><p>— Saúde e paz, o resto a gente corre atrás.</p><p>O que me leva também a uma intuição nada científica de que o governo obteria sua recompensa se chegasse a um sistema de saúde eficaz e a uma política bem-sucedida de segurança pública.</p><p>Os recados da rua não são dogmas, mas às vezes ajudam.</p><p><b>Artigo publicado no jornal O Globo em 25/04/2024</b></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13289173.post-19855803861809129302024-03-24T21:45:00.011-03:002024-03-24T21:49:14.057-03:00ÚLTIMO ENIGMA SOBRE O ASSASSINATO DE MARIELLE FRANCO<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhX_16jId1PBK_sd4nJ530YBC94qo-tho5LvEKZzSRz3RkwrQysLT09sngLL_t37o-5JXmBRS2iDd0rXIS1EVFHnAX78mUQErrxqJxqAzGcxCKEA6Y1Pcyo5OEfbpes1_6o1M_KZ4wEEgoyGn_Ow7OPEAwcvIT4Aj3vh6h_R0oolqyPzbkLu2JW/s496/MARIELLEFRANCO.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="256" data-original-width="496" height="206" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhX_16jId1PBK_sd4nJ530YBC94qo-tho5LvEKZzSRz3RkwrQysLT09sngLL_t37o-5JXmBRS2iDd0rXIS1EVFHnAX78mUQErrxqJxqAzGcxCKEA6Y1Pcyo5OEfbpes1_6o1M_KZ4wEEgoyGn_Ow7OPEAwcvIT4Aj3vh6h_R0oolqyPzbkLu2JW/w400-h206/MARIELLEFRANCO.png" width="400" /></a></div>Fabrício Carpinejar, <a href="https://gauchazh.clicrbs.com.br/colunistas/carpinejar/noticia/2024/03/ultimo-enigma-sobre-o-assassinato-de-marielle-franco-clu5yrtar001y01904ki5jbn9.html" target="_blank">ZERO HORA</a><p></p><p></p><p>Assim é a guerra. Você não entende como começou. Você não entende de que lado estão os bandidos. Você não entende quem mata. Você não entende onde estará seguro. </p><p>Você conclui, primeiro, que são balas perdidas, acidentes, assaltos isolados, tragédias avulsas. Deixa passar. Crianças saindo da escola tombam, adolescentes saindo da igreja tombam, casais saindo de festa tombam. Você tenta criar uma justificativa para o fim desses inocentes: bairro perigoso, briga de tráfico...</p><p>Só que não faz sentido tanta morte. Não pode ser exceção, não pode ser casualidade, não pode ser coincidência. Existe um padrão. Porque a maior parte das vítimas é negra, é da favela, é pobre. </p><p>Vão desaparecendo trabalhadores, gente apegada à família, executada na madrugada, no silêncio da noite. Logo o descaso não espera nem o sol descer, a matança já não tem pudor da luz dos olhos das testemunhas. O crime não é solucionado porque há outro e outro acontecendo. Parece epidemia, mas não é. A generalização leva à banalidade, que desenvolve o medo. As notícias não duram vinte e quatro horas, apenas mudam os nomes dos óbitos. Você parte de um enterro para um novo. Ninguém pergunta nada para não morrer junto. Aceita-se que é assim, que é uma guerra. A realidade torna-se cada vez menos autêntica. </p><p>Descobrir os mandantes do assassinato de Marielle Franco, vereadora do PSOL, morta em março de 2018, não era causa de um partido político ou de uma bandeira da esquerda, era interesse de todos nós, brasileiros. Dependíamos dessa resposta para não sentir que a justiça foi menosprezada pela impunidade. Dependíamos dessa solução de doloroso enigma para entender que ainda existem decência e probidade administrativa no país. </p><p>O bordão “Marielle presente”, que ecoou nos últimos anos em qualquer mobilização popular, mostra que as pessoas que se viam representadas pelos ideais de Marielle assumiram o compromisso de também representá-la com suas existências e protestos. </p><p>Ela se tornou uma multidão, uma nação à procura da verdade. </p><p>Pela primeira vez em seis anos, parece que chegamos ao topo da cadeia que articulou o homicídio da quinta vereadora mais votada do RJ, ativista dos direitos humanos, fuzilada com quatro tiros na cabeça dentro de seu carro, a sangue-frio, com selvageria, com ódio, covardemente, como se uma pessoa fosse um mero arquivo deletado. Tentaram apagar assim — em vão — também sua indignação, seus posts nas redes sociais, suas interrogações sobre o estado policial, sua voz vivaz e intensa de inquietações. No extermínio, morreu junto o seu motorista Anderson Gomes. </p><p>A Polícia Federal prendeu, neste domingo (24), três suspeitos: o deputado federal Chiquinho Brazão (União Brasil-RJ), o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ) Domingos Brazão e o delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio.</p><p>Segundo a operação conjunta entre a Polícia Federal, a Procuradoria-Geral da República e o Ministério Público do Rio de Janeiro, chamada de Murder Inc, os envolvidos são investigados na condição de autores intelectuais do homicídio. Também são apurados os crimes de organização criminosa e obstrução de Justiça. </p><p>A homologação no STF da delação do ex-policial Ronnie Lessa, apontado como responsável pelos disparos que mataram a parlamentar e o motorista, foi determinante para a evolução do caso.</p><p>Todos são do alto escalão do poder. O que prova que era uma vítima escolhida a dedo, monitorada, vigiada, como numa ditadura. Aliás, disso ninguém tinha dúvida. </p><p>Elucidada a primeira questão que parou o Brasil — quem mandou matar a Marielle —, o que queremos saber agora é a motivação política: por quê? Terá sido unicamente a grilagem de terras ou vai além? </p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13289173.post-67502742446644887002024-03-24T14:07:00.002-03:002024-03-24T14:07:53.146-03:00CASO MARIELLE: SUPOSTOS MANDANTES PRESOS<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi97wyabT6_t4UmsECGrnEpEtkoZMFkKuJkr3UM88gwK_3GIp92iMynT_ep3nVHrN_j_wsnpBTwBmGDnFW_NSocJ7yPFOYqZtuEtxFbIFlTzqHfb8qkIkKKX4iidIrdJz0JT7Rnr-FrnaF9YAykXY656UFZOMPyuhqkGV6pFal9K7b3vKCO9x4h/s1179/MANDANTES.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="434" data-original-width="1179" height="148" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi97wyabT6_t4UmsECGrnEpEtkoZMFkKuJkr3UM88gwK_3GIp92iMynT_ep3nVHrN_j_wsnpBTwBmGDnFW_NSocJ7yPFOYqZtuEtxFbIFlTzqHfb8qkIkKKX4iidIrdJz0JT7Rnr-FrnaF9YAykXY656UFZOMPyuhqkGV6pFal9K7b3vKCO9x4h/w400-h148/MANDANTES.png" width="400" /></a></div>Andréia Sadi, Bruno Tavares, César Tralli, Daniela Lima, Darlan Helder, Eduardo Pierre, Leslie Leitão, Marco Antônio Martins, Natuza Nery, Octavio Guedes, Rafael Nascimento, GloboNews, <a href="https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2024/03/24/policia-federal-prende-mandantes-do-assassinato-de-marielle-franco.ghtml" target="_blank">g1</a> Rio e TV Globo — São Paulo e Rio de Janeiro<p></p><p><b>PF prende Domingos Brazão e Chiquinho Brazão por mandar matar Marielle; delegado Rivaldo Barbosa também é preso</b></p><p><i>Operação Murder, Inc. foi deflagrada neste domingo (24) pela Polícia Federal, Procuradoria-Geral da República e Ministério Público do Rio de Janeiro.</i></p><p>Os irmãos Domingos Brazão e Chiquinho Brazão foram presos neste domingo (24) apontados como mandantes do atentado contra Marielle Franco, em março de 2018, no qual também morreu o motorista Anderson Gomes. O delegado Rivaldo Barbosa também foi preso, suspeito de atrapalhar as investigações.</p><p>Os três foram alvos de mandados de prisão preventiva expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A Operação Murder, Inc. foi deflagrada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e pela Polícia Federal (PF). O caso era investigado pela PF desde fevereiro do ano passado.</p><p>Os presos seriam ouvidos na sede da PF no Rio e encaminhados para a Penitenciária Federal de Brasília.</p><p>Domingos é conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ); Chiquinho é deputado federal pelo União Brasil — e por isso tinha foro especial; Rivaldo era chefe da Polícia Civil à época do atentado e hoje é coordenador de Comunicações e Operações Policiais da instituição. Relembre aqui a trajetória dos três.</p><p>Domingos foi citado no processo desde o primeiro ano das investigações, em 2018, e chegou a depor no caso 3 meses após o atentado.</p><p>Os Brazão sempre negaram envolvimento no crime. Ubiratan Guedes, advogado de Domingos, declarou “ter certeza absoluta” de que seu cliente é inocente. O g1 tenta contato com a defesa dos demais envolvidos.</p><p><b>Delegados afastados</b></p><p>Além das três prisões neste domingo, foram expedidos 12 mandados de busca e apreensão na sede da Polícia Civil do Rio e no Tribunal de Contas do Estado.</p><p>A TV Globo apurou que entre os alvos estão o delegado Giniton Lages, titular da Delegacia de Homicídios à época do atentado e o primeiro a investigá-lo, e Marcos Antônio de Barros Pinto, um de seus principais subordinados.</p><p>A jornalista Daniela Lima, da GloboNews, apurou que o ministro Alexandre de Moraes determinou o afastamento dos dois das atuais funções e o uso de tornozeleira.</p><p>Octavio Guedes apurou ainda que Erica de Andrade Almeida Araújo, mulher de Rivaldo, teve busca e apreensão decretada, bens bloqueados e a suspensão da atividade comercial de sua empresa, que, segundo a PF, lavava dinheiro para o marido.</p><p>Os agentes apreenderam documentos e levaram eletrônicos para perícia.</p><p><b>LEIA MAIS:</b></p><p><a href="https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2024/03/24/domingo-de-muita-dor-mas-tambem-para-se-fazer-justica-diz-mae-de-marielle-franco.ghtml" target="_blank">'Domingo de muita dor, mas também para se fazer justiça', diz mãe de Marielle</a></p><p><a href="https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2024/03/24/so-deus-sabe-o-quanto-sonhamos-com-esse-dia-diz-anielle.ghtml" target="_blank">'Só Deus sabe o quanto sonhamos com esse dia', diz Anielle</a></p><p><a href="https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2024/03/24/caso-marielle-veja-quem-ja-foi-preso-e-os-movimentos-da-investigacao.ghtml" target="_blank">Já são 7 presos pelo crime; veja quem</a></p><p><a href="https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2024/03/24/caso-marielle-os-proximos-passos.ghtml" target="_blank">Os próximos passos na investigação</a></p><p><b>Motivação e contrainvestigação</b></p><p>Os investigadores ainda trabalham para definir por que Marielle foi morta. Do que já se sabe, o motivo tem a ver com a expansão territorial da milícia no Rio.</p><p>Os investigadores decidiram fazer a operação no início deste domingo para surpreender os suspeitos. Informações da inteligência da polícia indicavam que eles já estavam em alerta nos últimos dias, após o Supremo Tribunal Federal (STF) homologar a delação premiada do ex-policial militar Ronnie Lessa.</p><p>Ao aceitar o acordo de colaboração com a PF, Lessa apontou quem eram os mandantes e também indicou a motivação do crime.</p><p>Lessa está preso desde 2019, sob acusação de ser um dos executores do crime.</p><p>Os mandantes, segundo o ex-PM, integram um grupo político poderoso no Rio com vários interesses em diversos setores do Estado. O ex-PM deu detalhes de encontros com eles e indícios sobre as motivações.</p><p><b>Repercussão</b></p><p>Monica Benicio, viúva de Marielle, encontra-se na Polícia Federal (veja na imagem acima).Na saída, <a href="https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2024/03/24/monica-benicio-diz-que-nao-esperava-por-nome-de-ex-chefe-da-policia-do-rio-na-lista-de-suspeito.ghtml" target="_blank">disse ter se surpreendido com o envolvimento de Rivaldo Barbosa</a>.</p><p>"Se por um lado, o nome da família Brazão não nos surpreende tanto, o nome de Rivaldo Barbosa sem dúvida nenhuma foi uma grande surpresa, em especial considerando que ele foi a primeira autoridade que recebeu a família no dia seguinte, dizendo que seria uma prioridade da Polícia Civil a elucidação desse caso", declarou.</p><p>Em uma publicação no X (ex-Twitter), Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial e irmã de Marielle, disse que "hoje é mais um grande passo para conseguirmos as respostas que tanto nos perguntamos nos últimos anos".</p><p>"Agradeço o empenho da PF, do gov federal, do MP federal e estadual e do Ministro @alexandre. Estamos mais perto da Justiça!", completou.</p><p>"É um domingo de muita dor, mas também para se fazer justiça", disse Marinete da Silva, mãe de Marielle, em entrevista à GloboNews.</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13289173.post-41506407143757124912024-03-24T00:00:00.004-03:002024-03-24T00:00:00.141-03:00PADRE CÍCERO, 180 ANOS<p><span face="Verdana, sans-serif" style="background-color: #333333; color: white; font-size: 12.48px;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span face="Verdana, sans-serif" style="background-color: #333333; color: white; font-size: 12.48px;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiydih-fInjfzn_pS1yTonRLZYAHuwB_Pg0efY_C_4SjPwdmRe8PhfsxTQaeYv5WtBEPcByW08zZEpxLKzD5FYg8CXav8V3qC3kZrMgNZvxZV6Qc-H0LiQ2Oms2K5UrI6TcmOgyvcciRYzv1qMwmVC5okte2dRlK2pEPKelzAocgl0bG-3rLza7/s912/PADRECICERO.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="542" data-original-width="912" height="238" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiydih-fInjfzn_pS1yTonRLZYAHuwB_Pg0efY_C_4SjPwdmRe8PhfsxTQaeYv5WtBEPcByW08zZEpxLKzD5FYg8CXav8V3qC3kZrMgNZvxZV6Qc-H0LiQ2Oms2K5UrI6TcmOgyvcciRYzv1qMwmVC5okte2dRlK2pEPKelzAocgl0bG-3rLza7/w400-h238/PADRECICERO.png" width="400" /></a></span></div><span face="Verdana, sans-serif" style="background-color: #333333; color: white; font-size: 12.48px;">A cidade de Juazeiro do Norte, no Ceará celebra hoje o aniversário de 180 anos de Padre Cícero. Cícero Romão Batista nasceu no Crato, 24 de março de 1844 e faleceu em Juazeiro do Norte, 20 de julho de 1934. Carismático, Padre Cícero ou “Padim Ciço”, obteve grande prestígio e influência sobre a vida social, política e religiosa do Ceará e da Região Nordeste do Brasil.</span><p></p><p style="background-color: #333333; color: white; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12.48px;"></p><p style="background-color: #333333; color: white; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12.48px;"></p><p style="background-color: #333333; color: white; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12.48px;"></p><div class="MsoNormal" style="background-color: #333333; color: white; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12.48px; line-height: 1.3em; margin: 0px 0px 0.75em;">Padre Cícero, foi o primeiro prefeito de Juazeiro do Norte, em 1911, quando o povoado foi elevado a cidade. Voltou ao poder, em 1914, quando o governador Marcos Rabelo foi deposto. No final da década de 1920, o Padre Cícero começou a perder a sua força política, que praticamente acabou depois da Revolução de 1930. Seu prestígio como santo milagreiro, porém, aumentaria cada vez mais.<br /><br />Em 1° de novembro de 1969 no alto do Horto, em Juazeiro do Norte foi erguido <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLlwwfOAUgGLbrCBfYf7adipgzMzxZKhSVUNsDXc3Q56eciusnk7Rgh2J-PGN9mWYsBw7jzqXolaAHC36ZH1rUUObqqZJvSDr8R3Dkkw9Bex1iYaCfvt1GUSlb8G_IzANx51dAaQ/s1600/72d1_spolon-juazeiro-do-norte%252C-estaatua-do-padre-caicero%252C-foto-de-maaisa-starck.jpg" style="color: #999999;">uma estátua</a> (a terceira maior do mundo) em homenagem ao Padre Cícero Romão Batista. Em 22 de março de 2001 “Padim Ciço” foi eleito o cearense do século.<br /><br />A trajetória religiosa e política de Padre Cícero é relatada na excelente biografia <a href="http://souchocolateenaodesisto.blogspot.com.br/2009/12/padre-cicero-poder-fe-e-guerra-no.html" style="color: #999999;">Padre Cícero: poder, fé e guerra no sertão</a>, do jornalista Lira Neto. A obra é primorosa, resultado trabalho intenso de dez anos de pesquisa, baseada em documentos raros e inéditos tornam a biografia a mais completa obra sobre a vida do mais amado e controvertido religioso que o Brasil já teve, Padre Cícero, para os romeiros e fiéis, o “Padim Ciço”.<br /><br />Clique <a href="https://www.youtube.com/watch?v=nBgyB6Jb2_Y#t=117" style="color: #999999;">aqui</a> e ouça a música <a href="https://www.youtube.com/watch?v=nBgyB6Jb2_Y#t=117" style="color: #999999;">Viva meu Padim</a>, composta pelo Rei do Baião, Luiz Gonzaga e João Silva para homenagear Padre Cícero. A canção tem a participação especial de Benito di Paula.</div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13289173.post-31779548673077217242024-03-23T21:01:00.003-03:002024-03-23T21:01:35.642-03:00O FIM DO MILAGRE CHINÊS ?<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdsRJwDtEFoHwo74q6t2vERztjAhfWI4aIaCe5sJXNAmb1eN866bgZuqApup-CKvVuzU-LUTVcq2KzLZpQbJSFGwW7orwtabsgfDSl4P_KCl4mQAom8yU2Uh2syqS5_SdZidAozLCaOFSCuo32LwqPXpznKcdFNPkd1Wh8MXRltNN1Nc4v-IoH/s459/0CHINA.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="290" data-original-width="459" height="253" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdsRJwDtEFoHwo74q6t2vERztjAhfWI4aIaCe5sJXNAmb1eN866bgZuqApup-CKvVuzU-LUTVcq2KzLZpQbJSFGwW7orwtabsgfDSl4P_KCl4mQAom8yU2Uh2syqS5_SdZidAozLCaOFSCuo32LwqPXpznKcdFNPkd1Wh8MXRltNN1Nc4v-IoH/w400-h253/0CHINA.png" width="400" /></a></div>Carlos Góes, <a href="https://oglobo.globo.com/economia/carlos-goes/coluna/2024/03/o-fim-do-milagre-chines.ghtml" target="_blank">O Globo</a><p></p><p>Talvez você tenha lido alguma notícia sobre a crise migratória na fronteira dos Estados Unidos com o México. Mas eu duvido que o leitor consiga adivinhar a nacionalidade que teve mais crescimento no número de detenções migratórias: os chineses.</p><p>Ao fim de 2023, o número de imigrantes chineses detidos na fronteira era quase 600% maior do que no mesmo período do ano anterior. Mas como há um crescimento percentual tão forte no número de pessoas que estão saindo de um país que está a 11 mil quilômetros para imigrar por terra? Eu, que moro nesta fronteira, também me fiz essa pergunta.</p><p>Quase todos eles, ao cruzar, pedem asilo político — e vão ter seu caso julgado pelas autoridades migratórias. Mas os chineses, vindo de uma ditadura, têm uma probabilidade muito maior de sucesso em seus casos. Em 2021, 17% dos pedidos de asilo de mexicanos foram aceitos. Entre os salvadorenhos, o percentual sobe para 28%. Entre chineses a taxa foi de 81%.</p><p>A probabilidade de sucesso torna a arriscada viagem um pouco mais atrativa. Para muitos deles, ela começa no Equador (país que não exige visto para chineses) e segue por terra cruzando Colômbia, América Central, até a fronteira Norte do México.</p><p>Existem fatores políticos e tecnológicos que podem ajudar a explicar esse incremento no fluxo.</p><p>Há um aumento na repressão política. Políticas recentes incluem interferências sem precedentes em universidades, prisão de advogados de defesa e repressão a protestos em províncias como Hong Kong. Ao mesmo tempo, à medida que as tensões entre EUA e China têm aumentado nos últimos anos, o acesso a vistos de turismo para chineses tem se tornado mais limitado.</p><p>Na esfera tecnológica, a conhecida censura do governo hoje tem implementação mais difícil. Com o uso de softwares de redirecionamento de rede, muitos chineses têm acesso à mídia social ocidental. Entre aqueles que chegaram nos Estados Unidos, muitos relataram ter aprendido sobre o trajeto da viagem no Instagram e no TikTok (ou seus equivalentes chineses).</p><p>Igualmente importante, há muitos fatores econômicos que ajudam a explicar esse tipo de fluxo migratório. Durante décadas, nos acostumamos a ver a economia chinesa crescendo a 10%. Mas a partir da década passada, a trajetória começou a arrefecer, com taxas rondando os 6%. Recentemente, o crescimento chegou a ficar abaixo dos 3% e o FMI prevê que nos próximos anos deve ficar entre 3-4%.</p><p>Como consequência, as projeções futuras de quando a economia chinesa ultrapassará a americana têm sido revisadas para o futuro. Por exemplo, em 2021 o FMI previa que a economia chinesa seria, no ano passado, 76% do tamanho da economia americana. Na verdade, com o crescimento mais baixo, ela chegou em 2023 com 65% da economia americana.</p><p>A previsão mais recente é que nem mesmo em 2028 vá se alcançar os 72% citados anteriormente. Alguns institutos privados já preveem que a economia chinesa nunca vá alcançar o tamanho da economia americana!</p><p>Em parte, a explicação é demográfica. A população americana continua expandindo, por causa do fluxo constante de imigrantes. Já a população chinesa tem envelhecido e estagnado em tamanho, muito em função da política de filho único ali existente.</p><p>Mas também há uma desaceleração no crescimento da produtividade do trabalho na China.</p><p>Isso não deveria ser uma surpresa tão grande. Um dos mais influentes economistas do século passado, Robert Solow, ganhou o Nobel principalmente por uma teoria do crescimento que previa que países mais pobres (com menos capital acumulado) tenderiam a crescer mais rápido do que aqueles com muito capital.</p><p>O Brasil também passou por seu milagre do crescimento. Hoje a China tem uma renda per capita próxima ao brasileiro. A dúvida que fica é se, como nós, eles também vão cair na “armadilha da renda média” — quando um país sai da pobreza e em seguida para de crescer. Num país em que tem taxas de poupança muito altas, infraestrutura bem melhor que a nossa e excesso de estoque de imóveis, é difícil pensar em avenidas tradicionais para estimular o crescimento.</p><p>E isso se reflete do outro lado do mundo. Muitos dos jovens chineses que cruzaram a fronteira falaram a repórteres que saíram da China porque hoje está muito mais difícil encontrar emprego. Para eles, chegou ao fim o milagre chinês. A pergunta mais importante é: e para os chineses, muito mais numerosos, que ficaram em casa? O que o futuro reserva?</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13289173.post-44419827106270654012024-03-22T23:41:00.000-03:002024-03-23T10:57:31.314-03:00DE VOLTA À PRISÃO<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXucsUbllBZsvpX64vVDKArHAh9y7doKm45Y8oZ4TruNhQH555ejMkw90KzGvD8jZ3wRaGf4RZXSe6iqbg57xWuQZAo9pHjJDQyrW8Git1RDnO6uPMGpnwrcvCAQtyR9JnRqnfC9BA_49zu4Bo7iN1U0YUzEOxYIROAorEyQ7S2HtuOESN5Dc1/s1167/0MAUROCID.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="733" data-original-width="1167" height="251" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXucsUbllBZsvpX64vVDKArHAh9y7doKm45Y8oZ4TruNhQH555ejMkw90KzGvD8jZ3wRaGf4RZXSe6iqbg57xWuQZAo9pHjJDQyrW8Git1RDnO6uPMGpnwrcvCAQtyR9JnRqnfC9BA_49zu4Bo7iN1U0YUzEOxYIROAorEyQ7S2HtuOESN5Dc1/w400-h251/0MAUROCID.png" width="400" /></a></div>Márcio Falcão, Gustavo Garcia, Pedro Alves Neto, Isabela Camargo, TV Globo, <a href="https://g1.globo.com/politica/noticia/2024/03/22/apos-vazamento-de-audios-cid-volta-a-ser-preso.ghtml" target="_blank">g1</a> e GloboNews — Brasília<p></p><p><b>Após depor sobre áudios vazados, Cid é preso por descumprimento de medidas e obstrução de Justiça</b></p><p><i>Revista 'Veja' divulgou gravações em que o militar relata ter sido pressionado durante depoimentos à Polícia Federal. Ele também faz críticas a Alexandre de Moraes, do STF.</i></p><p>O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), voltou a ser preso nesta sexta-feira (22).</p><p>A ordem de prisão preventiva do militar foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. A Corte informou que o ex-ajudante de Bolsonaro foi preso por descumprimento de medidas judiciais e por obstrução de Justiça.</p><p>O Supremo não detalhou quais medidas cautelares foram descumpridas (veja aqui quais foram impostas pelo judiciário).</p><p>Cid foi preso depois do vazamento de áudios em que ele afirma ter sido pressionado pela Polícia Federal durante depoimentos. Nas gravações, o militar também faz críticas ao ministro Alexandre de Moraes, do STF. As gravações foram divulgadas pela revista "Veja" nesta quinta-feira (21).</p><p>VALDO CRUZ: três motivos levaram à prisão de Mauro Cid</p><p>Antes de ser preso, Cid foi ouvido por cerca de 30 minutos, no STF, por um juiz auxiliar de Moraes, sobre o conteúdo dos áudios revelados pela revista. No depoimento, ele não contou com quem estava conversando nas gravações que foram divulgadas pela "Veja".</p><p>Segundo o STF, após prestar depoimento ao auxiliar de Moraes, Cid foi encaminhado ao Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal, onde fez um exame de corpo de delito. Na sequência, foi levado para o Batalhão de Polícia do Exército, local em que ficará preso.</p><p>Como é oficial do Exército, Cid tem a prerrogativa de ser preso em um estabelecimento militar.</p><p>Além da prisão do tenente-coronel, agentes da PF cumpriram mandado de busca e apreensão na residência do ex-ajudante de ordens. Um celular dele e outro da esposa de Cid foram apreendidos.</p><p>Os áudios</p><p>Nas gravações divulgadas pela "Veja", Cid acusa Moraes, que homologou a delação dele, e agentes da PF de estarem com a "narrativa pronta" – ou seja, de irregularidades ao longo do acordo de colaboração.</p><p>Segundo Cid, os investigadores "não queriam saber a verdade" nas vezes em que ele prestou depoimento à Polícia Federal.</p><p>O advogado de Mauro Cid, Cezar Bittencourt, afirmou ao blog da Camila Bomfim que os áudios revelam um "desabafo", já que Cid vive um momento de angústia "pessoal, familiar e profissional".</p><p>“Mauro César Babosa Cid em nenhum momento coloca em xeque a independência, funcionalidade e honestidade da Polícia Federal, da Procuradoria-Geral da República ou do Supremo Tribunal Federal na condução dos inquéritos em que é investigado e colaborador, aliás, seus defensores não subscrevem o conteúdo de seus áudios”, afirmou o advogado.</p><p>Após a revelação dos áudios, a Polícia Federal acionou o STF. A corporação quer explicações de Mauro Cid sobre as gravações e diz que foi "levianamente" acusada.</p><p>Primeira prisão</p><p>O ex-ajudante de ordens foi preso pela primeira vez em maio de 2023, na operação que investiga falsificação de cartões de vacinação de Bolsonaro, parentes e assessores.</p><p>Em setembro, após quase seis meses detido, Cid fechou um acordo de colaboração premiada com a Polícia Federal, que foi homologado pelo ministro Alexandre de Moraes. Em seguida, o ex-assessor de Bolsonaro foi solto.</p><p>Quando liberou Cid da prisão, Moraes determinou uma série de medidas que deveriam ser cumpridas pelo militar, como:</p><p>proibição de deixar Brasília e o país, com a obrigação de entregar os passaportes</p><p>recolhimento domiciliar no período noturno e nos finais de semana com uso de tornozeleira eletrônica</p><p>suspensão imediata de quaisquer documentos de porte de arma de fogo</p><p>proibição de utilização de redes sociais</p><p>proibição de contato com os demais investigados, com exceção de esposa e pai.</p><p>No processo de colaboração, ele prestou uma série de depoimentos que auxiliaram a PF em apurações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, como a investigação sobre uma tentativa de golpe de Estado articulada após as eleições de 2022, para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Presidência da República.</p><p>Nesta semana, Cid foi indiciado junto de Bolsonaro e outras 15 pessoas pela falsificação de cartões de vacina. A PF imputou ao militar os crimes de:</p><p>Falsidade ideológica de documento público</p><p>Tentativa de inserção de dados falsos em sistema de informações</p><p>Uso de documento falso</p><p>Associação criminosa</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13289173.post-10098974884327637562024-03-22T23:40:00.001-03:002024-03-22T23:56:06.826-03:00SALVE O ALMIRANTE NEGRO<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1StQ_b4uyAUD-7CT5I8rsopyoy0BsCP5vzRT7bIWeqQUtMofMNiyVfTEbqa9q8uVknu71XpI-ickUsuHF5sqotWOyUyMtNODjZO8f7NE3rMBcgsySPBTIrRVJZoGol7bov5gQScg8FI93rt_Yz4Iqf489MA_e9JIATa6EUSTGVt9vCn4ZW_EP/s888/0ALMIRANTENEGRO.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="539" data-original-width="888" height="243" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1StQ_b4uyAUD-7CT5I8rsopyoy0BsCP5vzRT7bIWeqQUtMofMNiyVfTEbqa9q8uVknu71XpI-ickUsuHF5sqotWOyUyMtNODjZO8f7NE3rMBcgsySPBTIrRVJZoGol7bov5gQScg8FI93rt_Yz4Iqf489MA_e9JIATa6EUSTGVt9vCn4ZW_EP/w400-h243/0ALMIRANTENEGRO.png" width="400" /></a></div>Flávia Oliveira, <a href="https://oglobo.globo.com/opiniao/flavia-oliveira/coluna/2024/03/salve-o-almirante-negro.ghtml" target="_blank">O Globo</a><p></p><p><b>Não é inédito no Brasil que a cultura faça por grandes figuras o que a História, a Justiça, o Estado não fizeram</b></p><p>Coube à escola de samba carioca Paraíso do Tuiuti no carnaval 2024 a mais recente homenagem a João Cândido Felisberto. Num ato adicional de reparação, o carnavalesco Jack Vasconcelos escalou o entregador Max Angelo dos Santos para encarnar o líder da Revolta da Chibata (1910) no segundo dia de desfiles do Grupo Especial na Marquês de Sapucaí. Mais de um século depois do motim de marinheiros contra castigos físicos aplicados pela Marinha em plena República, o morador da Rocinha foi chicoteado com uma coleira de cachorro por uma madame de São Conrado, bairro limítrofe à comunidade. Resquícios de um país forjado na escravidão.</p><p>A ex-jogadora de vôlei Sandra Mathias Correia de Sá foi indiciada pela Polícia Civil por lesão corporal, injúria e perseguição em junho de 2023, dois meses depois da agressão. A justiça que falhou a Max nos tribunais brotou na folia. No desfile do Tuiuti, o entregador veio ao leme da alegoria Dragão do Mar, um navio estilizado que, ao mesmo tempo, relembrava a revolta na Baía de Guanabara e homenageava Chico da Matilde, líder jangadeiro e ícone do movimento abolicionista do Ceará, primeira província brasileira a pôr fim à escravidão, em 1884, quatro anos antes da Lei Áurea.</p><p>Não é inédito no Brasil que arte e cultura façam por grandes figuras nacionais o que a História, a Justiça, o Estado não fizeram. Nesta semana, mais uma evidência se apresentou, quando o Ministério Público Federal enviou ao Ministério dos Direitos Humanos parecer complementar ao processo administrativo para reconhecer João Cândido como anistiado político, bem como à Câmara dos Deputados pela inscrição do almirante no livro dos heróis e heroínas da pátria. O projeto tramita no Legislativo desde 2018.</p><p>O procurador Julio José Araujo Junior usou pesquisas dos historiadores Silvia Capanema e Álvaro Nascimento como prova de que João Cândido foi atormentado pelo Estado por muitas décadas depois da Revolta da Chibata e mesmo após sua morte. Silvia apontou que o almirante foi perseguido por oficiais da Marinha depois da anistia de 1910, na prisão antes de ser julgado e após ser absolvido pelo Tribunal Militar, em 1912. Quem tentou ou escreveu sobre ele, também.</p><p>O jornalista Apparício Torelly, que publicou no Jornal do Povo um texto sobre a revolta escrito pelo médico Adão Pereira Nunes sob pseudônimo, apanhou de militares. No Estado Novo (1937-1945), nada foi publicado sobre a rebelião. A Academia Brasileira de Letras foi criticada por oficiais por citar João Cândido numa sessão em 1948. Raimundo Magalhães Júnior sofreu ameaças de chibatadas em telefonemas anônimos por assinar reportagem no Diário de Notícias. Edmar Morel teve direitos políticos cassados pelo golpe militar de 1964 por publicar o livro “A revolta da chibata” (1959), resultado de dez anos de apuração sobre o motim.</p><p>João Cândido morreu em 1969, mas o esforço por seu apagamento não feneceu. Quatro policiais acompanharam o funeral. Na canção “Mestre-sala dos mares”, de Aldir Blanc e João Bosco, tornada hino em homenagem ao líder, era conhecida a troca imposta da denominação almirante por navegante negro nos versos finais. O parecer do MPF, agora, acrescenta que a ditadura civil-militar vetou a música em 1973, sob alegação de “conteúdo esdrúxulo” e “mensagem negativa”, por falar da “chibata na Marinha”, “prostituição no cais”, “lutas inglórias”, “do trabalhador do cais e sua negritude sofrida”. O censor ainda escreveu que havia “conotação política” na referência à revolta de João Cândido contra castigos físicos e superiores hierárquicos da Marinha.</p><p>Já no fim da ditadura, a escola de samba União da Ilha do Governador teve de submeter aos censores todo o plano do desfile “Um herói, uma canção, um enredo” em homenagem a João Cândido para o carnaval de 1985. O desfile foi aprovado em outubro de 1984. Na documentação, a agremiação escreveu que “a Marinha de hoje nada tem a ver com os episódios acontecidos há 75 anos”.</p><p>Para o procurador Araujo Junior, a série de episódios indica não apenas a omissão prolongada do Estado em anistiar, mas também atitude de vigiar, perseguir e controlar a vida e o legado de João Cândido. Assim, reforça o pedido de anistia política e reparação financeira em promoções e benefícios de pensão por morte formulado pelo filho do almirante, Adalberto Nascimento Cândido, bem como a inscrição no livro dos heróis da pátria. A resistência pela arte, pela cultura, pelo jornalismo são instrumentos a atestar a importância histórica de João Cândido, sistematicamente negada num Brasil que ainda hoje, 60 anos após o golpe militar, tenta silenciar a verdade e a memória.</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13289173.post-68558420586934097932024-03-22T22:44:00.002-03:002024-03-22T22:44:40.112-03:00O FIM DO CICLO INICIADO NA RENÚNCIA DE JÂNIO, EM 1961<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiW9Ve9u9Nau4nloOAqNsWZeatIApEC0HXrZZyFK7xjDxogODMHRa6ae2WEgXK8UzA7g5kWyNH556Gkk1dwy6yjGx9JgGKAk4QyopJxsKY7hE366vCoJVWsN-NUzKg-JeP7mBGnkvAq_Zq0_Zp5NkULmiJ5Ofoh0dKnFhZpNIZIvHuk_nIhOLD3/s1000/JSM.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="623" data-original-width="1000" height="249" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiW9Ve9u9Nau4nloOAqNsWZeatIApEC0HXrZZyFK7xjDxogODMHRa6ae2WEgXK8UzA7g5kWyNH556Gkk1dwy6yjGx9JgGKAk4QyopJxsKY7hE366vCoJVWsN-NUzKg-JeP7mBGnkvAq_Zq0_Zp5NkULmiJ5Ofoh0dKnFhZpNIZIvHuk_nIhOLD3/w400-h249/JSM.png" width="400" /></a></div>José de Souza Martins*, <a href="https://valor.globo.com/eu-e/coluna/jose-de-souza-martins-o-fim-do-ciclo-iniciado-na-renuncia-de-janio-em-1961.ghtml" target="_blank">Valor Econômico</a><p></p><p><b>A coragem dos processos, dos inquéritos e das comissões parlamentares de inquérito podem restituir ao Brasil a soberania que o autoritarismo usurpador substituiu pela técnica antidemocrática das “fake news” e da boçalidade</b></p><p>O levantamento do sigilo de numerosos depoimentos de civis e militares ouvidos no processo da tentativa de golpe de Estado de Jair Bolsonaro e seus ajudantes aparentemente fecha um ciclo de tensões e impasses políticos que teve início na circunstância da renúncia do presidente Jânio da Silva Quadros, em 1961.</p><p>Aquele foi um período agudo da Guerra Fria e da hegemonia americana na América Latina, sobretudo como consequência da Revolução Cubana. Uma revolução que não era comunista, mas movida pelo afã moral e político de completar a independência do país e libertá-lo da condição de cassino e prostíbulo de Miami.</p><p>Os americanos cometeram o grave engano político de irritarem-se com o atrevimento dos cubanos liderados por Fidel de se libertarem da dominação do que havia de pior no capitalismo de periferia. Decretaram o boicote aos produtos da ilha e negando-lhes até mesmo fornecimento de remédios. Aos revoltosos não restou alternativa senão a de aliarem-se aos russos e ao risco da guerra nuclear.</p><p>Os países latino-americanos tiveram seu destino alterado pela polarização entre EUA e URSS. Situação descabidamente persistente na melancólica ascensão do bolsonarismo. E no mais melancólico governo que resultou de técnicas antipolíticas de criação de fantasias que convencessem a grande massa da população brasileira partidarizável, mas não politizada, de que o país estava à beira do abismo vermelho.</p><p>É importante retornar à campanha política do general Hamilton Mourão, que aspirava à presidência, mas foi passado para trás e se conformou em ser vice e subalterno de um capitão do Exército, de curiosa carreira até o poder.</p><p>Mourão e outros altos oficiais militares entendem que a questão política no Brasil é um elo da questão geopolítica centrada na hegemonia americana no continente. Ou seja, o general, mesmo muito depois do fim da União Soviética e da Guerra Fria, continuara e continua preso ao domínio ideológico de uma realidade política que não existe mais. O que sugere que os militares brasileiros foram profissionalmente socializados na visão de mundo de uma sociedade sem alternativa e de um Brasil sem futuro, um Brasil que só tem o futuro da dependência.</p><p>As irracionalidades e arcaísmos dessa visão retrógrada de mundo manifestam-se em todas as partes e em todos os níveis da estrutura política herdada desse passado. A URSS deixara de servir como referência para um desenvolvimento econômico alternativo. Até para Cuba.</p><p>Mas não foram apenas os fatores geopolíticos que afetaram decisivamente a crise decorrente do janismo na direção do que veio a ser o golpe político de 1964. Por trás da conspiração do golpe estava o projeto de transformar o capitalismo brasileiro, cheio de resíduos econômicos não capitalistas, num capitalismo “de verdade”, isto é, que se enquadrasse no capitalismo multinacional que se desenvolvia no mundo após a Segunda Guerra Mundial.</p><p>O nacionalismo econômico brasileiro, que ganhara corpo e substância com a Revolução de Outubro de 1930, com Getúlio Vargas, entra em crise na década de 1950, especialmente com o suicídio de Vargas em agosto de 1954. O suicídio adiou o golpe para 1964, que reintroduzia o país na realidade da dominação externa e dependente. O golpe foi opção para negar ao Brasil um protagonismo histórico próprio e autônomo.</p><p>Um fenômeno paralelo, no qual se prestou pouca atenção, foi o surto religioso, evangélico, dos anos 1950. Na Guerra da Coreia, que resultou na divisão do país em duas Coreias, teve uma função importante para barrar a expansão do comunismo chinês. Apesar de quase metade da população coreana não manifestar confissão religiosa, o protestantismo passou o budismo e chega a quase 20% da população.</p><p>Os americanos descobriram as religiões evangélicas como força política auxiliar da geopolítica de sua dominação. O Brasil tornou-se um dos mais importantes laboratórios dessa inovação política. Juntar a urna das eleições com o gazofilácio do dízimo das igrejas barateou a guerra ideológica. Criou uma modalidade de ascensão social e de dominação política tentadora, sobretudo para a classe média. Viabilizou a tirania econômica neoliberal de Milton Friedman, que reconhecia que ela só funciona em regime político autoritário.</p><p>Os coadjuvantes religiosos do regime bolsonarista fazem parte desse sistema. Nesse sentido a coragem dos processos, dos inquéritos e das comissões parlamentares de inquérito podem restituir ao Brasil a soberania que o autoritarismo usurpador substituiu pela técnica antidemocrática das “fake news” e da boçalidade. É nossa chance de voltarmos a ser brasileiros de verdade, não os de roupa íntima verde-amarela. Não a bandeira para assoar o nariz.</p><p>*José de Souza Martins é sociólogo. Professor Emérito da Faculdade de Filosofia da USP. Professor da Cátedra Simón Bolivar, da Universidade de Cambridge, e fellow de Trinity Hall (1993-94). Pesquisador Emérito do CNPq. Membro da Academia Paulista de Letras. É autor de, entre outros livros, “Capitalismo e escravidão na sociedade pós-escravista” (Editora Unesp, São Paulo, 2023).</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13289173.post-24500691025013425282024-03-22T22:20:00.001-03:002024-03-22T23:04:13.784-03:00O MINISTRO E A SOBREVIVENTE<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4agPzS2E5REwB3vMwwqpnYbv7UqwHXczc1XWUVmfSeXXxP173mKfjZ9rfRbVRlUIoSzFg-kMpUoI1JZf9-OcTKy2SNiUNi1Y_uXJUxUd7vN3aT2YcpOmjWgWEBtDLcAXFJj1Kw1eCE4ADzTEx0bl5VDmj2jayCCYU_oA_GSkTT1bgAGh1OuHQ/s888/0MARIELLE.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="592" data-original-width="888" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4agPzS2E5REwB3vMwwqpnYbv7UqwHXczc1XWUVmfSeXXxP173mKfjZ9rfRbVRlUIoSzFg-kMpUoI1JZf9-OcTKy2SNiUNi1Y_uXJUxUd7vN3aT2YcpOmjWgWEBtDLcAXFJj1Kw1eCE4ADzTEx0bl5VDmj2jayCCYU_oA_GSkTT1bgAGh1OuHQ/w400-h266/0MARIELLE.png" width="400" /></a></div>Bernardo Mello Franco, <a href="https://oglobo.globo.com/blogs/bernardo-mello-franco/coluna/2024/03/o-encontro-de-lewandowski-com-a-sobrevivente-do-atentado-a-marielle.ghtml" target="_blank">O Globo</a><p></p><p><b>O encontro de Lewandowski com a sobrevivente do atentado a Marielle</b></p><p><i>Fernanda Chaves criticou governador do Rio e ouviu promessa que caso será solucionado "em questão de dias"</i></p><p>Um dia depois de anunciar que a delação de Ronnie Lessa foi homologada, o ministro Ricardo Lewandowski recebeu a única sobrevivente do atentado que matou a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes.</p><p>Assessora do PSOL, Fernanda Chaves acompanhou deputados do partido em audiência com o ministro. “Ele não me conhecia. Ficou claramente impactado quando me apresentaram”, conta.</p><p>“Comecei dizendo que a homologação foi a notícia mais importante desde a prisão dos dois executores. Sobretudo para quem acompanha este processo como vítima de tentativa de homicídio e sobrevivente”, afirma.</p><p>Fernanda relatou a Lewandowski que o atentado de 2018 mudou sua vida para sempre. “Quando você não sabe de onde veio, não sabe do que se proteger”, explica. “Saber que um dos investigados tem foro no STF me causa ainda mais ansiedade, já que trabalho há anos no meio político. Isso significa que circulo entre figuras que podem estar comprometidas no crime.”</p><p>A ex-assessora de Marielle aproveitou a reunião para fazer críticas ao governador Cláudio Castro. Afirmou que as investigações sofreram interferência política no Rio e só voltaram a avançar no ano passado, quando a Polícia Federal entrou no caso por ordem do então ministro Flávio Dino.</p><p>“Tinha acabado de ver que o governador havia chamado as notícias sobre a delação de ‘fofoca jurídica’. O ministro respondeu: ‘Pois é, eu também li essa besteira’”, conta.</p><p>Além de mudar sua rotina para seguir protocolos de segurança, Fernanda passou os últimos anos preocupada com a vida dos criminosos que tentaram matá-la. Temia que eles fossem alvo de queima de arquivo para não revelarem os mandantes do atentado.</p><p>“A gente nunca saberia quem mandou matar a Marielle”, afirma. “A violência contra as mulheres na política é uma ameaça crescente. E a impunidade só encoraja os criminosos que continuam ameaçando deputadas, vereadoras e militantes”, acrescenta.</p><p>No fim da conversa, Lewandowski afirmou que os mandantes do atentado serão anunciados “em questão de dias”. Depois de seis anos de espera, a sobrevivente diz que saiu confiante. “Não sei se sou muito esperançosa, mas sempre acabo criando expectativa.”</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13289173.post-58529744601207678652024-03-22T22:19:00.000-03:002024-03-22T23:05:10.093-03:00BOLSONARO É O BRASIL AUTORITÁRIO<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3GPIQ3mtNqKbovaYMItdhrW4eOU1zyAfxfymMCs8_vZsAAWsHvrBBQOFyBoGPXaCcciegfvBV9VnlqH-S801p_nUkOOPSn6ERFXAdfdMNIwD45wAIB-o4fJhnShBS2X4Xi1GgGX4M2ot0o4npDoBtGs5iEJNbqk5b4RPTh3PP6vfuRFn2i0oj/s1000/ABRUCIO.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="787" data-original-width="1000" height="315" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3GPIQ3mtNqKbovaYMItdhrW4eOU1zyAfxfymMCs8_vZsAAWsHvrBBQOFyBoGPXaCcciegfvBV9VnlqH-S801p_nUkOOPSn6ERFXAdfdMNIwD45wAIB-o4fJhnShBS2X4Xi1GgGX4M2ot0o4npDoBtGs5iEJNbqk5b4RPTh3PP6vfuRFn2i0oj/w400-h315/ABRUCIO.png" width="400" /></a></div>Fernando Abrucio*, <a href="https://valor.globo.com/eu-e/coluna/fernando-abrucio-bolsonaro-e-o-brasil-autoritario.ghtml" target="_blank">Valor Econômico</a><p></p><p><b>O ‘mau soldado’ que começou a vida pública planejando um atentado nunca deixou de elogiar a ditadura e torturadores, e as elites políticas nunca deram um basta nesse comportamento</b></p><p>Todo mês de março vem a lembrança do golpe de 1964. Desta vez, sua fatídica realização completa 60 anos. Pensar sobre esse ato é recordar de um regime que por duas décadas sufocou a liberdade, torturou e matou inimigos políticos. O Brasil tem, hoje, o maior período democrático de toda sua história, mas o autoritarismo ainda não foi banido de vez de nossas práticas políticas e sociais. A trajetória política de Bolsonaro, especialmente nos últimos anos, é a melhor síntese dessa batalha inconclusa, certamente com avanços, mas enfrentando ainda grandes desafios na tentativa de banir a lógica autoritária.</p><p>Falar de autoritarismo significa lidar com três formas de manifestação desse fenômeno. A primeira é a mais evidente e diz respeito ao funcionamento das instituições. Eleições livres e competitivas, separação e controle mútuo dos Poderes, salvaguardas federativas dos estados e municípios, bem como a garantia institucional dos direitos dos cidadãos, inclusive os que representam minorias políticas ou sociais, são os principais elementos de uma democracia. Foi aqui que o Brasil avançou mais, com um sistema político que pode estar longe de ser perfeito, mas que foi fundamental para evitar um novo golpe de Estado em 2022. Mas será que nossa institucionalidade preservaria o regime democrático com um novo Bolsonaro ou a volta dele ao poder?</p><p>Se houve a possibilidade da quebra democrática com Bolsonaro, é porque algumas lideranças políticas e sociais supõem que se possa rasgar a Constituição e organizar a tomada ilegal do poder. Essa é uma segunda camada do autoritarismo, que envolve as crenças e práticas de atores e instituições estratégicas, como as Forças Armadas, a classe política, juízes, empresariado e líderes sociais de cunho secular ou religioso, para ficar nos principais grupos. Instituições não se movem sozinhas e como as elites e políticos atuam sobre elas é um aspecto-chave para a consolidação democrática.</p><p>O grau de maturidade democrática avançou mais no plano institucional do que nas práticas das lideranças políticas e sociais, embora inegavelmente tenha crescido o peso da democracia na definição de suas escolhas - e as eleições de 2022 mostraram isso em vários manifestos e discursos públicos. Só que a avaliação sobre a mentalidade autoritária das elites deve ir além de sua possível negação da pregação golpista.</p><p>Há um autoritarismo profundo que se relaciona com a crença de que não somos todos iguais, sendo necessário, segundo as elites que comungam desse ideário, garantir que o Estado ou outras estruturas sociais limitem o avanço dos “de baixo” e preservem os privilégios dos “de cima”. Daí resultam a postura escravocrata, o patrimonialismo, os estamentos estatais e privados que se beneficiam desproporcionalmente dos recursos públicos. Combater a mentalidade autoritária das lideranças políticas e sociais passa também por essas questões.</p><p>A terceira camada do autoritarismo está nos valores e práticas da população de maneira geral. Ela pode ser medida, em parte, pela sua crença em relação à democracia. A última pesquisa do Datafolha sobre esse tema, de 21 de dezembro de 2023, mostrou que 74% dos brasileiros preferem o regime democrático como melhor forma de governo, ao passo que 7% preferem a ditadura e 15% são indiferentes. É uma vitória de goleada, mas a questão é saber o que cada eleitor pensa ser a democracia. A rejeição histórica ao Congresso Nacional e o recente crescimento da visão negativa sobre o Supremo Tribunal Federal revelam que é melhor os democratas não dormirem completamente tranquilos.</p><p>Só que o viés autoritário da população perpassa outros aspectos da vida coletiva. A forma como parcela importante do eleitorado enxerga o tema da segurança pública é um exemplo clássico de veneno para a democracia. A aposta na violência desmedida dos policiais que leva à falta de distinção entre suspeitos e criminosos atinge basicamente os mais pobres, particularmente os negros, relegando-os, desse modo, a uma posição de subcidadania. A cristalização de posições polarizadas que impedem o diálogo entre diferentes, a conversa entre vizinhos, a convivência entre pessoas de religiões diferentes, tudo isso envenena o regime democrático, seja no processo eleitoral, seja para além do jogo institucional.</p><p>De várias maneiras e ao longo de sua trajetória, Bolsonaro expressa o Brasil autoritário. Começou a sua vida pública planejando um atentado, que teria enormes efeitos naqueles primeiros anos de democracia, mas ao final é absolvido de seu crime e abandona as Forças Armadas. Aquele “mau soldado”, como fora definido pelo ex-presidente Geisel, ganhou um perdão que revela como o corporativismo se sobrepôs ao sentido de missão patriótica da instituição militar. Depois do mandato golpista de Bolsonaro, será que os militares aprenderam que por vezes é preciso cortar na carne para ganhar legitimidade democrática?</p><p>A vergonha de uma expulsão dissimulada das Forças Armadas foi sucedida, paradoxalmente, por uma vitória eleitoral resultante basicamente do voto dos próprios militares. Bolsonaro entrou no jogo democrático, sem, no entanto, nunca deixar de elogiar a ditadura e torturadores. Fez isso por décadas, e as elites políticas congressuais nunca deram um basta nesse comportamento que alimentava, silenciosamente, o autoritarismo profundo do Brasil. Chegou a propor o fechamento do Congresso e disse que se ressentia de o então presidente Fernando Henrique não ter sido fuzilado durante a ditadura. Mesmo assim, ninguém o parou nessa trajetória. Dedicou seu voto favorável ao impeachment de Dilma ao coronel Ustra, um dos mais bárbaros torturadores do regime militar. Mais uma vez, foi tratado de forma benevolente pelas instituições e suas lideranças. Bolsonaro era tratado como um político excêntrico, alguém que não representava o sentimento da população brasileira.</p><p>A democracia falhou com Bolsonaro durante décadas e permitiu que um líder autoritário de extrema direita, com grande carisma pessoal, chegasse ao poder. É bom lembrar: mesmo tendo afirmado durante tantos anos e refirmado durante a eleição de 2018 uma visão completamente fora dos parâmetros democráticos, ele obteve apoio explícito de empresários da indústria, do comércio e do agro, de donos de negócios com ramificações internacionais bem-sucedidas, de políticos que haviam passado pelo difícil processo de transição democrática, de financistas que veneram a liberdade da globalização, de artistas populares, além de ter havido um silêncio de parte da burocracia de Estado e mesmo de setores da intelectualidade. Um grupo amplo de militares de patentes superiores ou que tinham comandado setores importantes das Forças Armadas diziam que apoiavam o capitão porque saberiam controlar seus arroubos - e, ao final do jogo, nunca um presidente desmoralizou tanto a instituição militar quanto Bolsonaro.</p><p>Depois de quatro anos de desgoverno, de completa incompetência nas políticas ambientais, de educação e saúde, de responsabilidade direta na morte desmedida de pessoas por covid-19, de agressões contínuas à imprensa, de discursos e práticas misóginas e racistas, afora o seu comportamento mais explicitamente golpista durante todo o mandato, muita gente hoje diz que não sabia o quão autoritário era Bolsonaro.</p><p>O teste de fogo é saber se esses antigos e decepcionados apoiadores aceitarão no futuro próximo políticos que ainda veneram Bolsonaro e/ou vão herdar o bolsonarismo do antigo chefe (que provavelmente estará preso), inclusive adotando seu ideário em políticas educacionais, de segurança pública ou na adoção de visões teocráticas da política. Se aplaudirem o modelo Derrite de combate ao crime e as escola cívico-militares, aceitarem a guerra cultural-religiosa como base do jogo político e fecharem os olhos para as fake news, saberemos de vez se o voto no autoritarismo de Bolsonaro foi ou não um mero deslize.</p><p>O Brasil tem uma democracia de fato, como nunca teve, e que sobreviveu a uma avalanche autoritária. Mas a luta contra a lógica autoritária é mais ampla. Para além das camadas mais profundas do autoritarismo, cuja possível modificação é uma obra para gerações, o evento mais importante dos próximos meses, com possível impacto para muitos anos, é o julgamento do golpismo de Bolsonaro. Em primeiro lugar, se os militares que participaram dos crimes golpistas forem condenados e presos, com aprovação da atual cúpula das Forças Armadas, o discurso do poder moderador será muito difícil de ser mobilizado pelos próximos governantes, o que torna mais difícil tomar o poder pela força. Seria uma grande vitória da democracia, o que não significa que no dia seguinte deixariam de existir eleitores e políticos que comungam da visão bolsonarista autoritária.</p><p>O ponto mais relevante da investigação sobre o golpismo bolsonarista, contudo, é o julgamento de Bolsonaro. Ele atuou nas três camadas possíveis do autoritarismo, lutando contra as instituições, incitando e juntando elites políticas sociais a favor da quebra democrática e, ao fim e ao cabo, mobilizou a população contra o poder democraticamente instituído. Por tudo isso, uma forte punição ao seu golpismo seria uma importante derrota do Brasil autoritário e do espírito do golpe de 1964.</p><p><b>*Fernando Abrucio, doutor em ciência política pela USP e professor da Fundação Getulio Vargas.</b></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13289173.post-6697436210721614662024-03-21T22:09:00.001-03:002024-03-21T23:23:27.825-03:00ROBINHO ATRÁS DAS GRADES<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-wm1qKCBNbhUD5IoWiRBLH7QDgkwiXS5WDCBmWlZ94sXnuzn6g-X-MrNpBw7RuGBXZBrW_4Fbbew_Y0qDlKwefbYVdfMtxBpqxMvAExLeNnIP2WQTCdG4Y8fA3mBEwnzxO2aDmwmsnuOvUbgyCO4laOTJRfPmv0E-nqt-MGu95QdeMjtS-tSn/s1100/ROBINHOPRESO2024.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="648" data-original-width="1100" height="236" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-wm1qKCBNbhUD5IoWiRBLH7QDgkwiXS5WDCBmWlZ94sXnuzn6g-X-MrNpBw7RuGBXZBrW_4Fbbew_Y0qDlKwefbYVdfMtxBpqxMvAExLeNnIP2WQTCdG4Y8fA3mBEwnzxO2aDmwmsnuOvUbgyCO4laOTJRfPmv0E-nqt-MGu95QdeMjtS-tSn/w400-h236/ROBINHOPRESO2024.png" width="400" /></a></div>Matheus Müller, Luiz Linna, Bruno Tavares, TV Globo e <a href="https://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2024/03/21/robinho-passa-por-audiencia-de-custodia-e-vai-para-a-penitenciaria-em-tremembe.ghtml" target="_blank">g1</a> Santos<p></p><p><b>Robinho passa por audiência de custódia e deve ir para a Penitenciária em Tremembé</b></p><p>Ex-jogador foi preso pela Polícia Federal na cobertura em que mora em Santos (SP), na noite desta quinta-feira (21). A detenção acontece um dia após a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidir que o ex-jogador cumpra a sentença italiana no Brasil pelo crime de estupro coletivo contra uma albanesa. A defesa ingressou com um habeas corpus junto ao STF, que negou o pedido.</p><p>Robson de Souza, o Robinho, passou por audiência de custódia, na noite desta quinta-feira (21), na Justiça Federal em Santos (SP) e deverá ser levado ao complexo penitenciário em Tremembé (SP), onde cumprirá a pena de 9 anos de prisão pelo crime de estupro coletivo cometido em 2013 contra uma mulher albanesa. O crime foi julgado na Itália e a condenação será cumprida no Brasil, conforme decisão da Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ).</p><p>Robinho foi preso por volta das 19h na cobertura onde mora em frente à praia, no bairro Aparecida, em Santos. Ele deixou o prédio com uma equipe da Polícia Federal e seguiu até a sede da instituição policial no centro da cidade.</p><p>De lá, o ex-jogador foi conduzido ao prédio da Justiça Federal, onde passou por audiência de custódia e o juiz decidiu pela manutenção da prisão.</p><p>Robinho chegou no Instituto Médico Legal (IML) de Santos, por volta das 22h30, para passar pelo exame de corpo de delito. O ex-atleta deixou o local aproximadamente 10 minutos depois e seguiu à penitenciária.</p><p><b>Condenação e prisão no Brasil</b></p><p>A Corte Especial do STJ julgou e condenou Robinho a 9 anos de prisão em regime fechado pelo crime de estupro coletivo, na última quarta-feira (20). A decisão atendeu a um pedido do governo italiano para que o ex-jogador cumprisse a pena no Brasil, uma vez que o país não extradita brasileiros.</p><p>No julgamento, os ministros do STJ votaram em três quesitos: a condenação, o regime e a aplicação. Em maioria decidiram pela condenação em regime fechado e com homologação da decisão, ou seja, prisão imediata.</p><p>Nesta quinta-feira o Superior Tribunal Federal enviou a ordem de prisão de Robinho à Justiça de Santos, que expediu um mandado de prisão e resultou na detenção por volta das 19h.</p><p>Os advogados de Robinho também ingressaram com um habeas corpus ao Supremo Tribunal Federal (STF), na manhã desta quinta-feira (21), para impedir a prisão até que se encerrem as possibilidades de recurso. O ministro Luiz Fux foi sorteado relator do pedido e negou o pedido de liminar.</p><p><b>Crime</b></p><p>O crime de violência sexual em grupo aconteceu em 2013, quando Robinho era um dos principais jogadores do Milan, clube de Milão, na Itália. Nove anos após o caso, em 19 de janeiro de 2022, a justiça daquele país o condenou em última instância a cumprir a pena estabelecida.</p><p>Robinho foi condenado após ter estuprado junto com outros cinco homens uma mulher albanesa em uma boate em Milão. A vítima, inclusive, estava inconsciente devido ao grande consumo de álcool. Os condenados alegam que a relação foi consensual.</p><p><b>O julgamento</b></p><p>A sessão foi presidida pelo ministro vice-presidente do STJ Og Fernandes. O relator é o ministro Francisco Falcão. Os trabalhos foram transmitidos pelo canal do STJ no YouTube.</p><p>Antes dos votos dos ministros, advogados apresentaram os argumentos pelo prazo de 15 minutos cada. Na sequência, votou o relator. Depois, os demais ministros, por ordem de tempo de casa. Como presidiu a sessão, o ministro Og Fernandes votaria apenas em caso de empate.</p><p><b>Vida em Santos</b></p><p>Antes da decisão em última instância, ele era presença constante nas redes de futevôlei da região e chegou a ser visto diversas vezes em uma quadra de futevôlei montada próxima ao Canal 6.</p><p>Com a condenação italiana, Robinho não deixou de praticar o esporte, apenas passou a preferir convidar os amigos para jogarem em sua quadra particular, no Jardim Acapulco, em Guarujá.</p><p><b>Pedido da Justiça italiana</b></p><p>Robinho vive no Brasil e a legislação nacional impede a extradição de brasileiros natos para cumprimento de penas no exterior. Em novembro, o Ministério Público Federal (MPF) defendeu, em manifestação ao STJ, que ele cumprisse a pena em solo brasileiro.</p><p>Em fevereiro o governo do país europeu apresentou um pedido de homologação de sentença estrangeira, que condenou o ex-jogador em novembro de 2017. O pedido foi encaminhado ao Ministério da Justiça ao Superior Tribunal de Justiça.</p><p>No conteúdo do processo, a defesa de Robinho alegou que a homologação da sentença viola a Constituição, já que a Carta Magna proíbe a extradição de brasileiro nato e, diante disso, ele não cumprir uma pena estabelecida por outro estado.</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13289173.post-41237357670807107342024-03-21T21:22:00.001-03:002024-03-24T21:27:38.238-03:00A MAIOR GOLEADA SOFRIDA PELO ROBINHO<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqc6DwrwqHouvTDcyhir1-kOqKkeISJOt3dxgTE-ZiV0afNML_AQefdBi-aeNk7ZGSNlTyktteQy6fwyR62q8cf1yRItcJe9kcPvS3tMheeDn46joIOFVF-i3tXGuqM06NJyYtiyzeCGSibbR6Jwm8gbd052La3GMu2S9tghC02dloJksG-R2D/s1287/0ROBINHOOESTUPRADOR.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="812" data-original-width="1287" height="253" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqc6DwrwqHouvTDcyhir1-kOqKkeISJOt3dxgTE-ZiV0afNML_AQefdBi-aeNk7ZGSNlTyktteQy6fwyR62q8cf1yRItcJe9kcPvS3tMheeDn46joIOFVF-i3tXGuqM06NJyYtiyzeCGSibbR6Jwm8gbd052La3GMu2S9tghC02dloJksG-R2D/w400-h253/0ROBINHOOESTUPRADOR.png" width="400" /></a></div>Fabrício Carpinejar, <a href="https://gauchazh.clicrbs.com.br/colunistas/carpinejar/noticia/2024/03/a-maior-goleada-sofrida-pelo-robinho-clu1fjr45002e01boimapl6wd.html" target="_blank">ZERO HORA</a><p></p><p>Você não precisava ter esperado tanto.</p><p>Você podia ter assumido o seu crime. </p><p>Você podia ter dado o exemplo. </p><p>Você podia ter se arrependido. </p><p>Você podia ter se dado conta da monstruosidade que praticou sobre uma inocente sem chance de se defender, ao lado de cinco amigos, num revezamento brutal de violência e sarcasmo, num estupro coletivo. </p><p>Seis homens contra uma mulher? Chamar isso de covardia é pouco. </p><p>Você jogou fora a sua carreira naquela noite, em 22 de janeiro de 2013, na boate Sio Cafe, em Milão, na Itália. </p><p>O que adianta ostentar tantos títulos e troféus sem a tábua firme da decência? </p><p>Descartou os dois Campeonatos Brasileiros (2002 e 2004) e a Copa do Brasil (2010) pelo Santos, La Liga (2006-2007 e 2007-2008) e a Supercopa da Espanha (2008) pelo Real Madrid, a Serie A (2010-2011) e a Supercopa da Itália (2011) pelo Milan. </p><p>Colocou no lixo a idolatria brasileira, espanhola, italiana, chinesa, turca, que tinha por onde passava. </p><p>Espatifou a sua Bola de Ouro e as suas Bolas de Prata. </p><p>Tornou-se um extraditado da história da seleção brasileira, ninguém mais vai se lembrar de suas pedaladas, de suas arrancadas fulminantes, de seus dribles desconcertantes. </p><p>Mas o pior não foi ter assassinado o Robinho, o seu personagem no futebol, foi ter aniquilado o homem dentro do jogador, o Robson de Souza. </p><p>Não sobrou ninguém dentro de você. </p><p>Estraçalhou a sua existência a cada dia depois daquele dia em que não assumiu a sua responsabilidade, em que apenas alegou que “não agiu sozinho”. </p><p>Você tentou mentir, mas não conseguiu. Seus áudios grampeados pela Justiça Italiana revelaram a verdade, mostraram que você se vangloriava do ato em meio a gargalhadas, culpabilizando a vítima pela embriaguez. </p><p>“Por isso que eu estou rindo, eu não estou nem aí. A mina, a mina estava extremamente embriagada, não sabe nem quem que eu sou.”</p><p>De herói da Vila Belmiro tornou-se um triste vilão internacional, mais um atleta que se acreditava acima da lei pela sua influência e poder econômico. </p><p>Conseguiu a proeza de ter todo o seu país torcendo contra você. </p><p>Não foi a torcida que mudou de lado, foi você que fardou a misoginia, a masculinidade tóxica. </p><p>Parecia Copa do Mundo, e você estava na escalação adversária. </p><p>Você sofreu a maior goleada de sua história no Superior Tribunal de Justiça: 9 a 2. </p><p>Cada voto favorável de um ministro para a sua reclusão em regime fechado era um gol, e merecia o nosso veemente aplauso.</p><p>Não terá mais como escapar da realidade dos fatos: o STJ decidiu que cumprirá em solo brasileiro a pena imposta na Itália de 9 anos de detenção. </p><p>O que mais me intriga é que, mesmo depois de todo o acontecimento exposto e dissecado em júri, jamais se retratou, jamais pediu perdão à jovem albanesa. </p><p>Você tinha o direito de destruir a sua vida e sua carreira, mas jamais de arrastar outra pessoa em sua aniquilação.</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13289173.post-6035482712399469432024-03-20T22:06:00.001-03:002024-03-22T22:12:38.560-03:00CRIME SEM CASTIGO<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4IbE_xf05PQBVlI1tI3zDGD9OYbjiqb7sYZb9ghDNMKb0ozD_fTYwtdpkTNx5Yt3P_1CD8esMSBvBXdFj0hlp4NzXEEEQOl8AQFhY89UWU9uG9wKii_mshWs4HkWK8Oz5wBjP94f-JSS7yePbefiHiDt5LCqrg8_ZPJcA4MELswAn1RUb1uFa/s888/0PMRJ.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="582" data-original-width="888" height="263" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4IbE_xf05PQBVlI1tI3zDGD9OYbjiqb7sYZb9ghDNMKb0ozD_fTYwtdpkTNx5Yt3P_1CD8esMSBvBXdFj0hlp4NzXEEEQOl8AQFhY89UWU9uG9wKii_mshWs4HkWK8Oz5wBjP94f-JSS7yePbefiHiDt5LCqrg8_ZPJcA4MELswAn1RUb1uFa/w400-h263/0PMRJ.png" width="400" /></a></div>Bernardo Mello Franco, <a href="https://oglobo.globo.com/blogs/bernardo-mello-franco/coluna/2024/03/em-sentenca-que-absolveu-pms-do-caso-claudia-so-a-policia-tem-voz.ghtml" target="_blank">O Globo</a><p></p><p><b>Em sentença que absolveu PMs do caso Cláudia, só a polícia tem voz</b></p><p><i>Juiz citou "legítima defesa" ao livrar policiais que balearam e arrastaram faxineira no asfalto</i></p><p>Numa manhã de domingo, Cláudia Silva Ferreira saiu de casa com R$ 6 para comprar pão. Era seu dia de folga com as crianças. Durante a semana, ela acordava às 4h30 e dava duro num hospital. Com o salário de faxineira, desdobrava-se para criar quatro filhos e quatro sobrinhos.</p><p>A caminho da padaria, foi atingida por tiros disparados pela PM. A pretexto de socorrê-la, os agentes a jogaram no porta-malas e partiram em disparada. O bagageiro se abriu, e o corpo da mulher negra, de 38 anos, foi arrastado pelo asfalto em alta velocidade. Apesar dos alertas desesperados de motoristas e pedestres, a viatura levou 350 metros para parar.</p><p>O caso ocorreu em março de 2014 em Madureira, Zona Norte do Rio. A repercussão foi nacional. A presidente disse que a morte de Cláudia chocou o país. O governador prometeu punições e classificou a ação da polícia como “abominável”. A PM informou que os fatos não condiziam com seus valores, voltados à “preservação da vida e da dignidade humana”.</p><p>Passados dez anos, a Justiça deu outro veredicto. Os seis policiais acusados pelo crime foram absolvidos. O juiz Alexandre Abrahão Dias Teixeira, do 3º Tribunal do Júri, considerou que eles agiram em “legítima defesa”, apesar de Cláudia só ter em mãos um copo de café e três notas de R$ 2.</p><p>O magistrado escreveu que os PMs atiraram para “repelir injusta agressão”, “incorrendo em erro na execução, atingindo pessoa diversa da pretendida”. Ele também absolveu os réus da acusação de fraude processual. Para a Promotoria, eles desmontaram a cena do crime. Para o juiz, apenas “tentaram socorrer a vítima de imediato”.</p><p>A sentença de Teixeira merece ser estudada em faculdades de Direito. Das 31 páginas, 18 se dedicam à transcrição de depoimentos favoráveis aos acusados. Dois são classificados como “excelentes policiais”. Um terceiro, como “oficial tranquilo e cumpridor de ordens”.</p><p>Aparentemente, o juiz não se interessou pelo que teriam a dizer o viúvo ou os vizinhos de Cláudia. Na época, todos criticaram a PM e contestaram a versão oficial de tiroteio. Os moradores do Morro da Congonha não têm nome ou voz na sentença. São apenas “populares revoltados”, que “partiram para cima dos policiais” e causaram “tumulto generalizado”.</p><p>Teixeira cita nove testemunhas, sendo oito policiais. A exceção é uma enfermeira que dava plantão no Hospital Estadual Carlos Chagas quando a viatura chegou com uma mulher ensanguentada no porta-malas. Não havia mais paciente a socorrer. Cláudia estava morta.</p>Unknownnoreply@blogger.com0