Qual a parte das pesquisas que apontam altíssimo índice de
apoio na sociedade à condenação dos mensaleiros, com destaque para a atuação do
presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, o PT ainda não
entendeu?
Sempre atento à direção dos ventos e reverente às consultas
populares por amostragem - ao menos às que indicam a presidente Dilma Rousseff
como a favorita na próxima eleição -, o partido por algum motivo insiste em
ignorar a opinião da maioria sobre o resultado do julgamento do mensalão.
Em julho último, o instituto Datafolha registrou que 74% dos
consultados eram favoráveis à execução imediata das penas. Quando da decretação
das primeiras prisões, em 15 de novembro, 86% disseram que o presidente do STF
havia agido bem. Entre os simpatizantes do PT, 87% tinham a mesma posição.
Ontem, quando o ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil,
Henrique Pizzolato, foi preso na Itália com passaporte falso depois de três
meses foragido para escapar da pena de 12 anos e sete meses de prisão por
lavagem de dinheiro, corrupção e peculato, o ministro da Justiça saudou a
eficiência da ação policial.
"A prisão demonstra a competência da Polícia Federal do
Brasil e responde às críticas contra o órgão", disse José Eduardo Cardozo,
tão petista quanto o vice-presidente da Câmara, André Vargas, o presidente do
PT, Rui Falcão, ou os presos que por meio de cartas ou por intermédio dos
advogados ainda insistem na tese da farsa "midiática".
De um lado o governo do PT põe a polícia atrás do condenado
foragido, anuncia que pedirá sua extradição para fazer cumprir a decisão da
justiça brasileira e, no caso de o pedido ser negado em decorrência da dupla
cidadania de Pizzolato, será enviado o processo para exame da Justiça italiana.
De outro lado figuras proeminentes do mesmo partido erguem
os punhos cerrados, falam em "presos políticos", mobilizam-se para
socorrer os companheiros no pagamento das punições financeiras, esmeram-se nos
ataques ao presidente do STF - ignorando que as condenações ocorreram por
decisão do colegiado - e posam como heróis da resistência a um ato dito
autoritário, injusto e baixado ao arrepio dos conformes da legalidade.
Convenhamos, assim fica difícil de compreender aonde o
partido quer chegar e qual a mensagem que pretende transmitir ao público. Se o
Ministério da Justiça saúda a prisão como expressão do cumprimento da lei, não
se está, na visão daqueles que ocupam postos no Executivo, diante de um
julgamento discricionário.
Estariam os petistas sinceramente divididos? Discordam uns
dos outros ou apenas encarnam cada qual uma face? Do governo não se esperava
outra atitude. O ministro da Justiça disse o que deveria no papel que lhe
cabia. Mas, e os revoltados, esperam obter quais benefícios para si e os
companheiros?
Ao cutucar, provocar e se postar na direção oposta às
evidências da realidade, eles só adiam a possibilidade de uma realização o
menos danosa possível do prejuízo.
Não é de todo incompreensível que o partido defenda seus
filiados, ainda que só considere o julgamento injusto em relação a eles. Como
se os outros réus fizessem parte de um processo diferente, a respeito do qual
não se impõe reparos no PT.
Nessa argumentação, no entanto, é necessário que o partido
fale coisa com coisa. Sob o risco de tal defesa não passar de malhação de
ferreiro em ferro frio.
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