sábado, 31 de maio de 2014

E AGORA, JOAQUIM ?

Da revista Veja
O mineiro Joaquim Barbosa sempre acreditou no esforço pessoal. Filho de um pedreiro e uma dona de casa, estudou em escola pública, formou-se numa universidade federal e assumiu importantes cargos depois de ser aprovado em concurso. À carreira no Ministério Público, acrescentou uma sólida história acadêmica, com passagens, como estudante e professor, por renomadas instituições de ensino do Brasil e do exterior. Barbosa construiu sua trajetória sem a ajuda de padrinhos influentes e sem pedir favores. Numa sociedade acostumada a atalhos duvidosos e ao jeitinho, preferiu o árduo caminho da meritocracia. Essa biografia chamou a atenção do presidente Lula. Em 2003, ele indicou Barbosa para o cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). O objetivo de Lula era nomear pela primeira vez um negro para a mais alta corte do Judiciário e, assim, tirar do papel a agenda de políticas afirmativas do governo. O que Lula não sabia é que a escolha renderia frutos bem maiores. Ele escalara o homem certo, na hora certa, para desferir o mais duro golpe contra a corrupção na história recente do país. Sorte dos brasileiros de bem, azar do PT.
Em 2012 e 2013, durante mais de sessenta sessões plenárias, Barbosa comandou o julgamento do mensalão, como relator do processo e, depois, também como presidente do STF. O resultado criminal é conhecido: o Supremo concluiu que o PT subornou parlamentares para se perpetuar no poder, durante o primeiro mandato de Lula, e condenou a antiga cúpula do partido à prisão. O resultado simbólico também é conhecido: a Justiça finalmente se fez valer para todos, sem distinção, o que foi considerado um divisor de águas na luta contra a impunidade que há séculos privilegia os poderosos no Brasil. Anunciadas as penas e decretadas as prisões, Barbosa se tornou uma espécie de herói nacional, o cavaleiro vingador da capa preta, aplaudido nas ruas e assediado para disputar as eleições. Mas esse era apenas um dos lados da moeda. A outra face, menos evidente, levou o ministro a anunciar, na quin­ta-feira, que deixará o Supremo em junho, onze anos antes do prazo fixado para sua aposentadoria compulsória. “Minha missão está cumprida”, disse Barbosa.
Em fevereiro, VEJA revelou que o ministro cogitava antecipar a aposentadoria. Essa possibilidade ganhou força depois de o plenário derrubar a condenação por formação de quadrilha imposta aos mensaleiros. Barbosa, que se acostumara a formar a maioria, acabou derrotado na votação. Ele suspeitava que dali para a frente, devido à nova composição do tribunal, tenderia a ser sempre derrotado nos embates criminais mais polêmicos. “Essa é uma tarde triste para o Supremo. Com argumentos pífios, foi reformada, jogada por terra, extirpada do mundo jurídico, uma decisão plenária sólida e extremamente bem fundamentada”, lamentou o ministro. A reação estava diretamente relacionada às dificuldades presentes no caso. Lula e o PT jogaram pesado para adiar o início do julgamento, numa tentativa de facilitar a prescrição de certos crimes. Também procuraram ministros para convencê-los a reduzir as penas da companheirada e suavizar o enredo criminoso. Quando o julgamento finalmente começou, Barbosa teve de comprar uma série de brigas para tirar o tribunal de uma espécie de zona de conforto. Uma zona de conforto que, registre-se, sempre contribuiu para dificultar a condenação de políticos, empresários e banqueiros.
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NO "QG" DE SKAF

São Paulo – Pré-candidato ao governo paulista pelo PMDB e presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf contratou a jornalista Helena Chagas, ex-ministra-chefe da Secretaria de Comunicação Social do governo Dilma Rousseff, para comandar a assessoria de imprensa de sua futura campanha.
A decisão foi tomada na mesma semana em que Dilma, em jantar com peemedebistas em Brasília, afirmou que a candidatura de Skaf e a do petista Alexandre Padilha são a “fórmula” para forçar o segundo turno em São Paulo e derrotar o PSDB do governador Geraldo Alckmin. Os tucanos governam São Paulo há 20 anos e venceram as duas últimas disputas em votação única.
Helena Chagas vai atuar em parceria com o jornalista Guilherme Barros, ex- assessor do ministro da Fazenda, Guido Mantega. Além deles, Skaf já conta em seu estafe com outros nomes que trabalharam para o PT em campanhas passadas. O publicitário Duda Mendonça, que comandou a campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002, será o marqueteiro do peemedebista e o advogado Hélio Silveira, que assessorou as campanhas dos petistas Marta Suplicy, Aloizio Mercadante e Fernando Haddad, já atua com o peemedebista.
Skaf, que disputa o Palácio dos Bandeirantes pela segunda vez (foi candidato pelo PSB em 2010), deixará hoje o comando da Fiesp para se dedicar exclusivamente à pré-campanha. Ele será substituído por Benjamin Steinbruch até outubro, quando reassumirá o cargo independentemente do resultado da eleição. Se for eleito governador, deixará a Fiesp em definitivo em dezembro.
Dilema do vice. Embora tenha avançado na formação da equipe, Skaf ainda patina na composição da chapa propriamente dita. A desistência do ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles (PSD) de disputar o Senado (mais informações nesta página) esfriou a aproximação do peemedebista com o partido comandado pelo ex-prefeito Gilberto Kassab.
O peemedebista estava disposto a ceder a vice e a vaga ao Senado para o PSD, mas o anúncio de Meirelles foi visto como maior aproximação de Kassab com Alckmin – o ex-prefeito quer ser o vice na chapa tucana e um terceiro partido, ou o próprio PSDB, lançaria o candidato ao Senado.
Agora, a tendência é o PMDB entrar na disputa com uma chapa pura. Outra opção é oferecer a vaga da vice para o PROS, único partido até agora que declarou apoio a Skaf.
A partir de agora, o pré-candidato vai investir em agendas mais próximas da estrutura do PMDB – por causa do vínculo com a Fiesp, Skaf vinha dando prioridade a agendas mais institucionais, vinculadas ao Senai.
Seu primeiro compromisso com lideranças do PMDB está marcado para amanhã, em Campinas. O estilo centralizador de Skaf causou tensão com deputados estaduais do PMDB, que querem mais espaço na montagem do palanque.
Do Radar Político, O Estado de S.Paulo
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NA HORA CERTA

Por Dora Kramer, colunista de O Estado de S.Paulo
O ministro Joaquim Barbosa é impetuoso, não mede as palavras, bate de frente quando acha que deve bater e não foram poucas as ocasiões em que perdeu as estribeiras no Supremo Tribunal Federal.
Características mercuriais que aparentemente contrastam com a absoluta serenidade com que ele se manteve senhor da razão diante da popularidade jamais alcançada por um magistrado e dono do próprio tempo de sair de cena; soube ver a hora de fazê-lo antes do declínio que não raro se segue ao auge.
Deixar o Supremo antes da aposentadoria compulsória não é prática incomum. O decano da Corte, Celso de Mello, já anunciou que pretende antecipar a saída prevista para 2015. Nos últimos anos, por motivos diferentes, Nelson Jobim, Ellen Gracie e Eros Grau se aposentaram quando ainda tinham tempo pela frente. Mas não houve comoção nem maiores especulações. Joaquim Barbosa é um caso peculiar.
Depois da atuação como relator no processo do mensalão e da passagem pela presidência do STF, que lhe conferiram notoriedade (nos melhores e nos piores dos sentidos, dependendo do ponto de vista), a volta dele como apenas mais um integrante do colegiado ficaria muito difícil. Nada poderia ser como antes. Pasta de dentes que não volta ao tubo.
De imediato, por dois anos estaria sob a presidência de Ricardo Lewandowski, seu mais ferrenho oponente durante o julgamento em que atuou como ministro revisor e cujos embates com Barbosa chegaram a ultrapassar limites de civilidade. De parte a parte, diga-se. Apenas um estava sempre no papel de algoz e outro ficava na posição de vítima.
Sem a presidência ou a autoridade da relatoria de um processo em que foi na maior parte dele irretorquível - basta ver que foi acompanhado pela maioria em quase todas as suas posições -, Barbosa ficaria bastante vulnerável. Os atritos que criou deixaram sequelas que não podiam ser resolvidas ali, enquanto ele estivesse no comando. Mas, depois, talvez o pusessem no rumo do isolamento, do desprestígio.
Diferentemente do ministro Marco Aurélio Mello, com vocação para a polêmica e prazer acadêmico de divergir, Joaquim Barbosa não é homem de aceitar com facilidade o contraditório. Não perde com o mesmo conforto daquele que, ao contrário, não abre mão do direito de ser voto vencido há mais de 20 anos.
Mais que questões de saúde - existentes nos 11 anos em que o ministro passou na Corte - a decisão, de resto anteriormente já anunciada embora sem data, parece ter sido pautada por um sexto sentido que lhe avisou: a missão está cumprida, chega.
O mesmo que o aconselhou a não cair na tentação de atender ao canto da sereia deste ou daquele partido interessado na sua popularidade para fazer do ministro um "puxador" de votos. Tivesse feito isso, teria passado recibo aos que o acusavam de ter dado condução política ao processo do mensalão.
Ademais, para entrar na política teria antes de abrir mão de boa parte de suas convicções. E, com elas, de sua reputação. Por essas e outras citadas acima, saiu na hora certa.
Mal-entendido. Acho que não me fiz entender, quando fiz reparos no artigo "Origem da espécie" à prática do ex-governador Eduardo Campos de atribuir todos os erros que vê no governo exclusivamente à presidente Dilma Rousseff, salvaguardando as duas gestões de Luiz Inácio da Silva.
Não quis dizer, aliás não disse, conforme interpretaram vários leitores, que o candidato do PSB atua como linha auxiliar do PT, muito menos insinuar que Campos poderia abrir mão da candidatura na hipótese de Lula substituir Dilma.
Para ficar bem entendido: a crítica referia-se ao fato de, por uma questão estratégica, o candidato ignorar o fato de que muitos dos defeitos apontados por ele tiveram origem nos governos de Lula.
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VOLTOU ATRÁS...

O juiz federal Eugênio Rosa de Araujo, autor da polêmica decisão segundo a qual candomblé e umbanda "não se constituem em religiões", voltou atrás. Ele manteve a decisão liminar em que autorizou a permanência no YouTube dos vídeos da Igreja Universal, considerados ofensivos pelo Ministério Público, mas mudou a argumentação de que os cultos afro-brasileiros não são religiões.
No novo texto, Araujo explica que a decisão de manter os vídeos teve como fundamento a defesa da liberdade de expressão. Ele lembra que reconheceu na liminar "que tais vídeos são de mau gosto, como ficou expressamente assentado na decisão recorrida, porém refletem exercício regular da referida liberdade".
"Destaco que o forte apoio dado pela mídia e pela sociedade civil demonstra, por si só, e de forma inquestionável, a crença no culto de tais religiões, daí porque faço a devida adequação argumentativa para registrar a percepção deste Juízo de se tratarem os cultos afro-brasileiros de religiões, eis que suas liturgias, deidade e texto-base são elementos que podem se cristalizar, de forma nem sempre homogênea", escreveu.
Ele ressaltou ainda que "inexiste perigo de perecimento das crenças religiosas afro-brasileiras", já que a liminar dizia "respeito à liberdade de expressão e não à liberdade de religião ou de culto".
O MPF pediu a retirada dos vídeos postados no YouTube por entender que afrontavam as religiões afro-brasileiras. Ao analisar o caso, o juiz Araujo escreveu que "as manifestações religiosas afro-brasileiras não se constituem em religiões". Referindo-se à umbanda e ao candomblé, o magistrado afirmou ainda que "não contêm os traços necessários de uma religião" por não terem um texto-base (como a Bíblia ou o Corão), uma estrutura hierárquica nem "um Deus a ser venerado".
A decisão causou revolta em praticantes das religiões afro-brasileiras. Está marcado para esta quarta-feira um ato em solidariedade às religiões de matriz africanas na Associação Brasileira de Imprensa. O MPF recorreu da decisão de Araujo.
Com Agência Estado 
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sexta-feira, 30 de maio de 2014

FIM DA REGRA IMPOSTA

Brasília – O plenário do Supremo Tribunal Federal suspendeu nesta quarta-feira, 21, uma regra imposta em dezembro pelo Tribunal Superior Eleitoral segundo a qual o Ministério Público teria de pedir autorização à Justiça para investigar suspeitas de crimes eleitorais. Foi uma derrota do ministro Antonio Dias Toffoli, que assumiu o comando do TSE na semana passada. Ele era a favor da restrição.
Por 9 votos a 2, o plenário do Supremo concedeu uma liminar suspendendo o artigo 8º. da resolução por considerar que ele feria a Constituição.
Os defensores da restrição argumentaram que a medida servia para evitar o uso político das investigações, como, por exemplo, manter uma suspeita em segredo e só divulgá-la às vésperas de uma votação.
Autora da ação julgada pelo Supremo, a Procuradoria-Geral da República sustentou, no entanto, que a regra violava o princípio acusatório, o dever de imparcialidade da Justiça.
‘Ferramentas’. Ex-integrante do Ministério Público, o presidente do STF, Joaquim Barbosa, afirmou que o TSE extrapolou ao editar a resolução. “Quanto maior for o número de legitimados para fazer a apuração, mais ferramentas o Estado disporá para investigações sobre eventuais práticas delitivas”, disse.
Ele afirmou que não conseguia ver razões ou benefícios para dar à Justiça Eleitoral a “exclusividade” para determinar a abertura de inquéritos”.
O presidente do STF disse ainda que a Constituição garante ao Ministério Público a prerrogativa de requisitar diligências e instalar inquéritos.
“Condicionar as investigações a uma autorização do juiz, instituindo uma modalidade de controle judicial inexistente na Constituição Federal, é incompatível com o sistema acusatório. A independência do Ministério Público ficaria significativamente esvaziada”, afirmou o relator do processo no STF, ministro Luis Roberto Barroso.
“Contraria a Constituição Federal a submissão da instauração de inquérito a uma decisão judicial’, acrescentou. Para a ministra Cármen Lúcia, que já presidiu o TSE, “o Ministério Público é o advogado da sociedade que, na Justiça Eleitoral, atua de frente, de maneira direta”. “Não me parece razoável retirar qualquer tipo de função que ele possa desempenhar, para que o cidadão não fique desguarnecido”, afirmou ela.
Coube a Toffoli a defesa veemente da resolução do tribunal. Ele foi acompanhado apenas pelo ministro Gilmar Mendes, que é vice-presidente do TSE. Toffoli foi o relator da resolução no tribunal eleitoral.
“Não há nenhum cerceamento do poder investigatório de quem quer que seja. A detenção do poder de polícia judiciária nas mãos da magistratura visa impedir que órgãos que não sejam imparciais – e o Ministério Público é parte – atuem e infiram no processo eleitoral de maneira direcionada ou parcial”, disse. De acordo com o ministro, a medida teve o objetivo de garantir “transparência, oficialidade e segurança jurídica aos procedimentos eleitorais”.
‘Sujeito’. Em nome do Ministério Público, a vice-procuradora-geral eleitoral, Ela Wiecko, afirmou que, pela Constituição, o juiz não pode determinar a instauração de inquéritos nem participar da produção de provas. “O juiz é sujeito do processo. Não é parte”, afirmou ela.
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EDIÇÃO ESPECIAL

Da revista Caros Amigos
A editora Caros Amigos lança a edição especial que marca os 10 anos da morte de Leonel Brizola. A edição, que está nas bancas, traz entrevistas, artigos e reportagens que cobrem toda a trajetória de um dos políticos mais importantes do País: a Cadeia da Legalidade, o exílio, sua briga com Roberto Marinho e Rede Globo; a luta em defesa da democracia; a militância contra o golpe civil-militar de 64; a campanha pela redemocratização e uma entrevista exclusiva com a neta, Juliana Brizola, que segue os passos do avô.
Editorial
Rever Leonel Brizola e seu legado político não é apenas questão de memória e história. Em um momento em que o Brasil conquista alguns avanços sociais, espremido entre o desejo progressista e a máquina conservadora, olhar para as ideias que o líder gaúcho defendia é um farol em meio às idas e vindas, com manobras e casuísmos, de um País cuja elite, agora tingida de neoliberal, renega o direito de ser uma nação soberana e socialmente justa.
Nunca se saberá se a reação ao golpe civil-militar de 1964 oferecida por Brizola – mas abortada com a desistência de João Goulart em lutar – poderia ou não ter dado outro rumo ao Brasil e qual. Mas certamente sua defesa por reforma agrária, educação e energia (sobretudo o petróleo e a Petrobras) teria sim levado o País a outro patamar entre as nações do mundo, sem o servilismo e as opressões imperialistas que ainda hoje amarram governos e subjugam interesses nacionais. Capacidade não lhe faltaria, já que deixou exemplos de lutas e vitórias: seus governos no Rio Grande do Sul, quando nacionalizou empresas estadunidenses, criou mais de seis mil escolas e melhorou o transporte público; a Campanha da Legalidade, que garantiu a posse de Jango em 1961; a reação à ditadura com a Guerrilha do Caparaó e seus governos no Rio de Janeiro, que mostrou ao País que outro Brasil é possível - ainda que os governos cariocas posteriores tenham destruído sua obra.
Brizola não era deste ou daquele estado – aliás, foi o único a ser eleito governador e deputado por estados diferentes. Era uma liderança nacional, reconhecida internacionalmente, uma esperança para o povo pobre e despossuído que ainda tinha e tem na lembrança o nome de Getúlio Vargas e tudo o que este representou para os trabalhadores. Era, como diz em entrevista nesta edição especial a neta Juliana Brizola, um político que não tinha medo de assumir suas ideias e de enfrentar as forças que fossem, como fez toda a vida, até depois da abertura política, quando tornou-se uma pedra no sapato dos ex-ditadores e da elite golpista. Desse período, uma batalha emblemática foi contra o então dono da Rede Globo, Roberto Marinho, que não se cansava de desancar, manipular ou omitir ações de sua administração – depois de chamá-lo de "velho senil", Marinho teve que engolir um memorável direito de resposta em seu telejornal mais visto no Brasil.
Esta edição especial marca os 10 anos da morte de Brizola – seu legado, a vida de menino pobre, sua atuação na política. Mas sabemos que ele vive na alegria do samba, na miscigenação das raças, nos morros, nos pampas, na caatinga, nas marcas do povo brasileiro. Brizola veio deste povo, humilde e sofredor, e nunca o perdeu, como fazem outros políticos. Ele vive no "socialismo moreno" de Darcy Ribeiro que aqueles comprometidos com as boas causas ainda sonham construir.
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HÁ 9 ANOS NA REDE

Em 30 de maio de 2005 estreava o blog político Sou Chocolate e Não Desisto. Um dos primeiros blogs de política, atrás apenas do blog do jornalista Ricardo Noblat que teve suas atividades iniciadas em 2004.
Com 3.287 dias no ar e mais de 7891 mil visitas, dos cinco continentes, a cada dia o blog tem se destacado na blogosfera. Nestes nove anos, o blog Sou Chocolate e Não Desisto participou de alguns prêmios, entre eles o TopBlog, a maior premiação voltada para a blogosfera brasileira.
Desde a criação do Prêmio TopBlog em 2009, o nosso blog tem ficado entre os 100 blogs (2009, 2010 e 2012) mais votados na categoria política/pessoal pelo júri popular. Em 2011, ficamos em segundo lugar pelo júri acadêmico. No ano passado, ficamos em terceiro lugar pelo júri popular.
É uma honra muito grande e a responsabilidade a cada dia aumenta. Obrigado a todos os leitores, amigos e parceiros. Valeu galera !
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UM EPISÓDIO A LAMENTAR

Por Carlos Chagas, Tribuna da Internet
Um enigma, dentro de um mistério, cercado por uma charada: por que Joaquim Barbosa antecipou sua aposentadoria, prevista no mínimo para novembro?
Imaginava-se que apenas no final do ano, quando terminado seu mandato, o presidente do Supremo Tribunal Federal pediria as contas para não subordinar-se ao seu desafeto, Ricardo Lewandowski, que o sucederia.
Como deixou de aproveitar o prazo vencido em abril para candidatar-se a presidente da República, governador, senador ou deputado, a dúvida é porque se antecipou, surpreendendo todo mundo, a começar pela presidente Dilma Rousseff e o presidente do Congresso, Renan Calheiros, aos quais participou sua decisão na manhã de ontem.
A explicação mais plausível, mas por enquanto especulativa, seria de que aposenta-se por discordar da maioria de seus colegas ministros, a um passo de revogarem a proibição de que os condenados pelo mensalão pudessem trabalhar fora da cadeia. Barbosa entendeu que antes de cumprirem um sexto de suas sentenças, nem os condenados a prisão semiaberta poderiam deixar os presídios. Dura Lex, Sed Lex, foi sua decisão. Na iminência de ser desautorizado pela maioria do plenário da mais alta corte nacional de justiça, teria preferido retirar-se. Dispõe de tempo de serviço para tanto.
Indaga-se, agora, o que fará Joaquim Barbosa. A curto prazo, nada de política, já que perdeu a oportunidade de disputar as eleições de outubro. Poderá advogar, dar aulas de Direito ou dedicar-se a alguma entidade defensora dos direitos civis. Jamais deixou de referir-se à importância de serem extirpados os preconceitos contra a raça negra, à qual pertence.
Há quem conteste a oportunidade da decisão adotada por Joaquim Barbosa. Afinal, às vésperas da copa do mundo, seu gesto será logo esquecido. Seria precisamente esse o seu objetivo?
Num período de convulsões, protestos e manifestações violentas, como este que assola o país, trata-se de mais uma dúvida a ser esclarecida. Melhor dizendo, de um episódio a ser lamentado. No caso, a saída de um dos mais íntegros e competentes juízes de que dispomos.
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OUTRAS PRIORIDADES

GENEBRA - Nova Iorque anuncia: não será candidata para receber os Jogos Olímpicos de 2024. O motivo: a cidade tem outras prioridades e não quer concentrar recursos para um evento de apenas 17 dias. Quem afirma isso não é algum movimento social ou algum repórter do contra. Mas sim o gabinete do novo prefeito, Bill de Blasio, em reportagem do Wall Street Journal.
Depois de avaliar os benefícios e os problemas de um evento esportivo internacional, a responsável pelo desenvolvimento econômico e moradia de Nova Iorque, Alicia Glen, deixou claro que a decisão da administração era de que não valeria à pena o esforço e o investimento.
A cidade foi candidata a receber o evento em 2012. Mas foi eliminada e a organização ficou com Londres. “Não faz sentido se candidatar”, declarou Glen. Para ela, a meta de ter um evento seria para colocar uma cidade no mapa mundial. Mas isso, segundo Glen, não seria necessário para Nova Iorque. Outro motivo seria atrair turistas. Mas, com 54 milhões de visitantes por ano, a cidade acredita que também não precisa de uma Olimpíada para atrair o mundo. “Nossa sensação é de que poderia até mesmo frear o turismo”, confessou.
Mas o ponto principal é de que ter a Olimpíada na cidade poderia afetar a agenda de desenvolvimento econômico da cidade. Para Glen, se a cidade se focar apenas nas instalações esportivas ou numa área da cidade, outras partes poderiam ser negligenciadas.
“O prefeito quer tomar decisões de desenvolvimento baseados em políticas públicas sólidas e não ir a uma direção particular apenas para atender as necessidades de um evento de 17 dias”, afirmou Glen, que também é a vice-prefeita.
Ela não nega que sediar a Olimpíada tem uma “noção romântica”. “Mas eu acho que quando você pergunta ao cidadão de Nova Iorque nas ruas se ele quer que a cidade e seus esforços sejam direcionados para um evento de três semanas em dez anos, ou se deve arregaçar as mangas e lidar com todos os demais desafios imediatos, acho que a vasta maioria diria: “prefiro assistir ao evento em um telão grande em minha casa”.
De Nova Iorque à Olso, da Suíça à Alemanha, governos democráticos estão pensando duas vezes em lançar suas candidaturas para receber os mega-eventos mundiais. A a Fifa e o COI sabem disso…
Conteúdo: Estadão 
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quinta-feira, 29 de maio de 2014

LINHA AUXILIAR DO PT

Um dirigente do PSDB elaborou na última segunda-feira (26) uma “nota” para orientar o debate da juventude tucana sobre a evolução da conjuntura eleitoral de 2014. Redigido para consumo interno, o texto foi obtido pelo blog. Trata da mudança de comportamento do presidenciável do PSB, Eduardo Campos, que passou a fazer comentários depreciativos sobre Aécio Neves.
‘A Mudança de Postura de Eduardo Campos’, eis o título da nota. Sustenta que o discurso do candidato do PSB começou a mudar “a partir do crescimento dos tucanos nas pesquisas”. Nas últimas sondagens do Datafolha e do Ibope, Aécio amealhou 20% das intenções de voto. Campos, obteve 11%. A acidez de Campos em relação a Aécio, que já era evidente, ficou ainda mais nítida na entrevista concedida por ele ao programa Roda Viva.
Subdividada em seis tópicos, a análise do dirigente tucano ecoa conclusões que Aécio e seus operadores só costumam emitir entre quatro paredes. No item quatro, o texto anota: “Sob o argumento de que poderia se transformar em linha auxiliar do tucano, Eduardo começa a se transformar em linha auxiliar do PT.”
O texto realça que o presidenciável do PSB “passou a usar contra Aécio o mesmo discurso da Dilma e do PT, de que o mineiro significa a volta ao passado. Com isso, consegue apenas amplificar o discurso do PT.”
O documento acrescenta que, ao distanciar-se prematuramente de Aécio, “Eduardo joga por terra a única forma concreta de demonstrar, na prática, o que seria a nova política: colocar os interesses do país à frente dos interesses pessoais, o que significaria, nesse caso, reforçar o campo das oposições contra o governo do PT. E, a partir daí, explicitar suas diferenças com Aécio.”
Nos itens dois e três, a nota atribui o movimento de Eduardo Campos à influência de sua companheira de chapa. “Fica cada vez mais nítido o protagonismo da Marina [Silva] dentro da chapa, o que reforça a ideia [...] de que o PSB tem dois candidatos a presidente.”
Nessa versão, “Marina impõe limites e contornos à candidatura de Eduardo e, na medida em que ele aceita, revela as suas primeiras contradições, já que a sua biografia política, não casa com o discurso que Marina tem forçado Eduardo a  assumir.”
No tópico cinco, a análise do dirigente tucano faz menção a uma notícia veiculada pela Folha em sua edição do último domingo (25). A reportagem revelou que equipamentos e servidores da prefeitura de Guarulhos, comandada pelo PT há 14 anos, foram usados para criar páginas que, sob título de “Aécio Boladasso”, difundiam na internet ofensas ao candidato do PSDB.
Diz o texto repassado à juventude do PSDB: “Chamou a atenção também o comportamento de Eduardo diante das denúncias da Folha de que a prefeitura do PT estava usando máquinas e funcionários para atacar Aécio de forma clandestina nas redes sociais.”
O documento recorda que Aécio teve reação diversa quando Eduardo Campos foi ofendido pelo PT em janeiro. Num texto publicado no Facebook oficial do partido de Dilma Rousseff, o candidato do PSB foi chamado de “tolo”, “playboy mimado'' e candidato “sem projeto, sem conteúdo e sem compostura política.''
E a nota do PSDB: “Por muito menos, quando Eduardo foi chamado de playboy pelo PT, Aécio veio a público se solidarizar com o pernambucano, mesmo se arriscando a ser alvo de mais  ataques do PT. Agora, em um caso de muito maior gravidade, Eduardo ficou em silêncio, lembrando a máxima de que o inimigo do meu inimigo é meu amigo.”
No sexto e último item do documento reservado do PSDB, seu autor revela, em timbre lamurioso, o grau de intoxicação a que chegou a relação do tucanato com Eduardo Campos: “Pelo visto, nada mais parecido com a nova política do que a velha política. O Brasil, que começou a ver no relacionamento amigável e respeitoso de Aécio e Eduardo uma nova forma de fazer política, sai perdendo. O PT comemora e torce para que Marina ganhe cada vez mais influência na chapa.”
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ESSES BABACAS DO METRÔ

Houve um tempo em que esperávamos a Lua entrar na sétima casa, Júpiter se alinhar com Marte e a paz reinar no planeta. Era a aurora da era de Aquarius. Aquarius, Aquarius. As mulheres arrancando os sutiãs, os homens com calça boca de sino, cavalos da polícia dançando, tudo porque a Lua tinha, finalmente, entrado na sétima casa.
Nossas esperanças hoje são mais prosaicas. Em vez de Júpiter se alinhar com Marte, contemplamos o alinhamento da Copa do Mundo com as eleições no Brasil. E os nervos estão mais sensíveis. Na cúpula, governo e Fifa se estranham. Para Jérôme Valcke, o contato com as autoridades brasileiras foi um inferno. Para Dilma Rousseff, Valcke e Joseph Blatter são um peso.
É o tipo de divórcio que não se resolve com as cartomantes que trazem de volta a pessoa amada em três dias. Eles se distanciam num mero movimento defensivo. Quem será o culpado se as coisas não derem certo?
Dilma, com a Copa das Copas, quer enfrentar a eleição das eleições e põe toda a sua esperança nos pés dos atletas. A Fifa não gostaria de entrar numa gelada no Brasil, mesmo porque o Qatar a espera com calor de 52 graus. Seriam dois fracassos seguidos, pois Blatter já admitiu que o Qatar foi um erro.
Essa conjunção histórica está levando a uma certa irritação da cúpula conosco, que não inventamos essa história. Blatter declarou que os brasileiros precisavam trabalhar mais porque as promessas de Lula não foram cumpridas. Nada mais equivocado do que essa visão colonial. Se Blatter caísse no Brasil e vivesse nossa vida cotidiana, constataria que trabalhamos muito mais que ele mesmo, um cartola internacional. Desde quando o objetivo do nosso trabalho é cumprir as promessas de Lula?
A tática de Lula é diferente da de Blatter. Lula não critica nossa insuficiência no trabalho, mas nossas aspirações de Primeiro Mundo. Ele, que vive espantando o complexo de vira-latas, apossando-se politicamente de uma frase de Nelson Rodrigues, nos convida agora a reviver o espírito que tanto condena: "Querer vir de metrô ao estádio é uma babaquice. Viremos a pé, de jumento...". Para Blatter, precisamos trabalhar mais; para Lula, desejar menos. Só assim nos transfiguramos na plateia perfeita para o espetáculo milionário.
Lula começou sua carreira falando em aspirações dos mais pobres, hoje prega o conformismo. Não é por acaso que o PT faz anúncios inspirados no medo de o adversário vencer as eleições. Não há mais esperança, apenas um apego desesperado aos carguinhos, à estrutura do Estado, aos grandes negócios.
No passado exibi um filme em que Lula e Sérgio Cabral dialogam com um garoto do Complexo da Maré. Eles entram em discussão, Cabral ofende o jovem e Lula diz ao garoto que gostava de jogar tênis: "Tênis é um esporte de burguês". Na cabeça de Lula, o menino tinha de se dedicar ao futebol. Outras modalidades seriam reservadas aos ricos. Se pudesse livrar-se de seus aspones e andar um pouco até a Baixada Fluminense, veria um campo de golfe em Japeri onde atuam dezenas de garotos pobres da região. Dali saem alguns dos melhores jogadores de golfe do Brasil.
Lá por cima, pela cúpula, muito nervosismo, uma certa impaciência com um povo que não se ajusta ao espetáculo. Estão mais ansiosos que os próprios jogadores para que o juiz dê o apito inicial. Nesse momento, acreditam, o Brasil cai num clima de festa. Com a vitória da seleção o Brasil entraria num alto-astral e os carguinhos, os grandes negócios, tudo ficaria como antes.
Li nos jornais algumas alusões à Copa de 70, a que assisti na Argélia. De fato, o PT vai se agarrar à seleção como o governo Médici o fez naquela época.
Mas já se passaram tantos anos, o Brasil mudou tanto, e o alinhamento das eleições com a Copa, organizada pelo País, tudo isso traz novidades que a experiência de 1970 não abarca.
Estamos entrando num momento inédito. Dilma é vaiada em quase todo lugar por onde passa. Lula está visivelmente ressentido com o povo, que não o celebra pela realização da Copa; que é babaca a ponto de desejar ir de metrô ao estádio.
Não importa qual deles venha. "Que vengan los toros", como dizem os espanhóis. Não importa quantos gols nosso ataque faça - e espero que sejam muitos -, a glória do futebol não obscurece mais nossas misérias políticas e sociais. Se os idealizadores da Copa no Brasil fizessem uma rápida pesquisa, veriam que o sonho de projetar a imagem de um país pujante e pacífico está ardendo nas fogueiras das ruas, na violência das torcidas, no caos cotidiano nas metrópoles, nos relatos sobre a sujeira da Baía de Guanabara.
O governo do PT e aliados não poderá esconder-se atrás do futebol, porque eles já foram descobertos antes de a Copa começar. A Copa do Mundo não sufoca as denúncias de corrupção porque a própria Copa está imersa nela. A Fifa, com Jérôme Valcke sendo acusado de venda irregular de jogadores, não ajuda. Até o técnico Felipão caiu nas redes do fisco português.
O sonho de uma plateia ideal para a Copa, milhares de pessoas com bandeirinhas, de um eleitorado ideal que vota sempre nos mesmos picaretas, de torcedores ideais que vão a pé ou de jumento para estádios bilionários, esse sonho entra em jogo também. Assim como aquele de projetar a imagem positiva do Brasil, o sonho de uma plateia ideal para a Copa foi por terra. Nem todos cantam abraçados diante das câmeras.
Começou um jogo delicado em que a Copa do Mundo é apenas uma etapa. Valcke vai viver o inferno nos 52 graus do Qatar e Dilma enfrentará a eleição das eleições, a qual precisa vencer, mas não para de cair.
A Lua entrou na sétima casa e não veio o paraíso. As eleições se alinham com a Copa, como Júpiter e Marte, e o Brasil, num desses momentos de verdade decisivos para sair dessa maré. Se estão nervosos agora, imagino quando as coisas esquentarem.
Os babacas que querem ir ao estádio do metrô podem querer também um governo limpo, um combate real à corrupção, serviços públicos que funcionem.
Babacas, felizmente, são imprevisíveis.
Fernando Gabeira, jornalista, escritor e ex-deputado federal
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PADRES, ORGIAS E BALADAS

Por João Loes, da revista ISTOÉ
De noite, orgias, festas e bebedeiras. De dia, missa, confessionário e oração. De noite, jeans, pele bronzeada à mostra e gel no cabelo. De dia, batina, estola e ascetismo. É assim a rotina de um sem-número de padres católicos que vivem uma vida dupla nas grandes capitais do mundo, Roma inclusive. Pelo menos é isso que garante, com vídeos, fotos e descrições dolorosamente ricas, um dossiê em forma de livro e site lançado em abril, na Europa. Batizado de “Sex and the Vatican”, uma alusão ao seriado “Sex and the City” – que conta as aventuras sexuais de quatro mulheres em Nova York –, a obra detalha orgias entre sacerdotes gays e seus amantes e conta histórias de religiosos que engravidam mulheres, compram, com dinheiro da Igreja, o silêncio das mães e, em alguns casos, até bancam seus abortos. Já em sua segunda edição na Itália e na França, “Sex and the Vatican – Viaggio Segreto Nel Regno Dei Casti” (Ed. Piemme) (“Sexo e o Vaticano – uma viagem secreta no reino dos castos”, sem tradução no Brasil) está em via de ser publicado em inglês enquanto versões em espanhol e português são negociadas. “Não faço campanha contra a Igreja”, justifica Carmelo Abbate, jornalista e autor da obra. “Ela é que se complica quando se recusa a admitir que coisas comso essas acontecem dentro da instituição”, explica.
Abatte resolveu escrever o livro depois do sucesso de uma matéria que publicou em julho de 2010 na revista “Panorama”, a semanal de maior prestígio da Itália. Nela, o foco eram os padres homossexuais. Detalhes inéditos dessa apuração abrem o primeiro capítulo do livro (leia trechos nos destaques). Mas o grosso da obra mergulha em um submundo que revela desvios do sacerdócio bem mais chocantes do que a homossexualidade. Na Índia, por exemplo, o autor descobriu o caso de um padre que estuprava, sistematicamente, as freiras de sua missão. Muitas ficaram grávidas, algumas abortaram por pressão do religioso e da missão e outras morreram durante processos toscos para interromper a gravidez. As missionárias que reclamavam eram transferidas para obras em outros países. Histórias semelhantes foram ouvidas pelo jornalista nos Estados Unidos, na Inglaterra e na Irlanda.
“O fenômeno é mundial e inclui o Brasil”, garante ele, que ainda não descobriu nenhum caso com provas irrefutáveis no País.
Esse tipo de comportamento é tão comum que existem associações para dar auxílio às amantes e aos filhos de padres em diversos países. Abbate, por exemplo, arrolou nove delas em seu livro. Uma é a Bethany, coordenada pelo ex-padre irlandês Pat Buckley. A instituição, sediada em Dublin, dá assistência a pelo menos 120 mulheres que são não só amantes de sacerdotes como também mães de seus filhos. Há casos de mulheres com mais de dez crianças, muitas criadas com ajuda financeira dada secretamente pelas paróquias dos padres pais. Nos atendimentos a essas pessoas, Buckley descobriu que houve até uma excursão coordenada por padres com o objetivo de levar suas amantes grávidas até Londres para que elas fizessem abortos, proibidos na Irlanda. “São muitos casos como esses, mas, como tudo acontece escondido, é difícil quantificar”, admite. “A Igreja se dispõe a aceitar muita coisa se houver chances de o assunto não virar escândalo”, diz o jornalista.
O caso das orgias gays em Roma, porém, é forte candidato a se tornar um escândalo incendiário. Primeiro, porque foi filmado e as imagens são fortes e reveladoras. Segundo, porque os mesmos padres flagrados em festas bebendo e mantendo relações sexuais com outros homens dizem ter rezado missas em lugares como a Basílica de São Pedro, no Vaticano, e encontrado pessoalmente o papa Bento XVI. Terceiro, porque a população tende a ser menos tolerante com padres homossexuais do que com heterossexuais – o pecado, no caso dos gays, seria duplo. “Ninguém imagina um padre em uma boate gay ”, diz a psicóloga Maria Luiza Macedo de Araújo, presidente da Sociedade Brasileira de Estudos da Sexualidade Humana (Sbrash). “Lugar de sacerdote é na igreja e o contraste entre o que é pregado e o que é feito é que choca.” Se depender do Vaticano, porém, o caso, deve passar despercebido. Questionado sobre o lançamento do livro, o órgão se limitou a dizer, por meio de porta-voz, que “não pode reagir a todos os livros que falam mal da instituição”. No Brasil, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) disse que “não tinha conhecimento do livro e por isso não poderia comentar os temas citados”.
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ABORTO OFICIALIZADO

A Portaria 415 do Ministério da Saúde oficializou o aborto nos hospitais do Brasi, e o SUS pagará R$ 443 pelo procedimento. O D.O. da União traz o eufemismo ‘interrupção terapêutica do parto’. A lei sancionada pela presidente Dilma visa autorizar aborto para casos de estupro e anencéfalos, mas deixa brechas para a prática geral: a mulher não é obrigada a apresentar BO policial ao médico, e uma única vírgula no texto da portaria abre interpretações para a prática geral. A íntegra nesse link.
Drible
Sem B.O., a mulher interessada em abortar pode alegar que foi estuprada, mesmo que tenha semanas de gestação. A lei não é clara sobre se o procedimento deve ser imediato.
Motivações
O texto tem brecha para o aborto: ‘(..) por ser decorrente de estupro, por acarretar risco de vida para a mulher ou por ser gestação de anencéfalo’. Em suma, há três motivações.
Ou seja..
A vírgula abre a porta: o ‘risco de vida para a mulher’ não está necessariamente ligado ao aborto. A gestante pode alegar qualquer risco à saúde, mesmo não estuprada.
Memória
O projeto surgiu anos atrás, pela então deputada federal Iara Bernardi, e só ano passado tornou-se o PLC 3/13, aprovado e sancionado. Ministério da Saúde não se pronunciou.
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TABELINHA

Amigo "há 15 anos" do senador mineiro Aécio Neves, com quem diz compartilhar saídas "de noite e de dia", o ex-astro da Seleção Ronaldo decidiu declarar seu apoio ao projeto presidencial do tucano. A preferência política, revelada em entrevista publicada ontem pelo jornal Valor Econômico, causou forte reação nas redes sociais e entre os adversários do PSDB, principalmente os petistas.
"Confio nele (Aécio) e acho que é uma ótima opção para mudar nosso país", afirmou Ronaldo na entrevista concedida na sexta-feira. No mesmo dia, o ex-jogador e hoje empresário que vive em Londres havia dito à agência Reuters que sentia "vergonha" dos atrasos nas obras da Copa. Ronaldo é conselheiro do Comitê Organizador Local (COL), entidade privada ligada à Fifa responsável pela realização do Mundial no País.
Nas entrevistas, o ex-jogador defendeu a realização da Copa e a Fifa, ambos alvo de protestos desde junho do ano passado. "Os culpados são os governos que prometeram e criaram essa expectativa para o povo. É uma oportunidade perdida", avaliou Ronaldo. "A gente tinha tudo para aproveitar esta grande chance e fazer tudo acontecer, entregar todos os investimentos prometidos ao povo e fazer uma grande festa."
Repercussão. Acostumado a ser assunto no fim de semana e nas manhãs de segunda-feira, quando torcedores travam calorosos debates sobre os jogos do fim de semana e os gols da rodada, Ronaldo repetiu a dose ontem, mas no debate político.
"(Ronaldo age) como alguém que tenta se dissociar na reta final para evitar qualquer tipo de desgaste", afirmou o secretário nacional de Comunicação do PT, vereador paulistano José Américo Dias, em resposta às críticas sobre as obras para a Copa. Para o petista, que participava de uma reunião partidária em Brasília, Ronaldo está "preparando o terreno" para o pré-candidato tucano, embora seja "corresponsável" pelo evento em função do cargo no COL.
No sábado, a presidente Dilma Rousseff já havia aproveitado um evento público para rebater a crítica do ex-jogador. "Tenho certeza de que o nosso país fará a Copa das Copas. Tenho certeza da nossa capacidade. Tenho certeza do que fizemos, tenho orgulho das nossas realizações", afirmou. "Não temos do que nos envergonhar e não temos complexo de vira-latas."
A afirmação refletia o quanto a petista havia se incomodado com o tiro de Ronaldo contra as obras da Copa. Ontem, Dilma tirou o pé e evitou prolongar a polêmica. Ao ser questionada por jornalistas se estaria "brava" com Ronaldo, disse apenas "não" e seguiu o curso.
Outro adversário de Aécio na disputa de outubro, o pré-candidato do PSB, Eduardo Campos, limitou-se a considerar "normal" o apoio de Ronaldo ao tucano. "Qualquer cidadão tem direito, na democracia, de fazer sua escolha", disse o ex-governador de Pernambuco, no "Cafés da Manhã Estadão Corpora", realizado ontem em São Paulo (mais informações na pág. A8).
'Patrulha'. Em defesa do amigo, Aécio afirmou que Ronaldo de fato está "à disposição" da campanha presidencial tucana, mas que ainda não há nada definido sobre o papel do ex-camisa 9. "Ronaldo deu uma opinião como cidadão. Ele e outras pessoas que manifestam apoio são imediatamente patrulhadas", disse ontem, quando também esteve em agenda em São Paulo.
As declarações ultrapassaram as quatro linhas da disputa eleitoral, ou melhor, também repercutiram entre outro craque em unir futebol e política. Ex-centroavante como Ronaldo, mas dono da camisa 11, o hoje deputado Romário (PSB-RJ) não aprovou as críticas do ex-parceiro de seleção - os dois estavam na equipe que conquistou o tetra nos Estados Unidos, 20 anos atrás. "Tenho a minha bandeira e as minhas colocações. Não mudo de lado, dependendo da forma que acontece o jogo", afirmou Romário no Rio, ao ser questionado sobre o assunto.
O jogador Gilberto Silva, pentacampeão com Ronaldo em 2002, não quis comentar o assunto após deixar ontem o Palácio do Planalto, onde participou de reunião do Bom Senso Futebol Clube com a presidente.

Conteúdo do jornal O Estado de S.Paulo
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ORIGEM DA ESPÉCIE

Por Dora Kramer, colunista de O Estado de S.Paulo
Não adianta perguntar, provocar nem instigar: Eduardo Campos simplesmente muda o rumo da conversa quando o assunto ameaça resvalar para qualquer crítica ao ex-presidente Luiz Inácio da Silva.
O alvo do candidato do PSB é a presidente Dilma Rousseff e é natural que assim seja, pois é ela a oponente. Natural até certo ponto, uma vez que o ex-governador de Pernambuco aponta vários problemas do governo Dilma que são decorrentes de ações de Lula.
A começar pelo fato de ter sido ele o fiador daquela que, na frase de maior efeito dita pelo pernambucano no programa Roda Viva desta segunda-feira, "de mãe do PAC virou madrinha da inflação".
Ora, quem inventou a expressão "Mãe do PAC" e com ela vendeu a ideia de uma eficaz, austera e esplêndida governante, hoje apontada por Campos como a culpada por todos os males do Brasil? Lula. Quem deu carta branca a Dilma para fazer e acontecer no setor elétrico, agora alvo de pesadas e justificadas críticas do candidato do PSB? Lula. Na gestão de quem tiveram origem todos os problemas cujas consequências hoje a Petrobrás enfrenta? Não sejamos repetitivos.
Os candidatos são donos das próprias estratégias. Mas Eduardo Campos não faz uma homenagem à coerência quando simplesmente ignora a origem das coisas e pinta um quadro irreal, de um presidente que foi sensacional, cuja herança bendita teria sido dizimada em três anos e meio por má obra exclusiva da sucessora.
O fisiologismo, por exemplo. Muito bem abordado por Campos no programa. Disse que se eleito acabaria com metade dos ministérios, extinguiria boa parte dos milhares de cargos em comissão, isolaria as raposas da "velha política" e buscaria transformar a indignação que gera apatia na sociedade em motor da renovação.
Fácil de falar, difícil de fazer, mas não impossível. Ele mesmo citou momentos em que já foi feito no País. Não se pode desistir nem cair na descrença paralisante. Quanto a isso tem razão, mas não é do mesmo modo convincente quando tenta reescrever a história.
Segundo o ex-governador, a presidente Dilma perdeu a oportunidade de mudar a "feira livre" (expressão dele) da política. Sem querer isentá-la, pois aceitou a situação, os ministros que protagonizaram os escândalos do primeiro ano de governo foram todos impostos por Lula.
E se o caso é de oportunidade, quem mais teve a chance de iniciar mudanças no padrão além de Lula?
Não tinha maioria no Congresso, mas contava com apoio da sociedade. Estava com tudo e mais um pouco. O que fez? Não apenas aderiu às práticas viciadas como regrediu em avanços anteriores (aparelhamento das agências reguladoras, por exemplo) e aprofundou as relações com o atraso.
Nada disso é novidade para Eduardo Campos. Não está de forma alguma obrigado a admiti-lo em público se na avaliação dele atritos com o ex-presidente forem prejudiciais aos seus planos de tirar no Norte e no Nordeste a diferença de eventuais desvantagens em relação ao tucano Aécio Neves no Sul e no Sudeste.
É livre a escolha do adversário. Desde que a briga não seja com os fatos passados que distorcem o presente e não ajudam a construção de um bom futuro.
Em compensação. À primeira vista pareceu estranha, porém auspiciosa, a notícia de que o PT decidira pedir ao Tribunal Superior Eleitoral a cassação do mandato de André Vargas por infidelidade partidária.
Mas pode haver uma segunda intenção. Se perder o mandato por discordância partidária e não por quebra de decoro em decorrência do processo que corre na Câmara, o deputado Vargas poderia escapar da inelegibilidade.
Não para concorrer neste ano, porque saiu do PT (em ação combinada?) e está sem partido, mas em 2016 em tese estaria livre para disputar a eleição municipal.
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quarta-feira, 28 de maio de 2014

AMEAÇA VERMELHA

Da revista ISTOÉ
O rol de preocupações do governo federal com a miríade de grupos dispostos a usar a Copa do Mundo para transformar em realidade as mais variadas demandas sociais e trabalhistas ganhou um protagonista de peso na quinta-feira 22. Com mais de 20 mil pessoas a travar as principais avenidas de São Paulo em uma noite chuvosa, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) deu uma demonstração de força e de mobilização popular rara. Ao contrário das manifestações de junho, que levaram milhões de pessoas às ruas há um ano, o MTST tem uma pauta clara e definida – moradia para as populações de baixa renda – e um controle absoluto sobre seus integrantes. Demandas difusas e ausência de liderança, marcas registradas da onda de protestos que tomou conta do País nos últimos 12 meses, não fazem parte do cardápio do movimento dos sem-teto. O que pode ser bom e ao mesmo tempo ruim para o governo, às vésperas da Copa do Mundo.
O MTST tem um líder disposto a negociar e, se não for atendido, partir para o enfrentamento: trata-se de Guilherme Boulos, um jovem de classe média alta formado em filosofia pela USP. Na quinta-feira 22, ele deixou claro que está determinado a promover o caos nas ruas de São Paulo para ter as demandas dos sem-teto atendidas. Do alto de um carro de som parado no meio da Ponte Estaiada, um dos cartões-postais da cidade, ameaçou: “Se não atenderem nossas reivindicações, no dia 12 de junho de não teremos Copa do Mundo. Teremos um junho vermelho, porque vamos tomar as ruas da cidade”, disse ele, para o delírio das mais de 20 mil pessoas que marcharam sob seu comando, por mais de cinco quilômetros, com uma disciplina quase militar. O coordenador do movimento também fez ameaças à possibilidade de a Justiça ordenar a reintegração de posse dos terrenos invadidos pelo movimento em São Paulo, em especial o batizado de “Copa do Povo”, localizado a menos de três quilômetros do estádio Itaquerão, onde Brasil e Croácia abrem o Mundial no dia 12. “Se tentarem nos tirar à força, teremos uma Copa de sangue”, ameaçou. “Se a opção da construtora e dos governos for tratar a questão como caso de polícia e buscar garantir posse sem nada para as famílias, vai haver resistência”, prometeu Boulos.
O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto vem promovendo manifestações com frequência em São Paulo. Nas últimas semanas, milhares de integrantes do MTST fecharam ruas e avenidas da cidade. Mas nada se compara ao ato promovido pelos sem-teto na noite da quinta-feira 22. Além do número de pessoas, a direção dos sem teto demonstrou um grande poder de organização e um controle absoluto sobre os integrantes do movimento. Ao comando dos coordenadores, os manifestantes liberavam calçadas para os pedestres, fechavam ruas ou simplesmente trancavam a passagem para quem quisesse ir e vir. O ato, que começou no largo da Batata, zona oeste de São Paulo, passou pelas avenidas Faria Lima, uma das mais importantes da cidade, e Cidade Jardim e terminou na ponte Estaiada. A manifestação tinha o apoio do Comitê Popular da Copa, que, na semana passada, reuniu 1.500 pessoas num ato que acabou em confronto entre manifestantes e PMs. Há duas semanas, o MTST já havia invadido sedes de empresas que construíram estádios que receberão jogos da Copa. “Os empresários e a Fifa tiveram seu pedaço do bolo. O trabalhador agora quer sua fatia”, afirmou Boulos.
Após meses de manifestações que não conseguiram mobilizar a população contra a Copa do Mundo, o MTST chega às vésperas do Mundial como candidato a ser o principal protagonista na disputa que será travada fora dos gramados. Para o governo, a notícia boa é que há com quem dialogar e negociar. A ruim é que os sem-teto parecem ter uma visão muito mais pragmática do que ideológica a respeito do que representa o Mundial e seu sucesso para o governo de Dilma Rousseff ou, em âmbito estadual, para Geraldo Alckmin (PSDB) e Fernando Haddad (PT) na cidade de São Paulo. Entre as reivindicações das dezenas de milhares de homens, mulheres e crianças que pararam São Paulo na noite da quinta-feira 22 está a reforma urbana, com foco em moradia, emprego, saúde e educação.
O MTST, segundo seus líderes, seria um reflexo da incapacidade das políticas de proteção social do governo em melhorar de fato a vida da população de baixa renda nas metrópoles. Ao contrário do Brasil rural e das pequenas cidades, onde programas como o Bolsa Família, por exemplo, ampliaram a qualidade de vida de uma parcela significativa da população, nas metrópoles a vida tem se tornado mais complicada ao longo dos últimos anos. Aos problemas de transporte e violência somou-se a inflação no preço dos imóveis e o consequente aumento no preço dos aluguéis. Em cidades como Rio e São Paulo, a variação foi, em alguns casos, superior a 100%, fazendo com que muitas pessoas tivessem que se deslocar para áreas ainda mais periféricas.
Apesar de faltar menos de um mês para o início da Copa, ainda é cedo para saber se Boulos e os sem-teto cumprirão as ameaças. Por enquanto, o movimento se aproveita da proximidade do início do Mundial para pressionar os governos a estabelecer compromissos. Mas, em um momento de inflação alta, contas públicas desequilibradas e eleições à vista, promessas vagas podem servir apenas como a fagulha necessária para eclodir o incêndio. Combustível, há de sobra.
A greve dos cobradores e motoristas de ônibus que impôs o caos e o tumulto na maior cidade do País na última semana está sob investigação da ­Polícia Civil e do Ministério Público de São Paulo. Sem qualquer aviso e, aparentemente, sem a participação do sindicato, a paralisação conturbou a vida de um milhão de paulistanos. O MP e a polícia suspeitam de uma grande articulação de patrões e empregados para pressionar o governo municipal a aumentar o repasse dos subsídios às empresas, que só este ano injetará R$ 1,65 bilhão nos cofres das empresas de viação. Ao todo, os grevistas bloquearam 16 dos 28 terminais urbanos da cidade, afetando cerca de 200 linhas. O saldo da greve deixou um rastro de 71 coletivos danificados (cinco incendiados), cerca de cinco mil ônibus sem circular, milhares de passageiros afetados – muitos expulsos à força dos coletivos sob a mira de revólver.
Em meio ao caos instalado na cidade, a atuação da Polícia Militar durante os protestos, classificada de “omissa” pelo secretário de Transportes da cidade, Jilmar Tatto (PT), ao não garantir, de acordo com ele, “o direito de ir e vir da população”, deflagrou uma troca de acusações entre os governos estadual e municipal e trouxe à tona um personagem conhecido no PT: o deputado estadual petista Luiz Moura. Não bastasse a inoperância do prefeito Fernando ­Haddad, que, na última semana, além de ter sido surpreendido pela greve, assistiu impassível à ação dos manifestantes, o surgimento de Moura o deixou numa situação constrangedora, para dizer o mínimo.
Aliado de Jilmar Tatto, secretário de Haddad, Moura é dono de quatro linhas de peruas e participou de um encontro, no dia 17 de março, ápice dos incêndios a ônibus em São Paulo, na sede da Cooperativa Transcooper, em Itaquera, na zona leste, em que membros do PCC planejavam as ações criminosas. A Transcooper tem permissão da prefeitura para explorar linhas de ônibus em três áreas da cidade. No encontro, monitorado pela Polícia Civil, estariam, em tese, sendo discutidos temas de interesse dos cooperados. Porém, segundo a investigação, 11 desses suspeitos de ligação com o PCC não participam formalmente de atividades do setor. De acordo com o boletim de ocorrência da ação, cerca de 40 pessoas se reuniam para “ajustar condutas teoricamente infracionais”. De acordo com o subsecretário estadual de Comunicação, Márcio ­Aith, o motivo não era “nada republicano”. Além do petista Luiz Moura, entre os participantes havia um homem procurado pela Justiça: Carlos Roberto Maia, conhecido como Carlinhos Alfaiate, acusado de participar do furto do Banco Central, no Ceará, em 2005, quando foram levados R$ 164,8 milhões.
Mas, no atual contexto de greves e caos em São Paulo, é a folha corrida de Luiz Moura que chama a atenção. Hoje na Assembleia de São Paulo, Moura no início da década de 90 praticou assaltos à mão armada, passou mais de um ano e meio preso e ainda virou fugitivo, depois de escapar da cadeia antes de cumprir os 12 anos a que fora condenado. Na sentença judicial, chegou a ser classificado de “periculoso sob o aspecto social” e dono de personalidade “mal formada e inclinada para a prática de crimes contra o patrimônio”. Da condição de foragido por assalto, em cerca de quatro anos Moura conseguiu amealhar um patrimônio de cerca de R$ 5 milhões, segundo ele próprio declarou à Justiça Eleitoral em 2010. Seu irmão, Senival Moura, também é velho conhecido nas hostes petistas. Vereador pela legenda, Senival criou um sindicato de perueiros. A dupla de irmãos contribuiu para Tatto fazer do chamado transporte alternativo uma espécie de curral eleitoral. Há pelo menos uma década, a polícia suspeita da infiltração do PCC no setor.
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IR A PÉ OU IR DE TREM

Por Dora Kramer, colunista de O Estado de S.Paulo
Convenhamos: no que mesmo o ex-presidente Luiz Inácio da Silva ajuda a campanha pela reeleição da presidente Dilma Rousseff quando trata com menosprezo questões que têm o apoio da população?
A capacidade de Lula de dizer coisas desprovidas de sentido é conhecida, faz parte do seu show. A novidade é a tendência de fazê-lo em contradição ao manual do populismo, cuja regra de ouro é dizer coisas que soem agradáveis, sábias e lógicas aos ouvidos da maioria.
Nessa fase em que volta com força à cena política convenientemente protegido por plateias simpáticas ou por entrevista à imprensa estrangeira que nem sempre dispõe de todos os dados da realidade nacional para contestá-lo, o ex-presidente tem fugido à sua prática de não entrar em divididas com o senso comum.
Há três exemplos recentes. Comecemos pelo último por ser, do ponto de vista dessa mudança de comportamento, o mais eloquente.
Se não falasse a blogueiros reverentes, mas a um público eclético que encontrasse na rua (onde, aliás, não tem circulado), Lula teria a ousadia de dizer que considera uma tolice (em expressão mais grosseira) as pessoas quererem estações de metrô nos estádios de futebol? Na melhor das hipóteses seria educadamente contestado. Na pior, estrepitosamente vaiado.
Nem o mais insensível integrante da "zelite" seria capaz de um pouco caso desta ordem: "Nós (os brasileiros) não temos problema em andar a pé". Os torcedores, acrescentou, vão aos estádios de qualquer jeito: "descalço, de bicicleta, de jumento".
Sim, e também vão de ônibus lotados, em seus carros para serem extorquidos pelos guardadores. Mas, por que precisam ter desqualificado o natural anseio por um maior conforto urbano? Ou Lula está dizendo que o brasileiro deve se conformar com pouco? Se não quis, disse. Que transporte público de qualidade é luxo desnecessário, dispensável para quem anda sem sapatos e, se preciso for, se locomove no lombo de jumentos. Certamente não por escolha.
Lula, por boa contingência da vida, conta com transporte terrestre e aéreo à disposição, trata da saúde no Sírio-Libanês e não enfrenta desconfortos do cotidiano. Nada contra, desde que não faça pouco caso de quem se ache no direito de querer algo além de comida (cara) no prato, serviços públicos de péssima qualidade e apelos à gratidão eterna para um governo que se tem na conta de inventor do Brasil.
No terceiro caso o ex-presidente fez uma conta em entrevista a uma jornalista portuguesa: o julgamento do mensalão foi 20% jurídico e 80% político. Pois segundo as pesquisas, é mais ou menos este último o porcentual de brasileiros que consideram o resultado justo.
O apoio quase unânime da população às condenações feitas pelo STF significa reconhecimento de que houve um tratamento equânime no julgamento de crimes cometidos por poderosos, algo que vai ao encontro de uma aspiração civilizatória. As pessoas se sentiram bem.
Repetindo o raciocínio acima: o ex-presidente teria coragem de repetir - e mais, justificar - essa argumentação em discurso para público não selecionado previamente? Dificilmente.
Assim como seria de se ver para crer se Lula defenderia o controle dos meios de comunicação que, segundo ele, tratam com "desrespeito" a presidente Dilma Rousseff, diante das mesmas plateias que a têm recebido com vaias.
Ressurreição. Para o governo não é uma boa notícia a ordem do ministro Teori Zavascki para soltar os presos da Operação Lava Jato, notadamente o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa.
Até agora quem porventura teme o que teriam a dizer estava salvo. Soltos, serão alvo de pressão para falar no Congresso. Seja em alguma das CPIs para investigar a Petrobrás ou nas comissões da Câmara e do Senado. O assunto ganha novo gás.
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RIO DE INJUSTIÇAS

Da revista Caros Amigos
O Brasil acompanha pelo noticiário a escalada de violência de Estado contra comunidades pobres no Rio de Janeiro. A ex-capital federal é hoje exemplo de como prejudicar a população governando para grupos específi cos de interesses privados. Se como afirmam especialistas as Jornadas de Junho tiveram como fundo graves problemas na estrutura urbana – transporte, moradia, saúde… –, o Rio de Janeiro é emblemático: intervenções urbanas que atendem a esses interesses têm tornado a vida mais difícil para a maior parte da população, o que só piorou com Copa e Olimpíadas. Boa parte dos investimentos que vêm sendo feitos atende à rica Zona Sul, enquanto a polícia, cada vez mais armada nas UPPs, atende com a costumeira violência às comunidades há muito marginalizadas.
Caos no RJ
Na reportagem de capa, Caros Amigos investiga o que está ocorrendo na cidade e mostra que as intervenções urbanas significam despejos e ameaças às famílias, pressionadas para entregarem seus imóveis, como no caso da construção das vias de trânsito rápido (BRTs). À revelia do Plano Diretor, as intervenções viárias atendem à região da Tijuca, que passa por valorização imobiliária sem precedentes, com os especuladores forçando a retirada de algumas “pedras” no caminho – um exemplo é a Vila Autódromo, encravada nessa região, cujos moradores lutam contra o despejo interesseiro: uma vila onde querem condomínios de luxo.
Os mesmos interesses privados estão em boa parte das vozes que novamente se levantam contra a Petrobras, outra reportagem da edição. Com um elemento a mais neste ano: as eleições. A reportagem entrevista especialistas e sindicalistas sobre questões como a compra da refi naria em Pasadena, mas também mostra que as críticas contra a estatal são como ondas em momentos específicos – como na aprovação da Lei de Partilha do pré-sal –, e várias delas são recicladas de tempos em tempos. Qualquer suspeita de corrupção deve ser investigada e punida quando comprovada, mas no caso da Petrobras o novelo tem muitas outras pontas e obviamente algumas políticas.
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O RÉU E O REI

Objeto de verdadeira polêmica pública, a batalha em torno da proibição de Roberto Carlos em detalhes é o cerne de 'O réu e o rei'. Paulo Cesar de Araújo conta a história da sua intensa relação com a música de Roberto Carlos, os dezesseis anos de pesquisa que embasaram a redação da biografia, e por fim os meandros de uma das mais comentadas e controversas guerras judiciais travadas recentemente no Brasil.
Em novembro de 2006, Paulo Cesar de Araújo lançou Roberto Carlos em detalhes, primeira biografia de fôlego do maior ídolo da música brasileira. A recepção imediata do livro foi proporcional ao tamanho da empreitada. Em poucos dias, ele ganhava resenhas entusiasmadas e atingia a lista de best-sellers.
Não foi para menos - o trabalho consumiu dezesseis anos de pesquisa, contou com centenas de entrevistas com as maiores personalidades da MPB e figuras-chave na vida do cantor, e condensava em uma narrativa ágil e equilibrada todo o percurso do ícone da Jovem Guarda. Mas a boa onda duraria pouco. Em sua coletiva de Natal daquele ano, Roberto Carlos reagiu com virulência quando indagado sobre o livro.
Acusando o autor de invadir sua privacidade, disse que o caso já estava com seus advogados, que em breve entrariam na Justiça para impedir a circulação da biografia. Em 10 de janeiro de 2007, o rei de fato bateu às portas dos tribunais contra o autor e sua então editora. Foi o início de uma rumorosa batalha judicial, dolorosíssima para todas as partes, e também de uma das mais graves agressões à liberdade de expressão na história brasileira recente.
A reação que se seguiu à notícia de que Roberto Carlos propusera ações nas esferas cívil e criminal contra Paulo Cesar - que resultaram na apreensão do livro - ocupou os principais veículos de comunicação do país e alguns no exterior. A polêmica envolveu não só personalidades da política, da cultura e das artes no Brasil, como pessoas comuns, que comentavam avidamente o caso, em redes sociais, blogs, praças, praias, bares.
Nunca antes o debate sobre a proibição de uma obra alcançou tamanha repercussão no país. O livro conta a história interna dessa história. Os detalhes, os bastidores. Trata de música e censura. De artistas e advogados. De entusiasmo juvenil e audiências judiciais. Da busca por fontes e negativas. Da luta entre liberdade de expressão e controle da informação.
É, antes de tudo, a história de um biógrafo que tenta encontrar sentido nos anos dedicados a estudar a trajetória de seu ídolo na música brasileira. É uma história ainda sem ponto final, mas sobretudo por isso necessária, que deve ser lida por todos os que se interessam pela discussão em torno da liberdade de expressão em nosso país.
Sinopse do livro O Réu e o Rei
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terça-feira, 27 de maio de 2014

O PASSADO DO PASTOR

Por Lauro Jardim, da coluna Radar Online - Veja
O pastor Everaldo Dias (PSC), o quarto colocado entre os candidatos a presidente, de acordo com todas as pesquisas, escolheu o tema família como mote de sua campanha. É justamente de casa, contudo, que surge uma acusação grave contra o candidato evangélico.
No ano passado, a ex-mulher de Everaldo, Katia Maia, levou ao STJ um processo em que o acusa de agressão física, seguida de ameaça de morte. Na ação, há relatos de “chutes e socos, o que causou a perfuração da membrana timpânica” de Katia.
Everaldo diz que agiu em legítima defesa depois de uma perseguição de carro pelas ruas do Rio de Janeiro.
Em 2012, o pastor foi condenado na primeira instância a pagar para a ex-mulher uma indenização de 84 450 reais por danos morais e materiais. Everaldo reverteu a decisão no Tribunal de Justiça do Rio e agora o caso está em Brasília.
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MERGULHO NO INFERNO

Um dos mais corajosos militantes de esquerda que combateram a ditadura imposta em 1964, Eunício Precílio Cavalcante lança nesta terça-feira (27 de maio) no Rio um livro que busca reconstituir a violência e a barbárie que vigoraram no Brasil durante 21 anos e cuja herança ainda nos castiga.
O lançamento de “Mergulho no inferno: Relatório sobre as torturas no Brasil'' começa às 18h, na Livraria Leonardo Da Vinci (av. Rio Branco, 185, subsolo).
Hoje oficial reformado da Marinha, Cavalcante tem muita história para contar: do que viu, do que ouviu, do que pesquisou e sobretudo do que padeceu na própria pele.
Ele foi preso em São Paulo na manhã de 4 de novembro de 1969. Horas mais tarde, seu companheiro Carlos Marighella seria assassinado numa rua escura da cidade, em operação comandada pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury.
Antes da execução, passou-se um episódio na sede do Dops, a política política paulista, que eu incluí na biografia “Marighella – O guerrilheiro que incendiou o mundo'' (Companhia das Letras). Narrei-o assim, com base em várias entrevistas:
“Os presos superlotavam as celas e engarrafavam os corredores. Um deles era o paraibano Eunício Precílio Cavalcante, segundo-sargento do Corpo de Fuzileiros Navais expulso da Marinha em 1964. Era um dos raríssimos companheiros que Marighella levara no Rio à casa _e terreiro_ de Antônia Sento Sé.
Fleury provocou o militante da ALN:
'Cadê o Marighella?'
'Você não é macho? Vá buscar!', desafiou o revolucionário.
Rose Nogueira testemunhou os socos e pontapés que o delegado desferiu no homem indefeso, gritando:
'Pois eu vou mesmo! Hoje é o último dia do Marighella!'''
ALN era a Ação Libertadora Nacional, maior organização armada de oposição à ditadura. Lideravam-na Marighella e o jornalista Joaquim Câmara Ferreira.
Rose Nogueira é uma _brilhante_ jornalista que havia sido presa devido ao vínculo com a ALN e o próprio Marighella.
Antônia Sento Sé é mãe-de-santo e ex-cunhada de Marighella.
Logo depois da agressão a Cavalcante, Fleury participou do assassinato de Marighella: ao menos 29 policiais armados até os dentes fuzilaram um homem cercado e desarmado _o guerrilheiro não portava nem um canivete.
Eunício Precílio Cavalcante viveu aqueles dias ferozes, desafiou o facínora, mergulhou no inferno e sobreviveu para contar.
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É POR NOSSA CONTA

A Câmara dos Deputados pretende comprar nos próximos meses novos smartphones para substituir os atuais Nokia E72 dos parlamentares, que são usados desde 2011. A Casa vai abrir uma cotação para adquirir 43 aparelhos para integrantes da Mesa Diretora e líderes de partidos, que devem receber um Galaxy S4, Lumia 1020 ou iPhone 5s com conexão 4G.

De acordo com a Folha de S.Paulo, os gastos com a compra dos novos smartphones estão previstos em R$ 118 mil. Os aparelhos mais caros ficarão restritos à cúpula da Câmara, enquanto 50 smartphones mais simples, que não podem ultrapassar R$ 1.000, serão distribuídos para o Departamento de Polícia e a Secretaria de Comunicação.

Integrantes da Mesa Diretora e líderes de partidos têm direito a duas linhas sem custos e sem limite de gastos, que permitem inclusive ligações tanto para dentro quanto para fora do Brasil. Os 513 deputados federais possuem até seis linhas de telefone, sendo que as despesas entram na cota parlamentar, com limites que variam dependendo do estado de origem do deputado e vão de R$ 27.977,66 (DF) a R$ 41.612,80 (RR) por mês.

A cota parlamentar também cobre gastos com aluguel de escritório, combustível, alimentação, passagens aéreas, entre outras despesas. O salário de um deputado federal é de R$ 26.723,13. Segundo a Câmara, trata-se de um pregão para registro de preço e não haverá obrigação em comprar todos os celulares ao mesmo tempo. Os smartphones serão adquiridos “de acordo com a necessidade”. Folha de S.Paulo
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HOSTILIZAR E CONSTRANGER

A sessão da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara foi marcada na manhã desta quarta-feira, 21, por bate-boca entre parlamentares, sendo que o deputado Pastor Eurico (PSB-PE) chegou a hostilizar e constranger a apresentadora Xuxa Meneghel, que realizava agenda na Casa.
A reunião foi tumultuada do início ao fim porque os deputados discutiam a redação final da chamada “Lei da Palmada”, que altera o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e proíbe a aplicação de castigos físicos a crianças e adolescentes. A bancada evangélica é ferrenha opositora da matéria – que aguarda votação no colegiado há dois anos – e tentava evitar que ela fosse concluída.
Quando Xuxa chegou para acompanhar a sessão, ao lado da ministra dos Diretos Humanos, Ideli Salvatti, o clima tenso na reunião já havia provocado interrupção dos trabalhos. Quando evangélicos cobravam o presidente em exercício, Luiz Couto (PT-PE), a encerrar a sessão, o deputado Pastor Eurico hostilizou a apresentadora e disse que sua presença era “um desrespeito às famílias do Brasil”. “A conhecida Rainha dos Baixinhos, que no ano de 82 provocou a maior violência contra as crianças”, disse, referindo-se ao filme “Amor Estranho Amor”, daquele ano, em que Xuxa aparece numa cena de sexo com um adolescente de 12 anos. Xuxa, que acompanhava a sessão e é favorável ao projeto, riu e fez um sinal de coração com as mãos na direção do deputado. Ela não tinha direito à palavra, por não ser parlamentar, e não deu declarações ao deixar o local. O presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), pediu que a agressão seja retirada das notas taquigráficas.
A declaração do Pastor Eurico gerou repúdio da maior parte dos deputados presentes, inclusive de parlamentares que questionavam o projeto, que classificaram a fala de “violência inaceitável”.
Lei da Palmada
O projeto em discussão veda o “uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto”. O texto também diz que o Conselho Tutelar, “sem prejuízo de outras providências legais”, deverá aplicar as seguintes medidas aos pais ou responsáveis que aplicarem castigos físicos a menores: “encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família, encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico, encaminhamento a cursos ou programas de orientação, advertência ou obrigação de encaminhar a criança a tratamento especializado”. Também diz que profissionais da saúde e da assistência social ou outra função pública devem informar casos de suspeita de castigo físico à autoridade competente.
O relator da proposta, deputado Alessandro Molon (PT-RJ), afirmou que o objetivo é proteger as crianças e adolescentes contra graves tipos de violência. “O que quer se combater é o espancamento e a humilhação de crianças e adolescentes”, declarou. “Não posso acreditar que algum parlamentar acredite que a tortura é educativa.”
Agência Estado 
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segunda-feira, 26 de maio de 2014

15 ANOS SEM ZÉ PRADO

Em 11 de julho de 1931, nasce em Sobral (CE), José Parente Prado, filho do ex-prefeito de Sobral Jerônimo Medeiros Prado e Francisquinha Gomes Parente Prado. Em continuidade aos passos do pai, Zé Prado ingressa na política em 1972. É eleito prefeito de Sobral por duas vezes, deputado estadual por três legislaturas. Casado com dona Maria do Socorro Barroso Prado; tiveram três filhos: Ricardo Prado, Marco Prado e José Inácio.
Um dos políticos mais respeitados e admirados em Sobral - zona norte – e no Ceará, Zé Prado sempre esteve empenhado no bem-estar do povo sobralense e do Ceará; respeitou o rico e esteve sempre em defesa do pobre, esse jeito simples, amigo e companheiro de fazer política cativou até adversários, que se rendiam a um abraço do “Zé dos Pobres”, como era conhecido pela população sobralense.
Zé Prado era um filho muito dedicado aos pais, jamais tomava uma decisão sem antes ir à casa de Jerônimo Prado e dona Frascisquinha Prado na Praça do Patrocínio, no centro de Sobral, para receber as bênçãos. Quando viajava, no caminho ligava várias vezes para sua esposa, Socorro Prado, a conversa se estendia por longos minutos.
Suas administrações sempre foram pautadas pelo respeito ao povo e abraçando o progresso. Foi um dos responsáveis pelo desenvolvimento de Sobral com obras como o terminal rodoviário (deputado Manuel Rodrigues), centro comercial; entre tantas outras que fez na Princesa do Norte (Sobral).
Quando indagado qual era sua maior obra, sem hesitar Zé Prado respondia: “É ser amigo do povo. É respeitar o povo e receber dele o respeito. Essa é a minha melhor obra”. Zé Prado não sabia dizer não para um pobre. O rico, sempre era tratado com gentileza e respeito.
Sempre empenhado pelo progresso de Sobral, José Parente Prado era íntegro, autêntico e de uma gentileza ímpar. Um grande administrador. O povo sempre confiou nele. É por essas e tantas outras qualidades que jamais será esquecido. Um exemplo a ser seguido.
José Parente Prado faleceu em 26 de maio de 1999, vítima de infarto, no Hospital Dr. Estevam, em Sobral (CE). Deixou esposa, filhos, Pai (Jerônimo Prado faleceu em outubro de 2003), irmãs, netos, parentes e amigos. Saudade do “Zé dos Pobres”.
Semana Bandeira Branca
Com a “Semana Bandeira Branca”, de 20 a 26 de maio, os leitores do blog Sou Chocolate e Não Desisto conheceram um pouco a trajetória política de José Parente Prado.  Confira: Bandeira Branca, o hino, A primeira campanha, O sucessor, O Pipocão, Vai, vai,vai, vai ninguém segura não! As memoráveis músicas das campanhas de Zé Prado, É Zé contra Zé... e Caminhando com o povo.
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