Por Roberta Tavares, do jornal Tribuna do Ceará
Invasões, tiros de metralhadora, explosões e pessoas
morrendo como moscas. Um cenário de guerra. E de guerra urbana também. O número
de homicídios registrados no Ceará nos últimos sete anos e três meses, durante
a gestão do governador Cid Gomes (Pros), pode ser comparado ao de militares
mortos em combate na última Guerra do Iraque.
O Tribuna do Ceará fez um levantamento e constatou que, de
janeiro de 2007 a março de 2014, foram registrados 20.740 homicídios no Estado
(sendo 2.860 por ano). A estatística praticamente se iguala ao número de
soldados mortos durante os oito anos e nove meses de guerra no Iraque, de todas
as nações em combate, com 21.428 (sendo 2.448 por ano).
A Guerra do Iraque iniciou em março de 2003 e foi encerrada
em 15 de dezembro de 2011. Durante o período de conflito, foi reportado que
4.805 combatentes da coalizão ocidental foram mortos, incluindo 4.487
americanos, 179 britânicos e 139 militares de pelo menos 22 outros países. Das
forças de segurança iraquiana, foram 16.623 mortes.
Enquanto isso, nos últimos sete anos, que coincide com o
governo Cid Gomes, o Ceará – ressalte-se: sem guerra – teve 20.740 vidas
interrompidas por causa da criminalidade. Conforme dados colhidos no Mapa da
Violência e na Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), o
número de homicídios (incluindo lesões seguidas de morte e latrocínios) no
Estado só aumenta. Enquanto em 2007 foram contabilizados 1.936 crimes de morte,
em 2013 o número subiu 130%, com 4.462 homicídios. Nesse último, pode-se dizer
que foi registrado um homicídio a cada duas horas.
Para o sociólogo Márcio Renato, como medida de prevenção, o
Estado precisa valorizar a vida antes de combater o crime. Caso contrário, o
Ceará entrará mais adiante nesse abismo, onde o medo prevalece, e sugere
mudanças: “Desmilitarizar a polícia, discutir a descriminalização das drogas e
repensar em políticas que batam de frente com a desigualdade social devem ser
metas urgentes por parte do Estado”, pontua.
Epidemia
Em Fortaleza, houve crescimento de 18,4% na quantidade de
assassinatos, comparando 2012 e 2013. Apenas no ano passado, a capital cearense
registrou 2.017 casos, respondendo sozinha por 45,2% do total de mortes
violentas no Estado.
A cidade foi considerada a 13ª mais violenta do mundo em
2013. No ano seguinte, já pulou para a 7ª colocação. E os números oficiais da SSPDS comprovam: somente em 2014, a cada dia, 9,8 pessoas são mortas em
Fortaleza.
Segundo relatório da ONG mexicana Conselho Cidadão para a
Segurança Pública e Justiça Penal, Fortaleza tem uma taxa de 79.42 homicídios a
cada 100 mil habitantes, com 2.754 homicídios registrados em 2013. Essa taxa é
a 2ª maior do mundo, inferior apenas a Caracas, capital da Venezuela.
Nenhum comentário:
Postar um comentário