Do blog do Fernando Rodrigues
Aos poucos vão aparecendo mais informações sobre o almoço na
última sexta-feira (14.mar.2014) entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva e empresários do Paraná.
Num determinado momento, conforme relatado ao Blog por um
dos presentes, Lula disse: “A minha grande preocupação é repetir o que
aconteceu em 1989: que venha um desconhecido, que se apresente muito bem, jovem
… e nós vimos o que deu”. Vários dos presentes entenderam a frase como uma
comparação entre Fernando Collor de Mello e Eduardo Campos.
Em 1989, Collor era apenas conhecido como um governador de
um Estado do Nordeste –no caso, Alagoas. Era jovem, pregava renovação e ganhou
o Palácio do Planalto. Depois, sofreu um processo de impeachment e o país
passou por severa crise econômica.
Hoje, Eduardo Campos (PSB) também é um político nordestino
relativamente desconhecido, que governa um Estado da região (Pernambuco) e se
apresenta como o jovem que vai renovar a política.
No seu discurso a empresários do Paraná, Lula não fez
citações ao tucano Aécio Neves, outro candidato a presidente oposicionista.
No trecho em que fez uma citação indireta a Eduardo Campos,
o ex-presidente disse que a atual ocupante do Palácio do Planalto, Dilma
Rousseff, é a única que pode “dar garantia de manutenção de estabilidade no
país”.
No seu discurso, Lula disse: “Eu vim escutar”. Foi uma
espécie de contraponto à notória aversão de Dilma em ouvir empresários e
políticos com frequência. Na prática, essa será a estratégia na campanha: o
ex-presidente se apresentar pelo país afora como grande fiador da reeleição de
sua apadrinhada política.
Os argumentos de Lula foram sempre no sentido de comparar
como está o Brasil hoje e como era em 2002, último governo do PSDB. “Estamos
melhor do que estávamos antes”, disse o ex-presidente. Justificou certos
gargalos na infraestrutura por causa do aumento da atividade econômica. No
início da década passada, os aeroportos recebiam menos de 50 milhões de pessoas
durante um ano. Agora, são cerca de 110 milhões ao ano.
Num dado momento, Lula disse que todos os empresários que
estavam presentes ganharam dinheiro enquanto o PT esteve no poder. “Se não
tivessem ganhado dinheiro não estariam aqui”. Alguns dos presentes riram.
Carismático, Lula falou o que os empresários gostariam de
ouvir. Sobrou então uma crítica ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, que
“demorou muito” para perceber que estava errada a taxa máxima de retorno fixada
pelo governo nas concessões de serviços públicos, como rodovias.
É claro que Lula não citou que Dilma Rousseff errou junto
com Guido Mantega nesse episódio de taxas de retorno –causando atrasos no
programa de concessões à iniciativa privada. É que Dilma é candidata. Já Guido
Mantega é apenas um ministro à espera do fim do governo para sair da cadeira
que ocupa.
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