sábado, 27 de outubro de 2018

A HORA DE REPACTUAR O BRASIL

Editorial O POVO

A eleição que chega a suas 48 horas derradeiras não é como qualquer outra. Em nossa curta vida pública desde a redemocratização, o Brasil jamais se viu cindido como agora.

Grave, o momento requer de todos um gesto enfático de compromisso com os princípios mais básicos do nosso regime democrático, tais como o respeito a minorias e à liberdade de expressão, dois faróis da "Constituição Cidadã" que seguem como instrumento crucial contra o obscurantismo.

A par disso, cumpre afastar de imediato qualquer ameaça ao conjunto de valores que tem guiado o amadurecimento do Brasil nos últimos 30 anos. Desde Fernando Collor, em 1991, até Dilma Rousseff, em 2016, o País vem trilhando um acidentado caminho de aprendizado coletivo no curso do qual coleciona mais acertos que erros.

Quem quer que vença o pleito neste domingo terá como desafio primordial esboçar um gesto de distensão no ambiente convulsionado de agora. Ao novo presidente, seja Jair Bolsonaro (PSL), seja Fernando Haddad (PT), caberá reconduzir o País aos trilhos de uma pacificação.

Não se trata de esvaziado apelo de paz, mas de esforço concreto para que o governo que suceda ao de Michel Temer (MDB) se constitua de pessoas cuja preocupação maior seja incluir e não afastar as parcelas do eleitorado que tenham escolhido o postulante adversário.

A cizânia desmedida precisa encontrar termo a partir deste domingo, de maneira que a recomposição do tecido social se faça sem traumas. Para tanto, os sinais emitidos pelo mandatário da nação serão importantes.É hora de temperança e não de mais afronta; de integrar, não segregar.

Numa eleição já excessivamente marcada por disseminação de notícias fraudulentas, violência física e verbal e ameaças de toda sorte, é tarefa urgente do ganhador oferecer um aceno franco e falar ao País sem o ranço da disputa acirrada de 2018.

Jornal quase centenário, O POVO reafirma seu histórico compromisso com a democracia e rechaça qualquer hipótese de aventura autoritária, renovando a sua missão inarredável não apenas de sentinela da imprensa livre, mas de voz contrária a toda tirania. Aqui, não transigimos com flertes a regimes de força. Isto não mudará depois de domingo.
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