A Polícia Federal prendeu a deputada estadual eleita Ione
Pedroso (Solidariedade/RR) e outras nove pessoas no âmbito da Operação
Zaragata, deflagrada nesta sexta-feira, 14, para apurar desvios de R$ 50
milhões em recursos públicos e cobrança de propinas nos serviços de transporte
escolar em Roraima.
O marido de Ione, o empresário José Wallace Barbosa da
Silva, também foi alvo de prisão, mas ainda não foi localizado. Ele é
considerado foragido pela Polícia Federal. Ao todo, os agentes cumpriram 10
mandados de prisão e 12 de buscas e apreensão.
Outros três alvos da ação foram os ex-secretários da Fazenda
Aline Karla Lira de Oliveira e Shiská Pereira e o servidor público Thiago Lima
Martinez. Os dois últimos estavam presos por outros processos envolvendo
supostos desvios na merenda escolar do Estado.
O inquérito da Zaragata foi instaurado em agosto deste ano
para apurar supostas irregularidades cometidas em contratação do governo de
Roraima com recursos do Fundeb por meio de dispensa de licitação emergencial.
Segundo a PF, há indícios de esquemas envolvendo o transporte escolar do
Estado, como cobrança de propinas de empresas do setor, que eram obrigadas a
pagar valores entre 10% a 15% das faturas para receber o pagamento do governo.
"A organização criminosa também falsificava documentos
de prestação de serviços que não eram, de fato, realizados, bem como também
fraudava procedimentos licitatórios", informou a Federal.
Notas técnicas da Controladoria-Geral da União apontaram
indícios de irregularidades em contratos de transporte escolar. Em um deles, os
valores ultrapassam R$ 78 milhões. Segundo o órgão, os pagamentos indevidos
poderiam chegar a R$ 50 milhões.
"Em alguns casos, certa empresa era contratada para
fazer rotas de transporte já prestadas por outra empresa, a qual efetivamente
prestava o serviço. Ou ainda, uma mesma empresa era contratada várias vezes
para a mesma rota, recebendo vários pagamentos por uma mesma prestação",
relata a PF.
As investigações contaram com o apoio do Ministério Público
Federal, da Controladoria-Geral da União e do Ministério Público Estadual de
Roraima.
Zaragata faz alusão ao estado de desordem em que se encontra
tanto a prestação dos serviços de transporte quanto os próprios contratos
públicos.
Defesa
A reportagem busca contato com a defesa dos acusados, mas
ainda não obteve retorno.
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