Ricardo Alcântara, Blog do Eliomar
Até esta semana, para o bem e para o mal, Bolsonaro viveu de intenções – algumas controvertidas, outras de ampla aceitação popular.
Na campanha, convenceu uma maioria simples de que era a melhor opção. Na fase de transição, reafirmou compromissos e recuou em relação a alguns. Quando a gestão começou, há quatro semanas, havia ampliado o espectro de expectativas positivas da população acerca do e virá.
Mas o governo tropeçou no mastro de sua própria bandeira: veio de dentro de sua casa uma precoce e contundente contradição, o envolvimento de seu filho, agora senador, com uma mal explicada contabilidade e estreita ligação com elementos profissionais do crime.
Agora, sim, começa a verdadeira batalha: assumem os novos membros do congresso nacional. A maioria deles, em maior ou menor medida, gente de vida pregressa que não recomenda contar com altruísmos patrióticos: é gente que não coloca o Brasil acima de seus interesses, nem Deus acima de seus vícios.
Métodos novos geram novas repercussões: até aqui, o presidente se esquivou de estabelecer com o congresso um modelo de relação que redundaria, inevitavelmente, na distribuição do meu, do seu e do nosso dinheiro como uma partilha entre bem sucedidos saqueadores. Exagero? Consulte os jornais.
Por outro lado, a presença de Sérgio Moro – xerife da política que quer colocar o terrível (para eles) Deltan Dallagnol na Procuradoria-geral e transportar a si mesmo para o Supremo Tribunal – na pasta mais antiga da República não é o melhor cartão de visitas que um presidente poderia distribuir naquela casa.
Vem aí um esforço por amplas reformas liberais na economia, numa dimensão ainda não experimentada, e uma proposta para a indesejada, porém inevitável Reforma da Previdência, num modelo ousado, ao gosto dos rapazes de Chicago.
O nível de permeabilidade que as propostas do governo alcançarão no congresso nos primeiros meses será decisivo para medir a resistência do governo Bolsonaro e suas possibilidades de vir a ser bem compreendido ao fim de sua jornada.
Bem sucedido no seu objetivo principal, a retomada do crescimento em níveis suficientes para impor uma curva ascendente e contínua de recuperação das taxas de emprego notáveis de alguns anos atrás, as resistências a ele perderão força.
Caso contrário, oremos.
*Ricardo Alcântara
Escritor e publicitário.
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019
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