Reforma ministerial adiada
O presidente Jair Bolsonaro desembarcou, ontem, em Brasília
furioso com a informação de que encomendou aos auxiliares que o cercam mais de
perto o esboço de uma ampla reforma ministerial que pretende fazer em breve.
Está à caça da fonte, ou das fontes, que vazaram a informação para as
jornalistas Helena Chagas e Lydia Medeiros, editoras do boletim TAG Reporter.
Este blog obteve a mesma informação.
Recomenda-se ao presidente que amplie a investigação que
pretende fazer em busca do que chama de “traidor” infiltrado entre as pessoas
de sua confiança. A quem poderia interessar o vazamento da notícia? Resposta
óbvia: a quem desejasse abortar o que estava sendo estudado. Ou porque seria
prejudicado com a reforma ou simplesmente porque discordava dela a essa altura.
O governo passaria cedo demais o recibo de que vai mal.
O episódio da reforma negada por Bolsonaro, especialista em
se desdizer e em desmentir o que com frequência acaba se confirmando adiante,
lembra episódio parecido que ocorreu em 1984 quando a eleição de Tancredo Neves
para presidente era dada como certa. Em um esforço desesperado para vencer,
Paulo Maluf, candidato do regime militar, convenceu o presidente João
Figueiredo a fazer uma reforma ministerial a seu favor.
A informação vazou para Tancredo. Então pela primeira e
última vez na sua vida, ele deu uma entrevista coletiva em “off”. Repassou a
informação para um grupo de repórteres dos maiores jornais da época mediante a
condição de não ser citado. Deu o nome dos ministros que seriam demitidos e dos
que entrariam com a missão de ajudar Maluf. Ao ver a informação publicada no
dia seguinte, Figueiredo desistiu da reforma.
Não se cobre a Bolsonaro conhecimentos históricos nem
sabedoria política em excesso, apanágio de figuras que existiram no passado e
de raras que ainda vivem. Bolsonaro é binário – preto ou branco, terra ou ar,
amigo ou inimigo. É da sua formação. Paraquedista faz parte das chamadas Forças
Especiais do Exército. O governo está repleto deles. Não é estimulado a pensar
muito e tampouco a discutir. Ordem é ordem. Quando acionado, cai atirando para
matar ou morrer. Selva!
Fora do hospital antes da hora
Tudo bem
Seria um exagero dizer que o presidente Jair Bolsonaro se deu alta do hospital onde foi internado em São Paulo para mais uma operação por conta da facada que levou há um ano em Juiz de Fora.
Seria um exagero dizer que o presidente Jair Bolsonaro se deu alta do hospital onde foi internado em São Paulo para mais uma operação por conta da facada que levou há um ano em Juiz de Fora.
Mas se tivesse dependido unicamente dos médicos que cuidam
dele, Bolsonaro ficaria por lá mais alguns dias. Sua recuperação foi boa e não
há indicação de retrocesso.
Bolsonaro voou de volta a Brasília porque, na sua paranoia,
enxerga perigos por todos os lados e não confia em ninguém – salvo na mulher e
nos seus filhos.
Está disposto a fazer o que disse – comparecer à abertura da
Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque, nem que seja em cadeira de rodas. Um
bom paraquedista não foge ao combate.
Os médicos acham cedo demais para que ele viaje – mas que
médicos dizem não a um presidente da República? Está para nascer o primeiro.
Não disseram não a Tancredo Neves e foi o que se viu.
O racha em meio aos bolsonaristas preocupa Bolsonaro e os
garotos. Aumenta entre os devotos do capitão a desconfiança de que esfriou seu
compromisso com o combate à corrupção.
E tudo por causa do envolvimento de Flávio com desvio de
dinheiro público, do acordo entre Bolsonaro e o ministro Dias Toffoli para
salvar Flávio, e, por consequência, o enfraquecimento de Moro.
A viagem a Nova Iorque foi esvaziada. Descartaram-se
encontros com Bolsonaro pedidos por chefes de Estado. O presidente preferiu se
reunir com generais americanos no Texas.
Até lá, deverá estar se alimentando normalmente. No momento,
alimenta-se de coisas cremosas. Evoluirá para as pastosas. Está proibido de
falar muito. Mas como forçá-lo a obedecer?
Resta aos devotos e às pessoas de bom coração torcerem para
que tudo dê certo. Selva! Ou melhor: Amém!
No meio do caminho tinha um tanque
Witzel invadiu os domínios do capitão
Anteontem, ainda hospitalizado, o presidente Jair Bolsonaro negou que tivesse ordenado ao PSL carioca a retirada do apoio ao governador Wilson Witzel (PSC). Ontem, o PSL carioca anunciou que seus 12 deputados estaduais deixarão de apoiar Witzel.
Anteontem, ainda hospitalizado, o presidente Jair Bolsonaro negou que tivesse ordenado ao PSL carioca a retirada do apoio ao governador Wilson Witzel (PSC). Ontem, o PSL carioca anunciou que seus 12 deputados estaduais deixarão de apoiar Witzel.
Nada de mais. Nada de original. Bolsonaro não tem
compromisso com o que diz. E por não ter, orientou seus correligionários a
dizerem que o rompimento se deve ao fato do governador do Rio ter revelado que
será candidato a presidente em 2022.
Não foi por isso. É fake! Bolsonaro foi o primeiro a saber
que Witzel pretende se candidatar à sua sucessão. Mas desde que ele, Bolsonaro,
não seja candidato. Como Bolsonaro soube disso? Ouviu do próprio governador ao
sobrevoar o Rio em um helicóptero ao lado dele.
Testemunhas da confissão de Witzel: agentes de segurança de
Bolsonaro e o ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva. Bolsonaro
ouviu a confissão calado, e não gostou. Ela serviu para aumentar sua
desconfiança e antipatia pelo governador.
O copo d’água transbordou quando Bolsonaro assistiu Witzel
pontificar no desfile militar de 7 de setembro a bordo de um tanque de guerra
do Exército. O que é isso? Witzel quer fazer média com os militares, reduto
eleitoral de Bolsonaro? Pode parar!
E o PSL desembarcou
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