O Apocalipse, o último livro da Bíblia, foi escrito por
João, um dos quatro evangelistas — os outros são Mateus, Marcos e Lucas —, por
volta de 95 d.C., na pequena ilha grega de Patmos, no mar Egeu. São visões
aterradoras, nas quais quatro cavaleiros espalham fome, guerra e peste.
Anjos trombeteiam castigos e catástrofes. Há trovões, relâmpagos e terremotos; chuvas de granizo, fogo e sangue. Pragas terríveis se disseminam, como vorazes gafanhotos e venenosos escorpiões. João prevê um confronto final entre Deus e o diabo, entre o bem e o mal. Para muitos, relata o fim do mundo, embora esse não seja o juízo dos teólogos cristãos. Em grego, apocalipse significa “revelação”, ou seja, o desvendamento de coisas que até então permaneciam secretas a um profeta escolhido por Deus, o chamado juízo final: Deus manda os maus para o inferno e os bons para o paraíso.
Anjos trombeteiam castigos e catástrofes. Há trovões, relâmpagos e terremotos; chuvas de granizo, fogo e sangue. Pragas terríveis se disseminam, como vorazes gafanhotos e venenosos escorpiões. João prevê um confronto final entre Deus e o diabo, entre o bem e o mal. Para muitos, relata o fim do mundo, embora esse não seja o juízo dos teólogos cristãos. Em grego, apocalipse significa “revelação”, ou seja, o desvendamento de coisas que até então permaneciam secretas a um profeta escolhido por Deus, o chamado juízo final: Deus manda os maus para o inferno e os bons para o paraíso.
Em 1348, a peste negra chegou à Península Itálica; para
muitos, era o apocalipse. Foi uma das mais trágicas epidemias que assolaram o
mundo ocidental. Assim como a Aids, que nesta semana registrou os dois
primeiros casos de cura, a peste negra foi considerada um castigo divino contra
os hábitos pecaminosos da sociedade. Originária das estepes da Mongólia, onde
pulgas hospedeiras da bactéria Yersinia Pestis infectaram diversos roedores,
que entraram em contato com zonas de habitação humana e se instalaram nos
animais domésticos e nas peças de roupa. A peste foi disseminada pela chamada
Rota da Seda e pelo comércio do Mediterrâneo. O intercâmbio comercial entre o
Ocidente e o Oriente, reativado desde o século XII, explica a rápida propagação
da doença pela Europa.
Não se tinha conhecimento, à época, para entender a doença,
tanto sua variação bubônica, que atacava o sistema linfático, como a pneumônica,
que atacava diretamente o sistema respiratório. Desconhecendo as origens
biológicas da doença, muitos culpavam os judeus, os leprosos e os estrangeiros
pela peste negra, embora as condições de vida e higiene nos ambientes urbanos
do século XIV fossem grandes propulsoras da epidemia. Nas cidades medievais,
lixo e esgoto corriam a céu aberto, atraindo insetos e ratos portadores da
peste. A falta de higiene pessoal facilitava a propagação da epidemia, que se
instalava por períodos de quatro a cinco meses. Cidades eram abandonadas ou se
fechavam completamente, em quarentena. Um terço da população morreu.
Deterioração
O coronavírus não é uma simples gripe, antes fosse; pode até
ser menos letal que a dengue, mas não é uma “fantasia” da mídia mundial, como
disse o presidente Jair Bolsonaro. Faz parte de uma grande família viral,
isolada pela primeira vez em 1937. No entanto, somente em 1965, o vírus foi
descrito como coronavírus, em decorrência do perfil semelhante a uma coroa.
Geralmente, infecções por coronavírus causam doenças respiratórias de leves a
moderadas, semelhantes a um resfriado comum. A maioria das pessoas se infecta
com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas a maior
população de risco. O problema é que o novo coronavírus (Covid-19), descoberto
em 31/12/19, após casos registrados na China, se propaga mais rápido, por
hospedeiros assintomáticos, não tem vacina nem medicação específica e mata os
pacientes de baixa imunidade, principalmente idosos e portadores de doenças
crônicas. Agora, já virou uma pandemia, conforme anunciou, ontem, a Organização
Mundial de Saúde.
Em circunstâncias iguais a de outros países, o Brasil teria
todas as condições de evitar uma grave epidemia, a partir das medidas
preventivas que estão sendo tomadas pelo Ministério da Saúde. A doença está
atingindo pessoas de alta renda, que chegaram de viagens ao exterior; o
problema é a doença sair do controle e se propagar de forma generalizada, num
país com áreas urbanas muito degradadas, de condições sanitárias medievais. A
outra face do problema é o impacto que a epidemia está tendo na economia
mundial, que pode até entrar em recessão, ainda mais depois da crise do
petróleo provocada pela guerra de preços e produção entre Arábia Saudita e
Rússia.
Aqui, esse impacto deveria ser mitigado por medidas
econômicas e financeiras mais eficientes, porém, uma crise de relacionamento
entre o presidente Jair Bolsonaro e o Congresso pode pôr tudo a perder. O
presidente da República, que subestima a epidemia, não cumpre acordo com o
Congresso e convoca uma manifestação para pressioná-lo a não votar os projetos
que o próprio Executivo encaminhou ao parlamento. Em resposta, o Congresso
resolve jogar para a arquibancada e derrota o veto de Bolsonaro ao aumento do
Benefício de Prestação Continuada (BPC), o salário mínimo destinado a idosos e
deficientes, o que pode representar um aumento de despesas de R$ 7 bilhões a R$
20 bilhões, dependendo de quem faz a conta. Ou seja, o cenário se deteriora na
saúde, na política e na economia. E os cavaleiros do Apocalipse? Deixa pra lá…
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