A avaliação de Jair Bolsonaro desceu aos mesmos níveis de maio e junho de 2020, os piores de seu governo quase sempre mal avaliado. Nas 11 pesquisas do Datafolha desde o início de seu mandato, apenas em dezembro o presidente obteve aprovação superior à reprovação, considerada a margem de erro.
Ele faz uma administração ruim ou péssima para 44% dos entrevistados na mais nova sondagem. Bolsonaro, no entanto, resiste. Para 30% do eleitorado, a gestão é ótima ou boa. Seu apoio nunca caiu abaixo desse nível, ainda considerável —em especial num momento de ápice da pandemia, inflação em alta e turbulência econômica.
Como em meados do ano passado, a queda da popularidade coincide com um pico de mortes provocadas pela Covid-19. Hoje, 54% dos brasileiros aptos a votar consideram ruim ou péssimo o desempenho do mandatário no combate à doença, ante 50% em maio de 2020.
Uma diferença maior em relação a meados do ano passado se dá na situação econômica. A despeito da incerteza causada pelo avanço descontrolado da epidemia e pela escassez de vacinas, o nível da atividade e mesmo do emprego melhorou —embora esteja longe de patamares satisfatórios e seguros.
O volume da vociferação e das atividades antidemocráticas públicas do presidente também baixou. A sempre elevada percepção quanto a sua incompetência, porém, voltou a subir neste ano.
Bolsonaro “não tem capacidade de liderar o Brasil” para 56% do eleitorado. É “o principal culpado pela situação atual da pandemia hoje no Brasil” para 43% (ante 17% dos governadores e 9% dos prefeitos). Mais: 45% do público “nunca confia” no que ele diz. Ainda assim, não há maioria a favor de seu impeachment ou renúncia.
Trata-se do bastante para que o presidente mantenha sua sustentação parlamentar. No entanto a adesão do centrão ao governante de turno é, por natureza, volátil.
Mulheres, cidadãos com renda familiar mais alta, com ensino superior, pessoas que se declaram pretas, moradores do Nordeste e desempregados têm em geral as opiniões mais negativas. Empresários, notadamente a mais positiva.
Apesar de a Covid-19 elevar sobremaneira o risco de uma recaída recessiva, ainda não há certeza sobre o seu efeito nos negócios e nos empregos após abril. Mesmo com inépcia grosseira, além dos atos de sabotagem oficial, é possível que o país atinja um número relevante de pessoas vacinadas em maio.
Consideradas essas dimensões do humor nacional, é possível que haja certo alívio em meados do ano. Auxílio emergencial, alguma retomada econômica e vacinas podem, em teoria, devolver a Bolsonaro alguns pontos de popularidade.
Parte do país terá agido para evitar o pior, mesmo acossada pelo ocupante do Planalto —do qual sempre se podem esperar novas iniciativas contra os brasileiros e sua própria administração.
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