Numa reviravolta em relação ao primeiro turno, quando ficou num distante segundo lugar, Guillermo Lasso elegeu-se, no domingo (11), o novo presidente do Equador. O candidato de centro-direita amealhou 52,5% dos votos ante 47,5% do esquerdista Andrés Arauz.
O triunfo de Lasso marca, sobretudo, a derrota do ex-presidente Rafael Correa, que ocupou o poder de 2007 a 2017 e fez o sucessor, Lenín Moreno, hoje rompido com o antecessor e padrinho político.
Figura tão influente quanto controversa na cena equatoriana, Correa combinou, em seus anos de governo, bons resultados na economia e programas de renda com uma escalada autoritária contra a imprensa e adversários.
Terminou envolvido em escândalos de corrupção que resultaram numa condenação, em 2020, por favorecimento a empresas, como a brasileira Odebrecht, em troca de recursos para seu partido.
No pleito deste ano, investiu seu capital político em Arauz, tendo chegado a cogitar ocupar a posição de vice na chapa, não obstante viva na Bélgica desde 2017. Mas o apoio de Correa, se no primeiro turno foi decisivo para o êxito de um postulante até então pouco conhecido, agora parece ter sido determinante para sua derrota.
Para vencer o pleito, Lasso, um banqueiro e ex-diretor-executivo da Coca-Cola, contou com a maior parte dos votos que haviam sido direcionados ao líder indígena Yaku Pérez e ao esquerdista Xavier Hervas, mostrando que o repúdio ao ex-presidente no eleitorado pesou mais do que as diferenças ideológicas entre os candidatos.
Além de uma nação polarizada, o novo mandatário herdará um cenário econômico e social muito difícil. No ano passado, o Produto Interno Bruto equatoriano registrou queda de quase 8%, em meio a um endividamento crescente do país.
Já a pandemia de Covid-19 voltou a recrudescer, provocando o colapso do sistema de unidades de terapia intensiva (UTIs) da capital, Quito, enquanto a vacinação progride de modo lento, com apenas 1,4% da população tendo recebido a primeira dose do imunizante.
Como se não bastasse tudo isso, Lasso contará com uma bancada de apoio diminuta na Assembleia Nacional, de apenas 12 deputados —ante 49 do partido de Correa. A governabilidade, pois, dependerá necessariamente de sua capacidade de estabelecer acordos e alianças com as siglas de oposição ao ex-líder do país andino.
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