Depois do lateral polivalente e do falso 9 no futebol, a política brasileira apresenta mais uma evolução tática: a “posição de internet”, ocupada pelo presidente da República. Seria um jogador com função decorativa. Bolsonaro só agiria como animador de auditório, falando para seus fanáticos seguidores, enquanto as decisões sobre o destino do país estariam entregues aos verdadeiros eleitos —o grupinho com os ombros estrelados.
Na CPI, o general Pazuello sugeriu que não recebeu ordens durante sua condução do enfrentamento da pandemia. Bolsonaro não passaria, portanto, de um boneco do regime. Recuperada quando o presidente vê sua popularidade despencar, a falácia é semelhante àquela utilizada na campanha eleitoral: o candidato que atuava como um ogro miliciano seria, no futuro, moderado pelas instituições.
Daí não ter relevância Bolsonaro chacoalhar caixas de cloroquina na cara da sociedade —só em discursos oficiais, de março do ano passado para cá, fez apologia do medicamento 23 vezes. Provavelmente ele estava sob efeito das tais “iniciativas psicossociais”, diagnosticadas por Pazuello em seu comportamento. Pelo mesmo motivo, gerar aglomeração e não usar máscara em Açailândia, acarretando uma multa dada pelo governo do Maranhão que pode chegar a R$ 1,5 milhão, nada custará aos cofres da Presidência.
Quem visitava a cidade era o personagem Mito, o mesmo que resolveu fazer propaganda do vírus num passeio de moto no Rio, trazendo o general Pazuello na garupa.
Incorruptível, ele não tem ligação com o que faz seu ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, acusado de contrabandear madeira para os EUA. Tampouco tem responsabilidade com o orçamento paralelo que destina bilhões a seus cupinchas no Congresso. Aliás, o ministro-chefe do GSI, general Heleno, disse que o centrão nem sequer existe. Na certa, centrão é outra posição de internet.
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