Jair Bolsonaro quer renovar sua aliança política com as Forças Armadas. Depois de fabricar desentendimentos, o presidente lembrou aos militares que eles são sócios originários de seu governo e fez quase um pedido aberto para que a caserna o ajude a permanecer no poder.
A visita de Bolsonaro a uma obra tocada pelo Exército na Amazônia, nesta quinta-feira (27), foi o palco desse comício militar. Ao lado de ministros e comandantes, ele apresentou sua plataforma e apelou a itens da velha cartilha que rege o envolvimento das Forças Armadas na política: a ocupação de espaços de poder e a oposição à esquerda.
O presidente tentou amarrar o destino do governo ao apoio daquela plateia de oficiais da ativa e generais da reserva. Depois de fazer um balanço dos desafios de seu mandato, acrescentou: “Essa responsabilidade eu divido com todos vocês”.
Logo depois, Bolsonaro fez questão de destacar que a caserna foi bem servida na distribuição de poder daquele consórcio. “Proporcionalmente, temos mais ministros militares do que naquele período de 64 a 85”, afirmou, em referência aos anos da ditadura. A conta estava errada, mas o recado foi dado.
No vídeo do discurso, divulgado pouco depois, Bolsonaro aposta na ameaça da esquerda como fator de coesão. O presidente sabe, afinal, que um importante ponto de convergência entre sua agenda de extrema direita e a cultura política militar se materializa no antipetismo.
“Na política, estamos polarizados”, disse, em clara referência a uma disputa entre ele e Lula (PT). “Cada um pode fazer seu juízo de quem é o melhor ou quem é menos ruim. Mas eu duvido que [quem] fizer uma análise do que aconteceu no Brasil nos últimos 20 anos, eu duvido que essa pessoa erre no ano que vem.”
Bolsonaro quer as Forças Armadas em sua campanha ou, em último caso, na retaguarda. O presidente já avisou que vai contestar o resultado da eleição se for derrotado. Ele certamente espera contar com os militares nessa aventura autoritária.
Nenhum comentário:
Postar um comentário