domingo, 23 de maio de 2021

CPI DA COVID CONSOLIDA FRENTES DE INVESTIGAÇÃO, MAS DIVERGE SOBRE RELATÓRIO PRELIMINAR

Leandro Prazeres, Julia Lindner, André de Souza e Natália Portinari, O GLOBO

BRASÍLIA – Em quase um mês de funcionamento, a CPI da Covid encerrou a primeira fase, em que o atual titular do cargo e os ex-ocupantes do Ministério da Saúde foram ouvidos, e consolidou as linhas de investigação que serão destrinchadas nas próximas semanas.

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Além de organizarem as milhares de páginas de documentos recebidos e as informações prestadas nos depoimentos, os senadores do bloco majoritário — oposicionistas e independentes — buscam uma definição sobre a melhor estratégia: publicar um relatório preliminar, com fatos já apurados até aqui, ou esperar mais revelações virem à tona antes de construir um texto.

CPI da Covid: Depoimentos de integrantes do governo são marcados por informações falsas ou imprecisas

O presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), defende que o relator, Renan Calheiros (MDB-AL), comece a trabalhar numa versão do parecer, com as primeiras conclusões, cruzando testemunhos e dados. A elaboração neste momento, no entanto, não é consenso entre integrantes do chamado “G7” — o grupo de senadores de oposição ou independentes em relação ao governo que têm maioria na comissão.

A aliados, Renan já confidenciou que só deve redigir este texto inicial quando tiver esgotado os assuntos e ouvido especialistas.

Os principais eixos da investigação são a demora na negociação para a compra de vacinas com a Pfizer; as responsabilidade do governo federal na crise de oxigênio hospitalar em Manaus; a influência do chamado “gabinete paralelo”, que seria composto por integrantes como o vereador do Rio Carlos Bolsonaro (Republicanos); e a insistência do governo em transformar o uso de cloroquina contra a Covid-19 em política pública.

— As omissões do governo em relação à vacina ficaram evidentes. Existia claramente uma política antivacina — resumiu o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI.

Novo depoimento

Omar Aziz afirmou neste sábado que Pazuello será convocado para um novo depoimento, a fim de esclarecer declarações controversas ou vistas como mentirosas pelos senadores em sua primeira oitiva.

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Os próximos depoentes serão funcionários do segundo e terceiro escalão do Ministério da Saúde, como o ex-secretário-executivo Élcio Franco e a atual secretária de Gestão do Trabalho e Educação, Mayra Pinheiro, conhecida como “Capitã Cloroquina”. Também está prevista a oitiva com o secretário de Saúde do Amazonas, Marcellus Campêlo. Parlamentares avaliam que, em seguida, a convocação do governador Wilson Lima (AM) será inevitável.

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