terça-feira, 31 de agosto de 2021

ASSÉDIO MORAL

Do G1, DF

Assédio moral: Ministério Público do Trabalho pede afastamento imediato de Sérgio Camargo da Fundação Palmares

O Ministério Público do Trabalho no Distrito Federal (MPT-DF) pediu o afastamento imediato de Sérgio Camargo da presidência da Fundação Palmares por assédio moral. Segundo a investigação, Camargo é responsável por perseguição político-ideológica, discriminação e tratamento desrespeitoso.

A Ação Civil Pública, ajuizada na última sexta-feira (27) e divulgada nesta segunda (30), será julgada pela 21ª Vara do Trabalho de Brasília.

O G1 não conseguiu falar com Sérgio Camargo e nem com a Fundação Palmares até a última atualização desta reportagem. Em uma rede social, ele escreveu: "Baseado em que, manés? Depoimentos mentirosos de traíras e de militantes que fiz muito bem em exonerar/demitir? Haja paciência!". Em outro post, escreveu: "Assédio moral é o brioco de quem me acusa!"

O MPT requer também que a Fundação Palmares "não permita, submeta ou tolere a exposição de trabalhadores a atos de assédio moral praticado por qualquer de seus gestores, além de cobrar, no prazo de 180 dias, diagnóstico do meio ambiente psicossocial do trabalho, realizado por profissional da área de psicologia social".

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O Ministério Público do Trabalho pede ainda que a Fundação Palmares e o presidente Sérgio Camargo sejam condenados, "a título de reparação por danos morais coletivos, no valor de R$ 200 mil, a serem pagos de maneira solidária".

Um ano de investigações

As investigações duraram um ano e, segundo o MPT-DF foram ouvidas 16 pessoas, entre ex-funcionários, servidores públicos concursados, comissionados e empregados terceirizados. A conclusão do procurador Paulo Neto, autor da Ação Civil Pública, foi de que "há perseguição político-ideológica, discriminação e tratamento desrespeitoso por parte do Presidente da Fundação Palmares, Sérgio Nascimento de Camargo."

"Os depoimentos são uníssonos, comprovando, de forma cabal, as situações de medo, tensão e estresse vividas pelos funcionários da Fundação diante da conduta reprovável de perseguição por convicção política praticada por seu Presidente e do tratamento hostil dispensado por ele aos seus subordinados", diz Paulo Neto.

Para o procurador, a investigação comprova que o gestor "persegue os trabalhadores que ele classifica como 'esquerdistas', promovendo um 'clima de terror psicológico' dentro da Instituição".

Histórico

A nomeação de Sérgio Camargo para a presidência da Fundação Cultural Palmares foi oficializada em 27 de novembro de 2019 e gerou uma série de críticas e indignação.

Numa publicação antes de ser nomeado para o cargo, o jornalista classificou o racismo no Brasil como "nutella". "Racismo real existe nos Estados Unidos. A negrada daqui reclama porque é imbecil e desinformada pela esquerda", afirmou.

Ele também postou, em agosto de 2019, que "a escravidão foi terrível, mas benéfica para os descendentes". "Negros do Brasil vivem melhor que os negros da África", completava a publicação.

Sobre o Dia da Consciência Negra, Sérgio Camargo afirmou que o "feriado precisa ser abolido nacionalmente por decreto presidencial". Ele disse que a data "causa incalculáveis perdas à economia do país, em nome de um falso herói dos negros (Zumbi dos Palmares, que escravizava negros) e de uma agenda política que alimenta o revanchismo histórico e doutrina o negro no vitimismo".

Sérgio publicou uma mensagem numa rede social na qual disse que "sente vergonha e asco da negrada militante". "Às vezes, [sinto] pena. Se acham revolucionários, mas não passam de escravos da esquerda", escreveu.

Em 13 de maio, aniversário da Lei Áurea, Sérgio Camargo publicou artigos depreciativos a Zumbi no site oficial da instituição. Em redes sociais, disse que Zumbi é "herói da esquerda racialista; não do povo brasileiro. Repudiamos Zumbi!".

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