O presidente da Câmara, Arthur Lira, não precisava ter submetido ao plenário da Casa, e nem tão rapidamente, a PEC do voto impresso rejeitada na comissão especial. Na prática, já estava enterrada. Mas Lira, sob o argumento de que a discussão havia ido longe demais, resolveu dar uma lição em Jair Bolsonaro. Sim é isso: o fiel Lira, aquele que segura uma centena de pedidos de impeachment contra o presidente e faz cara de paisagem diante das declarações mais golpistas de Bolsonaro, quis mostrar quem manda.
Alguém tem alguma dúvida de que é ele? Seu Centrão rachou na votação de ontem, apesar de toda a pressão do Planalto sobre os deputados. Os 229 votos a favor da PEC – 79 a menos do que o necessário para aprová-la – são suficientes para deter um impeachment ou um processo criminal contra o presidente (171).
Mas não chegam nem à maioria absoluta de 257 da Casa, exigida para votar alguns projetos e garantir quórum qualificado no plenário. E, como se vê, não dão nem para saída no caso de reformas e PECs como a que o Planalto mandou ao Congresso esta semana sobre o parcelamento dos precatórios. Moral da história: sem Lira, nada feito.
A notícia boa é que o fisiológico líder do Centrão que chegou à presidência da Câmara não parece disposto a apoiar um golpe – o que não quer dizer que não vá mantendo no curral a vaca leiteira que o alimenta. Mais do que nunca, o impeachment parece fora de questão.
Ainda que Jair Bolsonaro continue atacando o sistema eleitoral, as urnas eletrônicas e os ministros do STF e do TSE, e até promovendo mais desfiles patéticos de blindados caquéticos na Esplanada, esta terça-feira mostrou ao país que quem manda no governo está do outro lado da rua.
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