A campanha está nas ruas. Assessores econômicos começam a esboçar o programa dos candidatos divididos em dois grupos: um, pró-gasto, para o nacional-desenvolvimentismo – finalmente – dar certo, e o outro, da responsabilidade fiscal como base para o crescimento sustentável. Todos sem maiores detalhes sobre políticas sociais e ambientais. Posto Ipiranga saiu de férias e não voltou. Ciro Nogueira assumiu a campanha e a chave do cofre.
Lula ainda não indicou seu porta-voz para a economia. Isso vem gerando especulações sobre o caminho que vai escolher mais à frente.
Por enquanto, vou me guiando pela Gleisi Hoffmann, presidente do PT e bem próxima de Lula. Tem lugar de fala. Ela promete a revisão de contratos “lesivos” e o fim da “privatização selvagem”.
Fico curiosa em saber como será definido o que é lesivo, afinal, seu partido gastou R$ 289 bilhões em subsídios na tal “Bolsa Empresário” – o equivalente à soma dos gastos anuais de saúde e educação. E em que critério se encaixariam as refinarias da Petrobras?
“Privatização selvagem” chega a ser cômico. Bolsonaro privatizou menos do que o PT. Lula vendeu um banco público, e a Celg entrou na fila da privatização pelas mãos de Dilma. O Programa de Desestatização nem suspenso foi. Foram realizados leilões de óleo, que permitiram a criação de empresas como OGX, e de energia, como Jirau e Belo Monte, além de concessões de estradas e aeroportos.
Essas bravatas não são novidade. Em 2002, Lula prometeu fazer uma devassa nas privatizações e reestatizar empresas. Assumiu e deu o dito por não dito. Prosseguiu com as tais políticas “neoliberais” até explodir o Mensalão.
Lamento muito que ele não tenha investigado a fundo as privatizações. Mas era previsível. Politicamente era mais conveniente deixar suspeitas no ar. Foi assim que se originou a lenda urbana da tal privataria tucana. O PSDB, por sua vez, nunca deu uma resposta à altura. Como esquecer a infeliz jaqueta de Alckmin?
Se Lula estava tão convicto dos desvios na privatização do governo FHC, com o qual contribuí por três anos, deveria ter vasculhado tudo. E não o fez.
Bolsonaro é igual. Acusa diretor da Anvisa sem prova. É tática recorrente. Cruel com os bons servidores. Recai sobre eles o ônus da prova invertido: mostrar que não roubou.
Mas o mundo gira. Recentemente fui citada pela CUT como referência na condução da desestatização. Gostaram de minhas críticas à privatização da Eletrobras – malconduzida do início ao fim. De carrasca das estatais virei companheira.
*ECONOMISTA E ADVOGADA
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