quarta-feira, 13 de julho de 2022

O GOVERNO AGORA QUER MOSTRAR QUE TRABALHA

Carlos José Marques, ISTOÉ

Nova artimanha eleitoreira na praça em tempos de um governante à cata de votos para conquistar um segundo mandato, iludindo os incautos: o capitão Bolsonaro, contra todas as evidências e demonstrações cabais exibidas até aqui, tenta vender a ilusão de que trabalha e realiza. Não vale rir. Ele está despejando uma montanha de dinheiro em peças publicitárias de ocasião encenando a lorota de que fez muito pelo Brasil. Propaganda enganosa na veia! Até a Globo, por ele e seus cegos aduladores classificada de “Globolixo”, recebeu um quinhão dos milhões gastos nas peças publicitárias com esse intuito. Aumentou em nada menos que 75% o volume de dinheirama para a emissora, de janeiro para cá, após anos desancando a “vênus platinada” e ameaçando cassar a sua concessão. Nada como a vitamina da audiência para despertar os impulsos mais oportunistas do capitão. 

E a entourage que acreditou que ele – como disse – não iria colocar um tostão nos veículos “adversários” terá de engolir. Mais uma fake news do marechal da mentira. Em números redondos, apenas na Globo ele já injetou mais de R$ 11,4 milhões no esforço concentrado pela vitória nas urnas. As peças de ficção vão vender a fantasia de um “Bolsonaro trabalhador em um País sem corrupção”. Você não perdeu nada, prezado leitor! É isso mesmo que estará aparecendo em sua telinha, logo mais, em comerciais a preço de ouro, bem produzidos, para atentar contra a lógica dos fatos que todos nós presenciamos. 

O capitão, que colocou no liquidificador os princípios de moral, esculhambou com o sistema educacional brasileiro, que negligenciou oxigênio a pacientes moribundos da Covid, que deixou a inflação e os juros correrem soltos, que passou o governo inteiro desacatando instituições e as regras constituídas para montar um arquétipo de golpismo bananeiro, quer dessa vez mostrar que é um estadista sério, compromissado com os grandes desafios do País, envolvido em causas essenciais como a do combate à fome, à miséria, ao desemprego e voltado para abrandar as aflições dos mais pobres e necessitados. Acredite quem quiser. A encenação irá durar pouco. Somente o tempo necessário para garantir o seu voto. 

Depois, uma banana para o que você imaginou! Eis o Bolsonaro em estado puro, malandro da ribeira, oportunista como poucos, aquele que iria acabar com o fisiologismo escrachado e acabou nos braços e esquemas do Centrão para corromper a máquina. O personagem falacioso de um “Bolsonaro trabalhador” dos filmecos aos quais logo iremos assistir invadindo os lares brasileiros é aquele mesmo das motociatas sem fim, gazeteando expediente de trabalho. É o “mito”do jet ski, das festas e dancinhas nas lanchas, das férias seguidas na praia, das jeguiatas e comícios todos os dias e horas desde que assumiu. 

É o presidente acidental, rotulado de preguiçoso até pelos mais próximos assessores, que chegou a ter na agenda pública deste ano 48 dias úteis sem NENHUM compromisso oficial (nenhum mesmo!), além de outros 69 dias nos quais começou a labuta após às 12 horas — emprego dos sonhos! Isso sem contar os dias que passou internado para tratamentos e exames. É o “Bolsonaro trabalhador” quem arranja qualquer desculpa para fugir do batente. Pare e note quantas vezes você, prezado leitor, assistiu ao mandatário em compromissos e discussões de temas importantes para mudanças concretas e relevantes que ajudassem o Brasil? Em pouco mais de três anos, o Messias do Planalto deixou Brasília por 15 vezes para curtir férias, folgas e feriadões nos litorais baiano, catarinense e paulista. 

Bacana, né? Exatamente quantos brasileiros dentre aqueles que precisam pegar no pesado diariamente, acordar cedo, enfrentar conduções lotadas e jornadas sem fim possuem a mesma sorte? Bolsonaro é o suprassumo da algazarra, da boa vida e da desfaçatez com o objetivo de garantir privilégios. Para ele, aliados e toda a família. Bolsonaro não labora. Ponto. E toda a campanha de marketing na qual venha a aparecer em contrário só traduz aquilo que ele sempre professou: o enredo falacioso sistemático. 

Faltam honestidade e princípios naquele que constroi uma montanha de gastança bilionária para se reeleger. Vai explodir com as contas públicas, colocar o País de joelhos, endividado e em dificuldades, vendendo a fantasia de que muito faz, quando, na verdade, procurou destruir o que existia em cada setor, área ou empresa sob seu comando – e os números estão aí para mostrar – para garantir o poder. O Bolsonaro trabalhador não passa de mais uma caricatura dele mesmo, enquanto segue vagabundeando Brasil afora, incitando a anarquia e a irresponsabilidade.

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