terça-feira, 12 de julho de 2022

UM NOVO BICHO NO ZOOLÓGICO DO ORNITORRINCO

Edmundo Lima Arruda Jr., OS DIVERGENTES

Reducionismo sociológico. É a regra metodológica da intelectualidade mediana no bojo do cansaço da vida cotidiana. Afinal, tá muito difícil vislumbrar um horizonte positivo.

Sim, há o delírio das oportunidades ímpares do socialismo diante do acirramento da luta de classes. Vai faltar vanguarda para tamanha revolução.

De todo modo a biruta endoidou. Alguém já falou em “saudades do futuro”. Mas será que as fugas diante do mal evidente podem ser centradas na imediatez da trágica ocorrência de 2018 ao dia de hoje?

Todos os quinhentos anos estouraram no rabo da ultradireita no poder. Simples assim. A quem serve a amnésia das gêneses…?

O Brasil vinha aos trancos e barrancos construindo o seu ornitorrinco cultural, mas progredia, um passo à frente, dois atrás, ou no sentido histórico contrário. Vargas e Lula, para alguns, FHC, talvez, sinalizaram um país desenvolvido, política e socialmente. A direita, predominantemente, salgou a terra para o seu extremo, com a década e meia da autoproclamada “esquerda de governabilidade” “toreando” com as elites tradicionais e se abraçando, pragmaticamente, com o que de pior o mercado oferece.

No mínimo o hoje carrega parcelas de responsabilidades para todos. Ou não? Haja bode no zoo.

A jornalista Daniela Pinheiro cita um empresário pernambucano, Paulo Dalla Nora Macedo, saudoso da paz na terra brasilis, liberta e descolonizada da tradição dos engenhos e currais. “Coronel, enxada e voto”. Cada vez mais atual o nosso Victor Nunes Leal.

Volto ao Paulo Dalla Nora Macedo de Daniela Pinheiro (“Não queria que meus filhos vivessem na bolha no Brasil”. 8.7.22).

Um homem que perpassou o comércio, experimentando a indústria e chegando a proprietário de banco. Condições ideais para a imersão no capitalismo da inclusão social.

Mas o bom burguês se auto exila em Portugal, cansado de tentar fazer o bem no país pátrio na qual lobos e serpentes complicam uma quebra da cadeia evolutiva. O ornitorrinco vai embora (?).

Os porcos de George Orwell, escondem-se no Centrão. Agora o reinado da pocilga é do Franskstein à brasileira, um subproduto de Mengele.

E eis que no zoológico de nossa evolução plena de torções e desconexões aparece esse Frankstein tardio e nazista, genocida, introduzido a fórceps (?) entre nossos bichos. Com a bandeira atraente contra a desordem, o protofascismo popular legitimamente representado por Jair Bolsonaro.

O clima entre serpentes e lobos é convulso, ariranhas e jacarés conspiram para aperfeiçoar uma Crimideia muito mais antiga que a prevista em 1984 de Orwell.

Feliz dos que puderem sair antes do black out. Para 99% da população o aeroporto e voos internacionais não existem. Tampouco para montar um bistrô onde possamos comprar pipocas para os macacos, pensando em como sair da bolha com séculos de vida.

– Edmundo Lima de Arruda Jr

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