Autor do atentado conseguiu o oposto do que pretendia:
fortaleceu Moraes, enfraqueceu Bolsonaro
País lembrou de como o ministro, alvo maior das redes e do
terrorista, foi decisivo para evitar o golpe e punir os responsáveis
O tiro saiu pela culatra e as explosões na Praça dos Três
Poderes produziram efeitos opostos aos pretendidos pelo seu autor, Francisco
Wanderley Luiz. Se ele planejou enfraquecer o Supremo e fortalecer o golpismo,
acabou unindo as instituições e as forças democráticas e isolando bolsonaristas
e radicais em geral. E, afinal, foi a única vítima do seu próprio ato
terrorista.
As duas explosões, uma à frente do STF, a outra próxima ao
Congresso, confirmam o poder da internet, o quanto o discurso do ódio está
disseminado e como cidadãos e cidadãs estão reféns da guerra ideológica.
Mas, de outro lado, trouxeram a lembrança
da articulação de um golpe de Estado, a tentativa de cooptação das Forças
Armadas e o trauma do 8 de Janeiro. Logo, reativaram a resistência democrática,
a importância do Supremo e da urgência da regulamentação da internet.
O País lembrou como Alexandre de Moraes, alvo maior das
redes e do terrorista, foi decisivo para evitar o golpe e punir os
responsáveis. E, na prática, ele ganhou mais tempo para liderar a resistência.
É relator do inquérito do golpe, que foca Jair Bolsonaro e será concluído pela
PF na próxima semana, e agora do inquérito das explosões, que é autônomo e vai
demorar.
Já o bolsonarismo não tem nada a comemorar. Sem chance via
Justiça, Bolsonaro contava com o Congresso para derrubar
sua inelegibilidade, sob pretexto de conceder anistia aos
golpistas do 8/1. A anistia, porém, parece sete palmos debaixo da terra. E o
bolsonarismo passou recibo. Assim como Bolsonaro não para de bater no peito e
dizer que é o candidato em 2026, ele agora diz que as explosões foram uma mera
“coisa de maluco”. No mundo real, porém, Bolsonaro está inelegível e a
investigação da PF é sobre terrorismo.
Num texto que não tem estilo, vocábulos, conteúdo e alma de
Bolsonaro, ele defende pacificação e diálogo, que jamais defendeu. Na mesma
toada, Ciro Nogueira, ex-chefe da Casa Civil, que está sempre no ataque, passou
de repente a condenar a polarização e a defender o diálogo. As voltas que o
mundo dá.
Os ataques à democracia e à paz começaram com multidões
enroladas na bandeira nacional pedindo volta da ditadura e fechamento do
Supremo e do Congresso, já no início do governo Bolsonaro, com a presença do
presidente e até com o QG do Exército ao fundo.
É assim que cidadãos comuns vão saindo da realidade,
mergulham no mundo virtual e acreditam nas fake news mais estapafúrdias, até se
transformarem em terroristas. Seja provocando explosões, seja depredando STF,
Planalto e Congresso. Em nome do quê? Da democracia? Isso é coisa de louco,
sim, mas louco terrorista que não merece anistia.
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