Nomeações de Donald Trump ameaçam os EUA, enfraquecem a
democracia e esfacelam o Partido Republicano
Indicações para inteligência nacional, secretaria de Defesa e Procuradoria-geral visam a capturar as instituições do Estado tradicionalmente protegidas do uso político-partidário
As nomeações de Donald Trump para a Direção Nacional de
Inteligência (DNI), o Pentágono e a Procuradoria-Geral visam a capturar as
instituições do Estado tradicionalmente protegidas do uso político-partidário.
Os potenciais efeitos são o enfraquecimento da democracia, ganhos para os
inimigos dos EUA e esfacelamento do Partido Republicano.
Indicada para supervisionar as 16 agências de inteligência,
Tulsi Gabbard tem encampado posições da Rússia e da Síria. Em 2017, a então
deputada democrata se reuniu com o ditador sírio, Bashar Assad, embora os EUA
tivessem rompido relações com o regime. Ela repetiu os desmentidos da Rússia,
que apoia a Síria, do uso de armas químicas do regime sírio contra seu próprio
povo.
A CIA, a Agência de Segurança Nacional
(NSA) e o FBI concluíram que a Rússia interferiu em favor de Trump nas eleições
de 2016. Depois de uma reunião com Vladimir Putin em 2018, Trump disse que
acreditava na garantia do presidente russo de que essa interferência não
ocorreu, contra as conclusões das agências americanas.
Funcionários da DNI disseram à revista Newsweek que temem
que Gabbard interfira nas agências de inteligência em favor da Rússia, e que
pretendem pedir demissão se a nomeação for confirmada.
O indicado para chefiar o Pentágono, Pete Hegseth, tem se
dedicado a uma cruzada contra a diversidade sexual e racial nas Forças Armadas.
Trump quis usar as Forças Armadas para reprimir os protestos contra o
assassinato de George Floyd em 2020, mas os comandantes se opuseram. No ano
seguinte, negaram apoio à tentativa de golpe do então presidente, derrotado nas
urnas. Trump se refere ao aparato de inteligência, defesa e justiça como “o
Estado profundo”, que conspira contra ele e contra o povo, cujos interesses
personifica.
PODER. O republicano pretende entregar o Departamento de
Justiça para Matt Gaetz, que propõe abolir esse ministério e também o FBI, a
ele subordinado, a menos que “se submetam”.
Ao ser indicado por Trump, Gaetz renunciou à cadeira de
deputado, no momento em que a Comissão de Ética da Câmara ia votar se tornava
públicos os resultados de investigações sobre as denúncias contra ele por sexo
com menor e uso de drogas. Gaetz nega as acusações.
Essas nomeações serão submetidas a sabatina no Senado, onde
os republicanos terão maioria. Aparentemente, Trump pretende constranger a
própria bancada a um ato final de submissão, e assim já começar o governo
demonstrando seu poder incontestável.
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