Com os maus ventos da economia, Lula.
preencheu o vazio do período de Festas e o início do recesso com a novidade de
uma reforma ministerial. Como ela acabará, não se sabe, mas começou mal.
Paulo Pimenta, o ministro-chefe da Secom, deverá ser
substituído pelo marqueteiro Sidônio Palmeira. Essa mudança parte da premissa
de que o governo se comunica mal. É uma meia verdade. A outra metade está na
falta de ações e de criatividade que marcaram o Lula 1.0. O pacote de contenção
de gastos foi envenenado por bruxarias da ekipekonômika plantando as virtudes
do confisco de parte do seguro-desemprego, sem ouvir o ministro do Trabalho.
No mundo da comunicação, a única novidade, com que Pimenta
nada teve a ver, foi a constatação de que as fotografias postadas pelo Planalto
sofrem uma discreta manipulação. Com a ajuda de filtros, Lula aparece sempre
corado e fagueiro. Seus visitantes acabam cobertos por uma velatura cinzenta.
Disso resultou que Fernanda
Torres e Chico
Buarque ficaram com uma aura vampiresca. Malvadeza.
Por enquanto, a principal mudança no
ministério não se relaciona com um hierarca que Lula quer tirar, mas com o
ministro da Defesa, José Mucio, que pediu para sair. Mucio e os três
comandantes militares deram a Lula a joia da primeira metade de seu mandato.
Receberam tropas contaminadas pela presunção e pelo golpismo
de um presidente que se julgava dono do “meu Exército”. Longe dos holofotes,
aplainaram arestas e restabeleceram a disciplina. (Faça-se de conta que não
existiu o vídeo impertinente da Marinha, retirado do ar em poucos dias.)
A saída de Pimenta quer dizer pouca coisa, mas o desembarque
de Mucio tem grande significado. Como ele não fala, desconhecem-se as joelhadas
que tomou. Pode-se intuir, contudo, que algumas delas partiram de companheiros
palacianos.
Afora essas duas mudanças, a reforma ministerial de 2025 tem
o contorno das anteriores. Nenhum nome da nova equipe tem a marca do mérito. De
uma forma ou de outra, são figuras abençoadas (ou amaldiçoadas) pelo Centrão.
Fazem parte de um bloco parlamentar para quem um ministério não é importante
pelo que lá se pode fazer. O atrativo é o tamanho do orçamento.
A prova do pudim estará no destino da ministra Nísia
Trindade, da Saúde. Nos últimos dois anos, ela se equilibrou, com uma
equipe parcialmente aparelhada do PT. Um
ministério arruinado por Bolsonaro durante uma pandemia com o general Eduardo
Pazuello e o doutor Marcelo
Queiroga pelo menos saiu das páginas policiais.
A cobiça de parlamentares em cima da Saúde nada tem a ver
com o bem-estar da população. O que eles querem é o orçamento.
Durante o atual governo, o ministério produziu um edital
para a compra urgente de 60 milhões de kits com escovas de dentes (com o
logotipo do programa Brasil Sorridente), dentifrício e fio dental. Coisa de R$
400 milhões. O Tribunal de Contas e o Judiciário suspenderam a gracinha.
Se é para mexer na Saúde (e no seu orçamento), a questão é
saber quem entra. Um gafanhoto petista, que ralou um tempo na cadeia, defendia
a ida do deputado Arthur Lira para
a cadeira. Felizmente, até agora, Lira diz que não pensa nisso.
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