Governo Lula deve ter em março amostra do que esperar das
ações de Trump
O governo Lula (PT) deve ter no início de março uma amostra
do que esperar das ações de Donald Trump para
a América
Latina.
No dia 10 do mês, os países da OEA (Organização
dos Estados Americanos) selecionam um novo secretário-geral para um mandato de
cinco anos. O vencedor substituirá Luis Almagro, uruguaio cuja gestão dividiu
opiniões na entidade por uma postura antichavista que lhe rendeu elogios da
direita e alienou governos de esquerda.
Os americanos sempre mantiveram uma forte influência na OEA
—sediada em Washington— por enxergarem na entidade um mecanismo pelo qual podem
buscar legitimar suas políticas para o continente.
O chanceler do Paraguai,
Rubéns Ramírez, está com a candidatura na rua desde o ano passado e espera
receber a bênção da nova administração dos EUA. Para isso, cortejou Trump em
Mar-a-Lago em novembro e conta com o acesso que seu presidente, Santiago Peña,
tem ao novo chefe da diplomacia americana, Marco Rubio.
Ramírez enfrenta seu homólogo do Suriname,
Albert Ramdin, que montou ao redor de si um sólido apoio dos países da Caricom
(Comunidade do Caribe). Com 14 integrantes na OEA num quórum de 34, um Caribe
unido deixa Ramdin a poucos votos da vitória.
Há ainda a possibilidade de que novos postulantes surjam até
o dia da votação.
Desse cenário surgem algumas perguntas: a equipe de Trump
abraçará a candidatura de Ramírez e desencadeará uma ofensiva contra as
pequenas nações caribenhas para tentar obrigá-las a abandonar o nome do
Suriname? Ou, de forma mais pragmática, evitará um choque direto com os
caribenhos e optará por negociar com Ramdin, dado sua aparente vantagem?
Qualquer que seja a resposta, o Itamaraty analisará
com atenção os movimentos de Washington. O nível de agressividade que os EUA
colocarem na eleição é visto por auxiliares de Lula como termômetro do que
esperar nos dois anos em que o petista terá que lidar com o disruptivo Donald
Trump na Casa Branca.
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