Reforma ministerial começa ao gosto das cozinhas
palacianas: na base da fritura
Com aviso prévio, mas sem direito a inauguração oficial,
a reforma do ministério já começou. E daquele jeito bem
ao gosto das cozinhas palacianas: na base da fritura.
De acordo com a conhecida receita, primeiro o nome do candidato à demissão é
posto em marinada; depois cozido em fogo lento por tempo suficiente à
circulação dos boatos sobre virtuais substitutos até que, torrado e digerido
internamente, o prato é servido ao público no anúncio do felizardo.
Felizarda, no caso da presidente do PT, a deputada Gleisi Hoffmann, cotada para o lugar de Márcio Macêdo (PT) na Secretaria-Geral da Presidência.
Na frigideira em que se encontra Macêdo,
esteve sentado o também petista Paulo Pimenta por semanas a fio enquanto ganhavam
corpo sem desmentidos os rumores sobre a nomeação de Sidônio Palmeira para a chefia da Comunicação.
Nísia Trindade, a titular da pasta da Saúde, nos últimos
dias foi transferida do ministério para a boca mais forte do fogão e ali ficará
até que o presidente Lula (PT)
resolva fazer a gentileza de poupá-la da humilhante exposição à bolsa de
apostas entre o preferido de Fernando Haddad ou o apadrinhado de Rui
Costa.
Evidentemente, não foge a ninguém a percepção de que a chapa quente só queima
correligionários, moradores da casa onde o chefe é Lula a quem não se ousa
contrariar a bem da unidade do partido em momento difícil. É a primeira etapa
da reforma.
Na segunda, o tratamento tende a ser diferente, mais cortês,
porque diz respeito ao jogo de acomodação com os complicados critérios de
assegurar fidelidade de votos no Congresso e construir alianças firmes para 2026.
Entrar na seara das onças do centrão requer prática e habilidade, mas não só.
O presidente da República dispõe dos dois atributos.
Falta-lhe, contudo, o terceiro e crucial fator: um bom índice de aprovação
popular.
Em queda nas pesquisas e sem sinal de que tenha um plano eficaz de recuperação,
não há garantia de nada. No cenário incerto, o ministro de hoje pode vir a ser
o adversário de amanhã.
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