Eduardo Paes imita Pablo Marçal ao planejar visita a Bukele
em El Salvador
Em campanha para o governo do Rio, Eduardo Paes prepara um
novo factoide. Quer ir a El Salvador conhecer a política de segurança de Nayib
Bukele.
No poder desde 2019, o presidente salvadorenho é um
populista de extrema direita que investe na imagem de xerife. A pretexto de
combater o crime, transformou seu pequeno país num Estado policial. A receita
inclui prisões arbitrárias, encarceramento em massa e restrição aos direitos
civis.
Antes de completar um ano no cargo, Bukele invadiu o
Congresso com soldados do Exército. Inconformado com o resultado de uma
votação, chamou os parlamentares de “sem-vergonhas que não querem trabalhar
para o povo”.
Para governar sem freios legais, ele também investiu contra
o Ministério Público e o Judiciário. Numa só tacada, destituiu o
procurador-geral da República e cinco juízes da Suprema Corte. Em sinal de
gratidão, o tribunal o autorizou a disputar outro mandato, apesar de a
Constituição salvadorenha proibir a reeleição. O autocrata venceu no primeiro
turno com 84% dos votos.
A repressão às gangues é a chave da
popularidade de Bukele, que já se descreveu como “o ditador mais legal do
mundo”. Seus maiores trunfos são a redução da taxa de homicídios e a construção
de um megapresídio para 40 mil detentos. Na segunda-feira, ele foi à Casa
Branca, ganhou elogios de Donald Trump e disse governar “o país mais seguro do
Hemisfério Ocidental”.
Para a Anistia Internacional, a propaganda do salvadorenho
esconde um “padrão sistemático e generalizado de abuso”, que resultou em
“milhares de detenções arbitrárias, na adoção de uma política de tortura e em
centenas de mortes sob custódia estatal”.
A ideia de Paes já foi testada por aqui. Em 2024, Pablo Marçal voou para El Salvador na reta final da campanha paulistana. O coach gravou vídeo em frente ao palácio presidencial, mas não conseguiu a selfie com Bukele nem a vaga no segundo turno.
O prefeito do Rio não precisa ir tão longe para ouvir uma apologia ao bangue-bangue. Basta passar no Grajaú, onde vive um ex-juiz que prometia acabar com o crime à base do “tiro na cabecinha”. Paes deve se lembrar do personagem. Foi derrotado por ele na última tentativa de virar governador.


Nenhum comentário:
Postar um comentário