O Ministério da Educação divulgou a lista de ofertas de 211
mil bolsas de estudo do Prouni em faculdades particulares. Encabeçam a relação
os cursos de Administração (13,8 mil vagas), Direito (13,2 mil), Pedagogia
(11,3 mil) e Educação Física (9 mil).
Atrás vêm 8,2 mil bolsas para estudantes de Análise e
Desenvolvimento de Sistemas e Engenharia Civil (8,6 mil). Disso resulta que
algum dia o ProUni terá produzido 22 mil advogados ou professores de Educação
Física e 16,8 mil engenheiros civis e desenvolvedores de sistemas. Tudo bem
para quem sonha com um país de gente litigante e musculosa.
O Censo de 2022 mostrou que o Brasil tinha 2,5 milhões de
advogados para 518 mil engenheiros. A China tem 6,7 milhões de estudantes de
Engenharia, número superior aos quatro milhões de brasileiros matriculados em
toda a sua rede de ensino superior, pública e privada.
O Prouni é uma das joias da coroa do
governo Lula 1.0
e, em 20 anos, beneficiou 3,4 milhões de estudantes. Ele se compara, em ponto
menor e com critérios diferentes, à legislação GI Bill do presidente Franklin
Roosevelt. Essa iniciativa bancou as matrículas em universidades dos soldados
que serviram na Segunda Guerra Mundial. Beneficiou 25 milhões de jovens, entre
os quais dois futuros presidentes (Gerald Ford e George Bush I). Deveu-se à GI
Bill o surgimento de uma poderosa classe média nos Estados Unidos.
Quando a GI Bill começava a dar seus frutos, o presidente
Getulio Vargas criou em 1950 o Instituto Tecnológico da Aeronáutica, o ITA. Era
um tempo de sonhos, e esse era o projeto do brigadeiro Casimiro Montenegro. O
ITA produziu gerações de engenheiros, a Embraer e o polo industrial de São José
dos Campos.
Felizmente, Lula 3.0 criou um campus do ITA em Fortaleza,
mas os números dos cursos de Engenharia do Brasil apontam para um país que
marcha em direção ao atraso. Ninguém pode obrigar um jovem a ser engenheiro ou
a entrar no mundo da computação, mas é possível incentivá-lo. Nesse aspecto, o
governo faz menos do que é preciso e a iniciativa privada pouco faz.
Deixando-se de lado a China que a cada dia faz mais, os Estados Unidos viraram
um colosso porque, entre outras coisas, no século XIX, seus empresários criaram
institutos de tecnologia na Califórnia e em Massachusetts.
Trump saiu do teatro
No início de junho, de caso pensado ou não, o presidente
americano Donald Trump pôs sua marca na diplomacia internacional. Abruptamente,
ele deixou a reunião dos chefes de Estado do G-7, no Canadá, e voltou para
Washington, onde precisava cuidar da vida.
O G-7 reúne Estados Unidos, Inglaterra, França, Alemanha,
Itália, Japão e a União Europeia. Suas reuniões ecoam as conferências de Yalta
e Potsdam, de 1945, quando os Três Grandes — Franklin Roosevelt (EUA), Winston
Churchill (Inglaterra) e Stalin (União Soviética) — redesenharam o mapa da
Europa.
Passou o tempo, os Três são sete e as reuniões de chefes de
Estado viraram arroz de festa, dando aos governantes agendas irrelevantes,
jantares e fotografias. Pior: aqui e ali realizam-se reuniões da cúpula disso
ou daquilo.
Na semana passada reuniram-se em Buenos Aires os chefes de
Estado do Mercosul. Mal ela terminou, começou no Rio a reunião de cúpula dos
Brics. Deveria reunir os chefes de Estado de 28 países, entre os quais estariam
a China, Rússia, Egito, México e Turquia. Os governantes desses países e mais
uns dez anunciaram que não viriam à reunião. Como Trump, ele têm mais o que
fazer.
O teatrinho das reuniões de cúpula pode estar ainda na moda.
Os golpistas no plenário do STF
Pelo andar da carruagem, o ministro Alexandre
de Moraes poderá dar um jeito para que as condenações dos envolvidos
pela trama golpista de 2022/23 acabem confirmadas pelo plenário do Supremo
Tribunal Federal.
Na Primeira Turma, onde votam cinco ministros, a descida da
lâmina é coisa certa. Para não ficar dúvida, o caso irá ao pleno, com seus 11
votos.
Reação jeca
Lula 3.0 reagiu a um artigo da revista The Economist com uma
carta do chanceler Mauro Vieira falando bem de Lula, na qual afirmou que sua
“autoridade moral” é “indiscutível”. Indiscutível não é, tanto que a revista
discutiu-a.
Cartas desse tipo são coisas de jecas e quase sempre
sopradas pelo Palácio do Planalto, afagando o ego dos presidentes. (Uma seleta
das cartas de chanceleres e embaixadores brasileiros defendendo a ditadura
fazem vergonha ao Itamaraty.)
A reação epistolar mostra que Lula 3.0 acalmou-se em relação
ao Lula 1.0. Em 2004 ele reagiu a um artigo do correspondente do New York Times
Larry Rohter cancelando seu visto de permanência no Brasil.
Salvou-o do vexame o ministro Márcio Thomaz Bastos, que
estava na Suíça e apagou o incêndio ao retornar a Brasília.
O patrono das fake news
Enquanto o Brasil procura um caminho para controlar a
circulação de notícias falsas nas redes, um curioso listou a relação de
Pindorama com a propagação de fake news.
O Brasil fica na América, continente batizado por um
cartógrafo alemão em homenagem ao Américo Vespúcio. Como se sabe, quem primeiro
chegou ao Novo Mundo foi Cristóvão Colombo, em 1492. Vespúcio só passou por
aqui nove anos depois. Enquanto Colombo acreditava que tinha chegado à Índia,
ele percebeu a massa continental da América do Sul.
Vespúcio esbaldou-se com a narrativa de suas passagens pela
chamada Terra dos Papagaios, a partir de 1501. Descreveu a costa do Brasil em
cartas que viraram um livro, o “Mundus novus”, traduzido em pelo menos sete
idiomas com cerca de 60 edições. Inventou (ou alguém inventou em seu nome) que
viu leões, ursos e gigantes. Disse que por aqui as pessoas viviam até 150 anos.
Naquele paraíso terrestre do navegador florentino, os
nativos “não fazem nenhuma troca ou comércio para comprar ou vender,
bastando-lhes o que a natureza oferece: desprezam ouro, pedras preciosas, joias
que na Europa consideramos riquezas.”
Bacellar tem pressa
Pelos seus planos, o governador do Rio, Cláudio Castro,
deixa o Palácio Guanabara, candidatando-se ao Senado, entre fevereiro de março
de 2026.
Pelos planos de seu substituto, o deputado Rodrigo Bacellar,
presidente da Assembleia, ele deverá renunciar em dezembro.
Bacellar é uma das vigas mestras de Jair
Bolsonaro na política fluminense.
Orçamento militar
Durante a campanha eleitoral, Lula prometia aos militares
uma política de investimentos nas três Forças e de dinamização da conturbada
indústria de defesa nacional. Passaram-se mais de dois anos e as restrições
orçamentárias deixaram as promessas no papel.
Os militares aceitam viver com pouco dinheiro, mas seus
brios profissionais são feridos quando congelam-se iniciativas modernizadoras
para seu reequipamento.


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