Fortalecimento do sistema democrático implica a defesa
dos interesses do povo, o que faz da democracia algo incompatível com o racismo
Neste ano, o STF reconheceu que existe uma violação
sistemática dos direitos fundamentais da população negra no Brasil
Para um ano que começou com um prefeito reeleito
democraticamente discursando em favor da "liberdade de expressão em defesa
da ditadura militar" durante a posse,
2025 termina com saldo positivo em termos de defesa da democracia no Brasil.
A resposta
tenaz à "Intentona Bolsonarista" –com a condenação à prisão
de 29 dos 31 acusados na trama
golpista– demonstra prevalência do respeito à Constituição.
Contudo, é importante lembrar que o
fortalecimento do sistema democrático implica a defesa dos interesses do povo,
o que faz da democracia
algo incompatível com o racismo –em especial num país de maioria negra
(56%) como é o Brasil. Nesse sentido, houve avanços que merecem registro, como
a ampliação (para 30%) das vagas para negros, indígenas e quilombolas em
concursos públicos.
Destaco também a demarcação de territórios quilombolas e a
criação de um fundo destinado à reparação econômica e promoção da igualdade
racial (ainda em tramitação, mas já aprovada em comissão do Congresso). Além
disso, movimentos sociais negros apresentaram uma "Agenda
Legislativa" com o objetivo de transformar reivindicações históricas em
políticas públicas e marcos legais.
Mulheres
negras colocaram 300 mil pessoas nas ruas de Brasília na Marcha por
Reparação e Bem-Viver. A primeira mulher negra foi
empossada na Academia Brasileira de Letras em 128 anos de existência
da instituição fundada por Machado de Assis, um preto. E a literatura
negra despontou como campeã de vendas e de procura em bibliotecas,
impulsionando o debate sobre a questão racial.
Para completar, o STF reconheceu
a existência do racismo
estrutural no país, pondo uma pá de cal no mito da democracia racial
ao concordar que há a violação sistemática dos direitos fundamentais da
população negra no Brasil.
Mas não dá para soltar fogos de artifício, pois as
conquistas contrastam com um cenário de recrudescimento da violência por
motivação étnico-racial e retrocessos pontuais em ações afirmativas. É preciso
estar atento e forte.


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