Chegamos à metade dos tais cem dias de lua de mel do
governo. Teve de tudo: Davos, caso Queiroz/ Flávio, cirurgia, Brumadinho,
pacote penal, circo no Senado, incêndio no CT do Flamengo, laranjal no PSL
desmentido, fritura. E o país, como na canção: vivendo e aprendendo a jogar.
Estamos todos aprendizes. Eles, a governar. Nós, a sermos
governados por algo diferente. Com a perspectiva de um Estado menor. Um
ministério com menos sindicalistas e mais militares. Situando-nos em outro
mapa. Alguns, a desconfiar que talvez exista um caminho liberal, diverso do
ideal socialista da esquerda e do autoritarismo da direita. Talvez, abandonar
rótulos e ofensas da história recente e reconhecer que andamos chamando o
centro de direita, que FH é diferente de Bolsonaro, Tony Blair não era
Thatcher, Clinton não era Trump, Macron não é Le Pen. E, a partir daí, examinar
o que estamos vivendo.
Por um lado, há recuos sensatos. Declarações atabalhoadas
dão espaço a teleprompter e porta-voz. Já o Twitter…
Nas relações exteriores, a realidade mostra os riscos de
bravatas. A ambiguidade em relação à intervenção militar na Venezuela periga
ter consequências nefastas. Restrições árabes às exportações brasileiras
ensinam a ir devagar com o andor a caminho de Jerusalém.
Por aqui, Brumadinho e os efeitos do temporal no Rio provam
que cuidado com meio ambiente é coisa séria, vai muito além de retórica ou
indústria de multa. Também a tragédia no Ninho do Urubu reforça o dever e a responsabilidade
de prevenção, manutenção, fiscalização.
Num governo com reduzida base de apoio no Congresso, as
redes sociais entram em campo. Senadores fotografam e postam seus votos — que o
STF, cumprindo a lei derretida, determinara que fossem secretos. Dão uma surra
nos velhos caciques. Algo diferente de ganhar no grito e na manobra.
Aprende-se na marra. Com direito a reviravoltas nascidas de
palpites do que está sendo chamado de núcleo biruta. Indo para onde?
Que outras batatas estarão assando nesse forno?
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