Vagabundo, imbecil, putinha, putaria, idiota comedor de
alfafa, bostas goeludos, porca, canalha, boçal, partido de pirocas.
O latim de Carlos Bolsonaro é vasto e crescente. Segundo
filho do primeiro casamento do presidente, vereador mais jovem da história do
país, reeleito para o quinto mandato, nome mais votado para o cargo no Rio
(sendo o único a ultrapassar a marca de 100 mil votos), ele agora está
licenciado de fazer o que já não vinha fazendo: verear.
Ocupa-se de exibir dotes vocabulares no Twitter, não
necessariamente apenas na conta pessoal. Não são palavras ao vento, nem nunca
foram. Quem um dia achou que o governo Bolsonaro não tinha estratégia já está a
rever sua crença.
Construída por Carlos Bolsonaro, a comunicação presidencial
é uma área que vai incrivelmente bem se comparada às lambanças Esplanada afora.
Caso a régua de eficácia seja o objetivo direto dela, o que o 02 tem conseguido
até agora deve ser definido como um grande sucesso.
O que ele procura é ocupar o espaço e interditar qualquer
debate que não lhe interesse. Deixar a oposição sem chão. Testar águas e mandar
recados a um custo mais baixo do que o da tinta da caneta presidencial.
Para isso, modula o tom de modo a recuperar a atenção quando
percebe que o truque está a ponto de se esgotar. Como acaba de fazer no desfile
de 7 de Setembro. Reapareceu ao lado do pai dois dias antes de abrir fogo
contra as vias democráticas.
Mobilizou assim ministros do STF e
a cúpula do Congresso e
ocupou manchetes dos jornais.
O pequeno príncipe de Exupéry transmitia ensinamentos
desenhando uma jiboia comendo um elefante —os adultos pensavam que se
tratasse de um chapéu. Carlos Bolsonaro é apenas um vereador do Rio que
diz não ter ambição de poder. Ele se atrapalha com a conjugação verbal, mas
também deixa sua lição: “Nunca esqueçamos que diâmetro e profundidade só é
critério de competência para alguns”.
Roberto Dias
Secretário de Redação da
Folha.


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