Caso do porteiro deve ampliar influência de Carlos Bolsonaro
no poder
A tensão provocada por episódios como o depoimento do
porteiro do condomínio de Jair Bolsonaro tem potencial para mexer nas relações
do centro do poder. O papel dos atores políticos no caso deverá ter efeitos na
balança de influências do entorno do presidente.
Alguns personagens saem fortalecidos. Um deles é Carlos
Bolsonaro. Foi o vereador carioca quem divulgou uma peça-chave para rebater
publicamente uma informação dada pelo funcionário, que vincularia o pai a
criminosos que mataram Marielle Franco em 2018.
Depois que o Ministério Público apontou a contradição no
depoimento, Carlos escreveu: “Sou seu soldado há quase 20 anos e isso não vai
mudar, independentemente do que vier. Estou preparado!”.
Embora Carlos goze de uma influência sobre o governo inédita
para um filho de presidente, o próprio Jair o havia desautorizado duas vezes
nos últimos dias. Apagou uma publicação que criticava a possível revisão das
prisões em segunda instância e outra que comparava o STF a uma hiena a acossar
o presidente.
Não será surpresa se Carlos enfrentar menos restrições a
partir de agora. “Outras calúnias virão e estarei aqui”, publicou o filho do
presidente. O resultado seria um avanço da radicalização do governo, defendida
pela chamada ala ideológica do Planalto –alimentando, inclusive, novos embates
com outros Poderes.
O jogo também muda para um agente em especial: Augusto Aras.
A presteza com que o procurador-geral anunciou que a menção a Bolsonaro havia
sido arquivada pelo Ministério Público e não passava de um “factoide” tende a
reforçar suas conexões com o presidente.
O trabalho de Sergio Moro também não passou despercebido.
Políticos e integrantes de tribunais superiores observaram que o ministro
demonstrou alinhamento incomum ao presidente em seu pedido de abertura de investigação
sobre o depoimento do porteiro. Resta saber se Bolsonaro vai retribuir e
aumentar o prestígio do desgastado auxiliar.
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